Elon Musk pode finalmente comprar o Twitter pelo preço combinado

Musk propõe cumprir o acordo inicial e pagar US$ 44 bilhões pela empresa; batalha nos tribunais está marcada para 17 de outubro

Giovanni Santa Rosa
Twitter

Em mais uma reviravolta, Elon Musk pode fechar a compra do Twitter pelo preço inicialmente combinado. A proposta teria sido feita em uma carta confidencial. A decisão vem após a empresa processar o bilionário — Musk e o Twitter se enfrentariam nos tribunais a partir de 17 de outubro.

Ainda não se sabe se o Twitter vai aceitar a compra ou se vai considerar que a proposta é apenas uma estratégia de Musk para interromper o processo contra ele. O acordo previa o pagamento de US$ 54,20 por ação, totalizando US$ 44 bilhões.

A informação foi obtida pela Bloomberg com pessoas próximas da negociação, que pediram para que suas identidades não fossem reveladas. Nem Twitter, nem Musk quiseram comentar o assunto.

A negociação começou em março, quando veio à tona a informação de que Musk comprou cerca de 9% das ações do Twitter. O bilionário recusou uma cadeira no conselho da empresa e revelou planos de tomar o controle da rede social.

Logo em seguida, ele fez a proposta de US$ 44 bilhões, e o conselho do Twitter aceitou. A partir daí, começaram os desentendimentos.

Compra do Twitter tem acusações e processo

Musk questionou os números de contas automáticas e de spam apresentados pela rede social. O empresário alega que há muito mais bots do que o Twitter admite, o que colocaria em risco os negócios da plataforma a longo prazo.

Como o bilionário não quis mais concluir a compra, o Twitter entrou na Justiça para forçá-lo a cumprir o combinado.

Musk, por outro lado, passou a usar o depoimento de um ex-funcionário da companhia para mostrar que há mais problemas do que o imaginado.

Peiter “Mudge” Zatko, ex-chefe de segurança do Twitter, alegou que as práticas da empresa em assuntos como segurança, desinformação e bots estão longe de ser as melhores possíveis.

Em um dos desdobramentos mais recentes, a venda do Twitter para Musk por US$ 44 bilhões foi aprovada pelos acionistas da empresa em 13 de setembro — mesmo com o empresário saindo do acordo.

Processo não corria bem para Musk

Por que Musk decidiu comprar o Twitter depois de tanta briga? Uma das hipóteses é que ele provavelmente perderia o processo. Alguns sinais apontavam para isso.

No fim de setembro, os papéis se inverteram, e foi a vez de o Twitter acusar Musk de esconder as informações sobre bots. Os advogados da empresa apresentaram estudos de duas consultorias contratadas pelo empreendedor e disseram que nenhuma delas deu embasamento às acusações.

Outro sinal surgiu nesta terça-feira (4) mesmo e envolve Zatko. Ele fez acusações públicas contra o Twitter em agosto e negou contato com Musk. No entanto, Alex Spiro, um dos advogados do empresário, recebeu um e-mail de uma conta anônima do ProtonMail em maio.

A mensagem era de alguém que alegava ser ex-executivo do Twitter nas áreas de segurança, privacidade e moderação de conteúdo. Esta pessoa oferecia informações para Musk via outros canais. As negociações pararam em maio mesmo.

Twitter e Musk estavam discutindo no tribunal sobre este e-mail. A empresa queria poder vasculhar mais e-mails, mensagens de texto e documentos; a equipe do empreendedor dizia que o acesso a e-mails era suficiente.

A juíza do caso, Kathaleen McCormick, deu razão ao Twitter, dizendo que o depoimento de Zatko não teve sua credibilidade avaliada. Ela também levantou questionamentos sobre as afirmações dos advogados de Musk, incluindo se eles tinham investigado a identidade por trás do e-mail anônimo.

Por fim, McCormick decidiu por um “meio-termo” e autorizou o Twitter a solicitar arquivos e comunicações de algumas pessoas envolvidas no caso, além de fazer uma busca de até 15 termos.

Com informações: The New York Times, Bloomberg, The Verge.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.