A proibição de bagagens com baterias em voos de centenas de companhias aéreas fez a sua primeira vítima: a Bluesmart, a mais conhecida fabricante de malas inteligentes do mundo, fechou as portas. Os ativos restantes da companhia foram vendidos à Travelpro, fabricante de bagagens convencionais.

Parecia um negócio promissor. As malas inteligentes são chamadas assim por contarem com tecnologias que previvem perda ou furto. Muitas delas possuem GPS para rastreamento em tempo real e trava eletrônica. Outras são motorizadas e seguem o dono por todo o aeroporto. Vários modelos têm porta USB para recarga de celular. Algumas malas podem até alertar sobre peso excedido.

Bluesmart

Obviamente, essas malas precisam de bateria para funcionar. É aí que o problema começa: várias companhias aéreas, principalmente dos Estados Unidos, passaram a restringir o embarque desse tipo de bagagem alegando temor de que as baterias possam explodir durante os voos.

Depois de uma recomendação da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês), mais de 280 companhias aéreas de todo o mundo começaram, no início de 2018, a proibir a entrada de malas inteligentes nas aeronaves, exceto se elas tiverem a bateria removida. O componente deve então ser levado na bagagem de mão.

Muitas companhias aéreas até permitem que a bateria permaneça instalada, mas só em caso de bagagem de mão. Além disso, o equipamento tem que ficar desligado durante o voo. De modo geral, a mala não pode ser transportada se não tiver bateria removível, mesmo se estiver na cabine.

De acordo com a Bluesmart, as restrições a colocaram em uma situação financeira complicada. A companhia decidiu, portanto, encerrar as operações e vender a sua tecnologia, designs e marca à Travelpro. A empresa já não oferece suporte ou garantia aos produtos.

Mala Bluesmart

O principal problema é a proibição de malas com bateria não removível. Fundada em 2014 por um grupo de argentinos, a companhia se tornou conhecida após uma campanha de crowdfunding para uma mala inteligente. Diante do sucesso da primeira geração, a Bluesmart preparou a segunda. Porém, nenhuma delas permite remoção da bateria, não de maneira prática.

Tomás Pierucci, um dos fundadores da Bluesmart, disse ao jornal La Nacion que as malas foram desenvolvidas seguindo normas da IATA e da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), mas que as regras mudaram no meio do caminho, deixando a empresa em situação delicada.

A Bluesmart chegou a realizar reuniões com companhias aéreas para demonstrar a segurança de suas malas, mas nem isso adiantou.

Com informações: Forbes.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.