China promete resposta após proibição à Huawei no 5G do Reino Unido
O governo da China passou uma espécie de recado por um jornal estatal, que defende uma retaliação "pública e dolorosa" ao Reino Unido
O governo da China passou uma espécie de recado por um jornal estatal, que defende uma retaliação "pública e dolorosa" ao Reino Unido
A decisão do Reino Unido de impedir operadoras de usarem equipamentos 5G da Huawei em seu território pode levar a represálias da China, que parece ter passado seu recado por meio do veículo estatal Global Times. Em editorial, o jornal afirmou que o país asiático não pode “permanecer passivo” após a proibição e precisa dar uma resposta “pública e dolorosa”.
“É necessário para a China retaliar contra o Reino Unido, caso contrário, não seríamos vistos como fáceis de intimidar?”, questiona o texto. Na terça-feira (14), o governo britânico anunciou que empresas no país não poderão comprar produtos de infraestrutura móvel de quinta geração da Huawei a partir do final do ano. Os equipamentos que já foram instalados deverão ser removidos até 2027.
O editor do Global Times, Hu Xijin, sugeriu no Twitter, que a situação pode mudar porque a empresa chinesa estaria muito à frente de seus competidores europeus. “O Reino Unido só pode remover completamente a Huawei até 2027, o que indica que é difícil deixar a Huawei. Mas pode haver mudanças antes e depois disso”, publicou.
Huawei can be seen as “Father of 5G”. Its European competitors lag far behind. They can only bring “4.5G”. UK can only completely remove Huawei by 2027, which indicates it’s difficult to leave Huawei. But there could be change before and after that.
— Hu Xijin 胡锡进 (@HuXijin_GT) July 14, 2020
O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que a decisão do governo britânico não considerou a segurança nacional, também apontado pelos Estados Unidos como motivo para impedir a Huawei de fazer negócios com empresas americanas. Para o governo chinês, a proibição no Reino Unido envolveu a politização de questões comerciais e tecnológicas.
O embaixador da China no Reino Unido, Liu Xiaoming, considerou “decepcionante e errada” a proibição de equipamentos 5G da Huawei para as empresas britânicas. “Tornou-se questionável se o Reino Unido pode oferecer um ambiente de negócios aberto, justo e não discriminatório para empresas de outros países”, afirmou.
Disappointing and wrong decision by the UK on #Huawei. It has become questionable whether the UK can provide an open, fair and non-discriminatory business environment for companies from other countries. https://t.co/fp1D9Yn2vt
— 刘晓明Liu Xiaoming (@AmbLiuXiaoMing) July 14, 2020
Em torno da discussão sobre a Huawei, estão as críticas à nova lei de segurança de Hong Kong, em que a China continental terá mais poderes sobre a região. A relação entre os países ficou mais tensa após o Reino Unido demonstrar seu apoio aos manifestantes de Hong Kong. Vale lembrar que o território foi uma colônia britânica até 1997, quando foi devolvido aos chineses.
A proibição contra a Huawei foi comemorada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que afirmou ser responsável pela medida. “Convencemos muitos países e eu próprio fiz isso, na maioria das vezes, a não usar a Huawei porque achamos que é um risco à segurança”, afirmou. “Conversei com muitos países para não usá-los [equipamentos da Huawei]. Se eles querem fazer negócios conosco, não podem usá-los”.