Apple propõe sistema de anúncios online que coíbe rastreamento
Ideia é reforçar privacidade do usuário impedindo uso excessivo de rastreadores de anúncios
Ideia é reforçar privacidade do usuário impedindo uso excessivo de rastreadores de anúncios
A Apple vem defendendo há tempos o discurso da privacidade e, como que para mostrar que leva o assunto bastante a sério, anunciou um mecanismo que visa coibir o rastreamento de anúncios e, ao mesmo tempo, manter a publicidade online viável: o Privacy Preserving Ad Click Attribution.
O nome não é dos mais amigáveis, mas não é difícil entender a proposta: a premissa básica é a de que as redes de anúncios identifiquem quando e onde uma ação — como uma compra em uma loja online — foi realizada, mas não por quem.
Hoje, essas redes funcionam assim, basicamente: ao buscar um produto na web e clicar em um anúncio, cada ação realizada por você no site de destino é acompanhada por uma pixel de rastreamento (normalmente, uma imagem em tamanho de 1×1 pixel) que informa à plataforma de anúncios (e, eventualmente, a outros sistemas) todos os seus passos.
A combinação dessas informações com cookies permite à loja saber qual o caminho que você percorreu até comprar um produto, realizar campanhas de e-mail marketing personalizadas com base nos itens que você visualizou, oferecer promoções baseadas em histórico de acessos (mesmo que de outras lojas) e por aí vai.
Esses sistemas são bem aceitos porque geram resultados. A contrapartida é a sua privacidade: o uso de pixels de rastreamento e cookies possibilita às lojas e plataformas de anúncios criar perfis de usuários ou clientes em potencial com base em interesses, hábitos de consumo, geolocalização, entre outros parâmetros.
Muitas vezes, o nível de rastreamento é tão profundo que o usuário, após pesquisar por um produto, acaba recebendo um e-mail ou mensagem via WhatsApp com ofertas sobre o item pesquisado de lojas em que ele não tem cadastro ou fez login.
A defesa dos usuários contra esse tipo de rastreamento tem sido o uso de bloqueadores de anúncios. A Apple propõe um ecossistema mais equilibrado para evitar medidas tão drásticas.
Com o Privacy Preserving Ad Click Attribution, o usuário não poderá ser identificado com base nos cliques em anúncios e ações, o que significa que o alcance de pixels de rastreamento e mecanismos similares será mitigado.
Além disso, a mensuração de desempenho de anúncios poderá ser feita apenas pelos sites ou plataformas que o usuário acessou, de modo que terceiros não possam saber quando e em que páginas determinadas publicidades foram clicadas, por exemplo.
Para evitar que as ações do usuário sejam acompanhadas praticamente em tempo real, o navegador terá ainda que atrasar entre 24 e 48 horas o envio de informações referentes a clique e conversões. Ainda será possível limitar a quantidade de informações que os anunciantes poderão receber.
Esses são apenas os principais pontos propostos. A intenção da Apple é ativar esse sistema no Safari ainda em 2019, o que deve tornar as condições mais claras. O problema é que, para funcionar, essa ideia precisa contar com adesão de outras organizações. Por esse motivo, a companhia propôs à World Wide Web Consortium (W3C) transformar esse sistema em padrão.
É cedo para sabermos se a ideia vingará, mas como o Privacy Preserving Ad Click Attribution restringe consideravelmente o poder de rastreamento de plataformas de anúncios, pode apostar que a Apple encontrará resistência.
Com informações: TechCrunch.