Muito se fala em expansão de fibra óptica para melhorar o acesso à internet, mas pode ser difícil e caro expandir o cabeamento dentro das cidades. O Facebook anunciou uma tecnologia chamada Terragraph, uma alternativa ao 5G para viabilizar banda larga sem-fio com velocidades na casa dos gigabits por segundo.

A solução Terragraph foi desenvolvida pelo Facebook Connectivity, divisão de conectividade da rede social. A intenção da empresa é que o padrão sem-fio seja utilizado conectar residências (última milha), com transmissores instalados nos telhados e capazes de entregar banda larga confiável com alta velocidade.

A tecnologia deve ser uma alternativa ao 5G, que também pode ser utilizado para banda larga fixa residencial (FWA). Uma vantagem é que o Terragraph utiliza a frequência de 60 GHz, também utilizada pelo Wi-Fi 802.11ad e que não requer a compra de licenças de espectro como na quinta geração.

Terragraph alcança velocidades de 1 Gb/s em testes

Em desenvolvimento desde 2015 e anunciado oficialmente em 2016, o Terragraph funcionará como uma rede mesh: uma grande malha de pontos de acesso pode reencaminhar sinal em caso de falhas ou obstrução causada por novos obstáculos. A ideia é que transmissores sejam instalados em edificações nas ruas, como postes de energia ou em semáforos, por exemplo.

O padrão já foi implementado comercialmente por algumas empresas no Alasca, nos Estados Unidos, e em Perth, na Austrália. Com uso do Terragraph, a operadora Alaska Communications conseguiu fornecer velocidades de 1 Gb/s de download e 100 Mb/s de upload para usuários residenciais em Anchorage.

De acordo com o Facebook, cinco fabricantes de equipamentos de rede já possuem equipamentos compatíveis com Terragraph, e mais de 30 mil dispositivos foram fornecidos para provedores e integradores de sistemas.

Será que o Terragraph é ideal para o Brasil?

Note que nenhuma das duas cidades mencionadas pelo Facebook são pequenas: Perth, por exemplo, tem 1,9 milhão de habitantes, enquanto Anchorage é o maior município do Alaska.

Cidades com portes similares no Brasil certamente já possuem grande infraestrutura de banda larga, com soluções relativamente confiáveis e padrões capazes de entregar velocidades na casa de 1 Gb/s, seja através de fibra óptica ou cabos coaxiais.

A grande vantagem no uso de padrões sem-fio está na agilidade e baixo custo de implementação, uma vez que a instalação não demanda todo o trabalho manual para cabeamento das residências. Só que o valor baixo de mão-de-obra no Brasil viabilizou a expansão da fibra óptica de forma bastante agressiva em diversas cidades e suas periferias.

Talvez o Terragraph não seja uma solução que vai revolucionar a internet no Brasil, uma vez que a fibra óptica já está presente nos grandes centros e se expande cada vez mais para o interior. O padrão também não é ideal para conectar locais muito remotos: o uso de um espectro tão alto como 60 GHz exige grandes quantidades de dispositivos mesh, o que acaba inviabilizando a adoção nessas áreas.

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Escrito por

Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.