Compras de iPhone e outros itens no exterior terão IOF zero (mas não agora)

Ministério da Economia promete zerar IOF, imposto pago por compras de iPhone e mais produtos no exterior, até 2029; medida foi resposta à convite da OCDE

Pedro Knoth

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu zerar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de produtos como iPhones, componentes de PC gamer e outros dispositivos que costumam ser caros no mercado nacional. A taxa é exigida para compras internacionais com cartão de crédito, débito ou pré-pago. A notícia veio após convite feito para o Brasil entrar na OCDE (Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico).

O convite formal para iniciar negociações em torno da adesão à OCDE foi recebido pelo governo na terça-feira (25). Mas Paulo Guedes se adiantou à solicitação do bloco. O ministro comentou em coletiva, em frente ao Palácio do Planalto, que se comprometeu a zerar o IOF em uma carta enviada na semana passada à organização.

O ministro de Bolsonaro disse que a reforma da lei cambial, aprovada pelo Congresso em 2021, era a última exigência da OCDE para que o país aderisse ao bloco, junto com a suspensão do imposto sobre a conversão de moedas. Guedes disse:

“Aprovada a lei cambial, posso me comprometer com a redução da tributação do IOF e assim fizemos. Mandei uma carta na semana passada. Já mandamos o nosso compromisso de assinar a remoção gradual e desenhada dos IOFs sobre os fluxos internacionais”

Entratanto, o Poder360 afirma que a OCDE, por praxe, não impõe quais impostos devem ser reduzidos por países que recebem o convite para se tornarem membros. Cada país deve tomar suas próprias medidas para alinhar suas políticas aos princípios da organização.

IOF é aplicado em compras e transações internacionais

O IOF é aplicado a quatro tipos de operação no Brasil:

  • Alíquota de 6% sobre operações envolvendo recebimento ou envio de recursos estrangeiros com permanência de até 180 dias
  • Taxa de 6,38% em compras internacionais e transações para o exterior com cartões de crédito, débito e pré-pago;
  • Tarifa de 1,1% em compra de moeda estrangeira ou operações para contas bancárias no exterior;
  • E uma alíquota de 0,38 sobre “outras operações de câmbio”;

O Brasil pretende zerar as quatro alíquotas de IOF gradualmente até 2029, gerando uma renúncia fiscal de R$ 7 bilhões para o governo, prevista para os próximos 7 anos. Guedes explicou que a redução do imposto não deve gerar renúncia fiscal no momento.

Paulo Guedes promete zerar IOF até 2029 (Imagem: Wikimedia Commons)

“Estamos retirando o IOF num prazo confortável para o governo brasileiro e que não vai impactar a questão da renúncia fiscal neste momento”, assegurou Erivaldo Gomes, secretário de Assuntos Econômicos do Ministério da Economia. A pasta espera que o valor arrecadado por meio das transações internacionais “compense a retirada” do imposto.

IOF sobre compra de internacional será zerada até 2028

Conforme o plano do governo federal, a taxa de 6% sobre operações de investimento estrangeiro deve ser zerada ainda em 2022.

Por sua vez, as alíquotas do IOF sobre transações internacionais com cartão e de compra de moeda estrangeira ou transação bancária — ambas as atividades mais voltadas para os consumidores — devem chegar a 0% até 2028.

Vale lembrar que, recentemente, o governo federal alterou o limite de isenção de tarifa de 50% sobre produtos trazidos do exterior. Agora, o brasileiro pode trazer compras de até US$ 999 sem ser tributado pelos agentes da Receita Federal.

A redução do IOF abriria ainda mais opções para usuários que aproveitam ofertas internacionais de lojas como Amazon, AliExpress e Shopee. A medida também reduz o preço na assinatura de plataformas com sede fora do Brasil, como LinkedIn, ou inscrições da Twitch.

A última alíquota do IOF a ser zerada pelo Ministério da Economia será a que está ligada a “outras operações de câmbio 0,38%, que deve acabar apenas em 2029.

Governo pode criar novo imposto no lugar da IOF

Segundo Erivaldo Gomes, a proposta de zerar o IOF tem o objetivo de eliminar os chamados “câmbios múltiplos”, que favorece uma transação financeira em detrimento de outra. De acordo com o executivo do Ministério da Economia, essa prática fiscal é condenada pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) e pela própria OCDE.

Entretanto, a pasta de Paulo Guedes considera criar um novo imposto sobre transações internacionais no futuro, desde que ele seja “linear” e “não discriminatório”. “O entendimento do FMI é que esse imposto sobre o câmbio poderia ser no máximo 2% para que não seja considerado um impeditivo às transações internacionais”, comentou Gomes.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.