Mega se irrita com inclusão em lista de serviços piratas da União Europeia

Herdeiro do lendário Megaupload é serviço legalizado de armazenamento em nuvem e conta com política antipirataria

Felipe Freitas
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(Imagem: Victor Padua/Tecnoblog)
Mega é incluída em lista antipirataria da União Europeia (Imagem: Victor Padua/Tecnoblog)

A Mega, empresa de armazenamento em nuvem que é sucessor do Megaupload, foi incluído na lista de observação de pirataria da União Europeia (UE). Entretanto, a empresa afirma que a medida da UE é ilegítima e ignora o trabalho antipirataria da Mega. A lista da UE serve para informar quais sites podem ser “problemáticos”, sem nenhuma decisão punitiva.

Ainda assim, estar presente na lista é algo negativo para uma empresa que busca se separar do seu criador — seja o velho site Megaupload ou Kim Dotcom, fundador do baixador de arquivos derrubado em 2012. A UE incluiu o Mega na lista por causa de possíveis violações de direitos autorais musicais. 

Megaupload é o baralho, meu nome agora é Mega

Em Cidade de Deus, o personagem Zé Pequeno muda de nome após um pai de santo dizer que Dadinho, seu primeiro “apelido”, já estava crescido. No caso da Mega, a mudança de nome também envolve o seu crescimento.

Em 2012, o Megaupload foi fechado após uma operação da justiça americana. Um ano depois, o site ressurgiu com o nome Mega, adotando uma proposta mais “law friendly” de serviço de armazenamento em nuvem e em conformidade com as leis de direitos autorais — Kim Dotcom não está mais envolvido com o Mega. 

O serviço possui em seu site uma página sobre a sua política de transparência e proteção de direitos autorais. De acordo com o próprio Mega, mais de 1,7 milhão de arquivos foram excluídos por violação dessas políticas até setembro deste ano — o equivalente a 0,001%

Porém, a UE não está muito confiante sobre isso. Na lista de observação, o órgão europeu utilizou como argumentos para que o Mega fosse incluído o fato de que não há filtros para o upload de arquivos e uma decisão da justiça russa que bloqueou o site no país.

O caso do filtro é fácil de exemplificar. Diversos serviços populares de armazenamento em nuvem utilizam IA para identificar se você está subindo um conteúdo ilegal, como material de abuso infantil. Por mais que o Mega afirma que combate esse tipo de crime, o filtro é útil para evitar que o conteúdo seja compartilhado. 

No caso do problema do Mega com a Rússia, o serviço é acusado de violar direitos autorais de músicas. No país, as empresas provedoras de internet foram obrigadas a bloquear o Mega permanentemente. A decisão foi proferida em janeiro deste ano.

(Imagem: Victor Padua/Tecnoblog)
(Imagem: Victor Padua/Tecnoblog)

Mega se defende: caso na Rússia foi resolvido

A Mega não ficou nada feliz em ser listada ao lado do Pirate Bay e outros sites populares de pirataria. “Infelizmente, a Comissão [Europeia] nunca entrou em contato com a Mega para uma explicação ou comentário, então eles não compreenderam a Mega e desvirtuar nossas operações. A Mega não teve a oportunidade de corrigir os erros deles.”, disse Stephen Hall, CEO da Mega, para o Torrent Freak.

Sobre a decisão judicial na Rússia, a Mega se defendeu afirmando que a decisão foi revertida após recorrerem na corte russa. A empresa revelou que a sentença foi aplicada sem nunca ter sido ouvida. Hall ainda informou que os links com músicas de propriedade da Universal Music foram imediatamente desativados, logo que as violações foram reportadas.

Por mais que a empresa esteja andando na linha, o passado de Megaupload e com Kim Dotcom continua difícil de apagar. Em janeiro, a Mega fará 10 anos de fundação. Com essa introdução na lista de observação de pirataria da UE, a empresa deverá adotar medidas mais firmes contra piratarias — agora ela possui clientes, planos empresariais e deve lucrar bem mais que nos tempos de Megaupload.

Com informações: Torrent Freak

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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