Google Pixel leva seis anos para vender o mesmo que o iPhone em um mês e meio

Baixo número de vendas do Pixel importa pouco para o Google, que usa aparelho como vitrine de inovações de hardware e software

Giovanni Santa Rosa
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Google Pixel 7, um celular com autofoco híbrido PDAF e LDAF (Imagem: Divulgação/Google)

O Google vai apresentar seu Pixel 7 nesta quinta-feira (6), e por mais que o aparelho sempre chame atenção e traga novidades, ele não é muito relevante em volume. Dados da consultoria IDC mostram que a empresa vendeu menos de 30 milhões de smartphones desde 2016, quando o primeiro modelo foi lançado.

Foram 27,6 milhões de Pixels vendidos, para ser mais preciso. Para colocar este número em perspectiva, o jornalista Vlad Savov, da Bloomberg, lembrou que a Samsung vendeu dez vezes isso apenas em 2021.

Não é uma comparação justa, obviamente. A Samsung está presente em muito mais mercados que o Google no setor de smartphones, incluindo aí o Brasil nesta lista.

Além disso, a marca coreana tem um leque enorme de aparelhos, indo dos mais baratos até os topos de linha. Enquanto isso, o Google coloca dois Pixels na praça por ano e olhe lá.

A comparação com a Apple talvez seja mais razoável, já que ela tem menos modelos e nenhum realmente barato — é um portfólio parecido com o do Google. Mesmo assim, a marca da maçã está presente e muito mais mercados.

Ela vendeu 239 milhões de iPhones em 2021, mais de oito vezes o número de Pixels entregues em seis anos. Em média, são 42 dias para superar todos os aparelhos da linha que o Google vendeu desde o lançamento.

Pixel serve como vitrine e pista de testes para o Google

Em 2016, quando fez sua estreia, o Pixel era visto como um concorrente para o iPhone. Depois de todas as experiências na linha Nexus — que entregava aparelhos com Android puro, desenvolvidos em parceria com fabricantes — era chegada a hora de um smartphone totalmente feito pelo Google, software e hardware.

Ao longo destes anos, o Pixel oscilou bastante, com alguns aparelhos ótimos e outros nem tanto. O que é constante, porém, é que ele sempre é o primeiro a receber as últimas invenções do Google.

O primeiro Google Pixel, de 2016
O primeiro Google Pixel, de 2016 (Imagem: Jean Prado / Tecnoblog)

Em alguns casos, isso funciona muito bem, como foi o caso do software de processamento de imagem. Os resultados eram tão bons que o Google conseguiu esnobar os rivais e usar apenas uma lente, enquanto os concorrentes adotavam câmeras duplas e triplas.

Em outros, a novidade não pegou, como o Motion Sense do Pixel 4. Ele usava a tecnologia Soli para permitir controle por gestos, sem tocar na tela do aparelho. O Pixel 5, um ano depois, já veio sem o recurso.

Isso continua. O Pixel 6, do ano passado, foi o primeiro com chip Tensor, desenvolvido pelo próprio Google. E inovações de software, inteligência artificial e sistema operacional sempre aparecem primeiro na linha.

Por isso, o número baixo de vendas do Pixel não importa tanto. O próprio Google parece estar pouco interessado em aumentar essa cifra.

Google Pixel 4a (imagem: Daniel Romero/Unsplash)
Google Pixel 4a (imagem: Daniel Romero/Unsplash)

Como já foi dito aqui, o aparelho está disponível em poucos países, e a empresa bloqueia o uso do 5G onde ele não é vendido oficialmente, mesmo que seja compatível com as bandas usadas pelas operadoras locais. Isso desencoraja bastante as vendas para estrangeiros.

Além disso, com grande parte das receitas vindo dos negócios de publicidade, não é como se o Google estivesse desesperado para vender mais celulares. Apesar disso, há resultados positivos: o Pixel 6 teve desempenho comercial melhor que o 4 e o 5 juntos.

Mesmo assim, o Pixel é relevante para ver o que a companhia está planejando e vislumbrando para o futuro do hardware e do software. Nesta quinta (6), conheceremos o Pixel 7 e o que ele traz de inovações.

Com informações: 9to5Google.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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