Em retaliação a projeto de lei, Facebook ameaça banir links de notícias

Rede social é contra projeto de lei que tramita na câmara dos EUA; Facebook fez a mesma ameaça quando Canada e Austrália aprovaram projeto similar

Felipe Freitas
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Mark Zuckerberg (imagem: Reprodução/Facebook)
Mark Zuckerberg (imagem: Reprodução/Facebook)

Quando a banda Split Enz disse “a história nunca se repete”, claramente eles se precipitaram. Um dos exemplos é o Facebook novamente ameaçando banir os links de notícias se tiver que pagar aos veículos de notícia. Dessa vez, a ameaça é contra um projeto de lei que tramita nos Estados Unidos.

A mesma ameaça foi feita em 2021 e ainda neste ano, quando PLs similares foram propostos na Austrália e no Canadá, respectivamente. O projeto batizado de preservação e competição do jornalismo é apoiado pelos partidos Republicano e Democrata.

Facebook considera que só os veículos se beneficiam

No comunicado divulgado no Twitter, Andy Stone, da comunicação da Meta, afirma que somente os veículos de notícia se beneficiam do conteúdo compartilhado na plataforma.

No texto, a Meta diz que o projeto ignora os pagamentos já existentes entre a rede social e veículos, incluindo assinaturas. O comunicado também acusa o governo de criar um “cartel” (lembrando que a Meta é dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) no qual uma empresa privada teria que subsidiar outras companhias privadas — seria Mark Zuckerberg o Pablo Escobar da Meta?

O Facebook é responsável por quase 12% do tráfego que sites recebem. Em outras palavras, a cada 100 acessos a algum conteúdo, 12 vieram pelo Facebook. O segundo colocado é o Twitter, com 0,82%. 

Mas o Facebook não é vítima no caso. A história de que ela não se beneficia com os conteúdos noticiosos é “balela”. O usuário que segue ou curte diversos veículos de notícia pode passar mais tempo nas redes sociais, já que o Facebook/Instagram pode funcionar como um “agregador de conteúdo”. Sem falar no tempo perdido com brigas em comentários de notícias.

Esses hábitos de uso são dados que Zuckerberg apresenta para investidores, justificando que, apesar da queda de receita e gastos com metaverso, o tempo de uso nas redes sociais está alto. E outra, nem dá para garantir que todas as pessoas cliquem para ler o conteúdo. 

Facebook usa tática velha, mas que foi eficaz

(Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Facebook (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A estratégia da rede social pode ser repetida, mas deu certo na Austrália. Alguns veículos batizaram a tática do Facebook de “terra arrasada”, quando um exército em retirada destrói tudo que pode ser útil para o inimigo. Na verdade, o que a Meta faz, de onde eu venho, se chama chantagem — “criança birrenta” também vale.

A rede social de fato baniu as notícias na Austrália, antes mesmo da aprovação da lei. O Facebook utilizou um algoritmo para bloquear qualquer conteúdo com mais de 60% de notícias, ao invés de banir apenas os veículos de notícia cadastrados em seu sistema. 

O algoritmo bloqueou até mesmo a divulgação de links informativos de órgãos públicos do país, incluindo de serviços de saúde. O governo australiano caiu na chantagem e alterou a lei para agradar a Meta. Agora, os veículos de notícia e as redes sociais têm dois meses para negociar os valores.

No Canadá, a chantagem não está colando. Em outubro, em uma sessão de debate sobre o projeto de lei do país, a Meta teve que ouvir de um dos deputados as acusações de um delator, em entrevista ao Washington Post, de que a empresa atuou para intimidar o governo australiano.

Com informações: The Verge, The Guardian e The Atlantic

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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