Experimento do Google cria fotos noturnas incríveis com o smartphone
Você olha pela janela, vê um céu cheio de estrelas e decide fazer uma foto com o celular. Aí você confere o resultado e percebe que apenas alguns mirrados pontinhos brancos apareceram. Quem nunca passou por essa frustração? Mas um experimento do Google mostra que é possível fazer boas fotos noturnas com o smartphone. O único problema é que a técnica necessária para isso deve demorar para chegar até nós.
A lógica é bastante interessante. Com câmeras DSLR, fica mais fácil tirar fotos noturnas com boa qualidade de imagem. Mesmo assim, o fotógrafo precisa fazer vários ajustes, regulando exposição e abertura da lente, por exemplo. De certa forma, a técnica do Google faz algo parecido, só que com a câmera do smartphone.
Florian Kainz, desenvolvedor que faz parte da equipe do Google Daydream, tirou uma foto noturna com uma DSLR e mostrou a colegas de empresa que trabalham com fotografia computacional. Uma dessas pessoas, impressionada com o resultado, desafiou Kainz a fazer uma foto similar, mas usando a câmera de um celular.
Desafio aceito. O projeto começou com o uso do software de câmera do Google Pixel e de aparelhos mais recentes da linha Nexus. Para ser mais preciso, Kainz usou como base o modo HDR+ desse app.
O HDR+, por si só, é capaz de registrar fotos noturnas interessantes. Quando ativado, o modo faz uma sequência de fotos com tempo de exposição curto, aplica algoritmos para reduzir desfocagem e ruído, e depois junta as imagens para gerar uma única foto com mais qualidade.
Mas o HDR+ tem limites. Por isso, Kainz decidiu unir esse modo com o SeeInTheDark (PDF), software criado por Marc Levoy que combina um número maior de fotos e usa mais tempo de exposição. Depois, tudo é mesclado para formar uma só imagem.
Com base no HDR+ e no SeeInTheDark, Kainz criou um aplicativo de câmera para Android que permite controlar parâmetros como exposição, ISO e distância focal. Para testar o app, o desenvolvedor foi à região de Point Reyes, na Califórnia, e registrou 32 fotos sequenciais noturnas com um Nexus 6P deixando a exposição em quatro segundos (o máximo suportado pelo aparelho) e o ISO em 1600.
Em seguida, Kainz fez outras 32 imagens, mas com a lente coberta por uma fita adesiva opaca para, posteriormente, usar as informações extraídas delas para sobrescrever os pontos de granulação da primeira sequência.
Houve uma pequena “trapaça” no passo seguinte: Kainz voltou para o escritório e usou o Photoshop para fazer a mesclagem das imagens registradas com o app. Esse trabalho é muito pesado para ser executado no smartphone (pelo menos com um número tão grande de imagens), razão pela qual ele teve que recorrer ao software da Adobe.
Outros registros foram feitos em condições de baixa luminosidade, mas com ajustes diferentes — um deles teve 64 imagens com exposição de dois segundos e ISO 12800, por exemplo. Os resultados da mesclagem foram surpreendentes em todos os testes, como é possível notar neste álbum. Essencialmente, o segredo está em combinar os ajustes certos com uma sequência considerável de imagens.
A pergunta que todo mundo se faz agora é: teremos algo assim funcionando nos nossos smartphones? Florian Kainz acredita que sim, desde que o software consiga explorar com mais profundidade os recursos da câmera e o hardware dê conta do processamento pesado. É algo que talvez apareça nos topos de linha a serem lançados nos próximos anos.
Mas o desenvolvedor avisa: mesmo o aparelho que atender a esses requisitos precisará ficar apoiado em uma superfície rígida ou em um tripé, do contrário, as imagens ficarão borradas.
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