CEO do Zoom fala para funcionários pararem de usar o Zoom

Executivo determina dois dias semanais de trabalho presencial e diz que as pessoas são mais criativas quando estão na empresa

Giovanni Santa Rosa
Ícone do aplicativo Zoom no computador
Aplicativo de teleconferências Zoom (Imagem: Lyus Sugiharto/Unsplash)

Eric Yuan, CEO do Zoom, decidiu que alguns funcionários da empresa precisam trabalhar presencialmente duas vezes por semana. O executivo diz que a medida é necessária para a confiança e a inovação, já que, para ele, as discussões por vídeo não são tão produtivas.

A obrigação de trabalho presencial duas vezes por semana vale para todos os usuários que moram a 80 km de um escritório do Zoom.

Yuan diz que, no trabalho remoto, os funcionários não podem se conhecer direito, o que afeta a confiança — que, segundo ele, é a base de tudo. Além disso, a presença ajudaria a criatividade.

O executivo foi um pouco além: disse que a inovação não é possível ao usar o produto da própria empresa.

O motivo? Todo mundo é muito “amigável” por vídeo.

“Frequentemente, vocês trazem grandes ideias, mas quando estamos todos no [aplicativo] Zoom, fica muito difícil”, comentou em uma reunião interna.

“Não dá para ter uma grande conversa”, continuou Yuan. “Não conseguimos discutir direito uns com os outros, porque todo mundo tende a ser muito amigável quando você entra em uma chamada do Zoom.”

Zoom cresceu com trabalho remoto na pandemia

O Zoom e outros apps de videoconferência, como o Google Meet e o Microsoft Teams, cresceram muito na pandemia de COVID-19. As medidas de isolamento forçaram o trabalho remoto, e fazer reuniões por vídeo era a única opção.

Alguns números para ilustrar: o Zoom teve uma alta de 169% na receita entre 2019 e 2020, e o uso do Meet no Brasil subiu 275% entre janeiro e abril de 2021.

Com o controle da doença, muitas empresas voltaram ao trabalho presencial ou adotaram um modelo híbrido, com alguns dias por semana no escritório.

Este retorno, porém, enfrenta alguma resistência. A Meta, por exemplo, avisou na última quinta-feira (17) que os funcionários poderão ser demitidos se não forem ao escritório três vezes por semana.

Já a Amazon fala em criar um programa de “demissão voluntária” para quem não quiser voltar ao presencial.

No caso do Zoom, a situação é curiosa. Recentemente, um post viralizou no LinkedIn, fazendo a piada “Por que o Zoom tem escritórios?”.

Agora, com o próprio CEO dizendo que seu produto não serve para debater ideias inovadoras, é bem provável que a brincadeira continue.

Com informações: Business Insider

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.