Facebook cede, mas apps tentam burlar privacidade no iOS 14
Em e-mail para empresas, Facebook afirmou que, para evitar bloqueio na App Store, não tem opção a não ser seguir regra da Apple
Em e-mail para empresas, Facebook afirmou que, para evitar bloqueio na App Store, não tem opção a não ser seguir regra da Apple
O Facebook voltou a criticar a mudança de privacidade no iOS 14 que força apps a pedirem permissão dos usuários para rastrear a atividade em outros sites e serviços. Mas, enquanto alguns desenvolvedores buscam meios para burlar a regra, a empresa de Mark Zuckerberg garante que vai cumprir a exigência da Apple para evitar um bloqueio na App Store.
Segundo o iMore, a companhia enviou um e-mail para anunciantes em que, mais uma vez, afirma discordar da exigência. O comunicado, porém, indica que não há escolha a não ser seguir o determinado para evitar o bloqueio. Para o Facebook, o banimento na App Store levaria a “maiores danos às empresas e usuários” que dependem de seus serviços.
“Acreditamos que anúncios personalizados e privacidade do usuário podem coexistir”, diz o Facebook no e-mail. A empresa alega ainda que a mudança no iOS 14 beneficiará a Apple, prejudicará anunciantes e causará “implicações contundentes na segmentação, otimização e medição de eficácia de campanhas para empresas que anunciam em dispositivos móveis e na web”.
A nova exigência no iOS 14 vem sendo criticada há meses pelo Facebook. A empresa, que chegou a pagar anúncios em jornais dos EUA para se posicionar contra a Apple, afirma que a mudança poderá derrubar em mais de 50% o faturamento com anúncios fora de sua rede social, isto é, em apps e sites de terceiros.
A Apple pretendia colocar a exigência de privacidade em vigor em setembro de 2020, mas decidiu adiar o prazo para que desenvolvedores tenham mais tempo para se adaptarem. A mudança já aparece na versão beta do iOS 14.4, que deve se tornar estável até fevereiro.
Enquanto o Facebook aceita, ainda que a contragosto, outros aplicativos deverão burlar a nova regra do iOS 14. O Ars Technica informa que, mesmo com risco de serem banidos da App Store, muitos desenvolvedores pretendem usar técnicas para contornar a exigência por entenderem que a maioria dos usuários não autorizará o rastreamento.
Uma das estratégias é conhecida como device fingerprinting e, como o próprio nome indica, envolve a criação de uma espécie de impressão digital do iPhone ou do iPad. Proibida pela App Store, a técnica se baseia em tentar identificar usuários ao coletar conjuntos de dados, incluindo informações sobre software, rede, bateria e configurações de idioma.
Os desenvolvedores também devem usar o e-mail de usuários para manter o rastreamento. Com a técnica, os aplicativos contornariam a limitação da Apple ao compartilhar entre si os dados de quem usa o mesmo e-mail em diferentes serviços. Neste caso, os apps usariam e-mails com hash, isto é, convertidos em uma sequência de letras e números para não ficarem visíveis. A técnica também pode levar ao bloqueio na App Store.