Hacker que expôs segredos e código-fonte da Intel é alvo da polícia
Tillie Kottmann vazou 20 GB de dados da Intel e, recentemente, se envolveu no ataque hacker que expôs 150 mil câmeras
Tillie Kottmann vazou 20 GB de dados da Intel e, recentemente, se envolveu no ataque hacker que expôs 150 mil câmeras
Tillie Kottmann é o hacker que revelou como câmeras de segurança da Cloudflare, Tesla e outras organizações foram invadidas recentemente. Dias depois, ele teve seu apartamento revistado por policiais. A proximidade dos eventos seria apenas coincidência, no entanto: a ação das autoridades teve relação com um vazamento realizado por Kottmann no ano passado.
É o que aponta o mandado de busca e apreensão, documento que foi acessado pela Bloomberg. De acordo com o veículo, o procedimento teve como base um processo criminal movido nos Estados Unidos contra o hacker.
Porém, Tillie Kottmann, de 21 anos, vive em Lucerna, Suíça. A operação em seu apartamento, que resultou na apreensão de equipamentos eletrônicos, consistiu em uma operação policial com cooperação internacional, portanto.
O mandado só não deixou claro sobre qual ataque a operação policial diz respeito. O fato é que Kottmann tem um histórico que pesa fortemente contra ele. O hacker reivindicou um ataque contra a montadora Nissan, por exemplo.
Mas é mais provável que a ação policial tenha tido relação com uma invasão que causou o vazamento de mais de 20 GB de dados confidenciais da Intel no ano passado.
Kottmann divulgou o vazamento no Twitter em agosto de 2020 (mais tarde, o perfil dele foi suspenso pela rede social). Na ocasião, ele disse que obteve os arquivos de uma fonte que acessou os servidores da Intel no início do mesmo ano.
No mandado, há menção a uma investigação do FBI sobre roubo de documentos confidenciais, dados de usuários e código-fonte. Esse trecho do documento reforça a possibilidade de a ação policial ter relação com a invasão aos servidores da Intel.
Kottmann também é acusado de crimes como roubo de identidade e fraude.
O ataque mais recente também teve bastante repercussão. Imagens de mais de 150 mil câmeras de segurança controladas por uma startup de nome Verkada foram parar nas mãos de hackers.
A invasão levou à captura de imagens de câmeras de hospitais, presídios e escolas, por exemplo. Organizações de grande porte, como Cloudflare e Tesla, também foram vítimas — só esta última teve 222 câmeras acessadas indevidamente.
Tillie Kottmann declarou fazer parte do grupo responsável pela ação. À Bloomberg, ele disse que “o governo dos Estados Unidos nunca entenderá o conceito de agir por outras razões que não o dinheiro e o poder”, dando a entender que o ataque foi uma forma de protesto.
Os hackers também afirmaram que o ataque foi efetuado por um coletivo internacional com a intenção de mostrar que sistemas de vigilância, cada mais implementados no mundo todo, podem ser violados com facilidade.
Seja como for, chama atenção o fato de Kottmann ter procurado a Bloomberg para revelar a invasão à Verkada em vez de ter feito uma denúncia anônima.
Talvez Kottmann tenha se arrependido de não ter sido mais discreto: também em mensagem à Bloomberg, ele afirmou que, além de seu apartamento, a casa de seus pais foi revistada pelas autoridades suíças.
Em uma conta no Mastodon, Kottmann publicou o seguinte pedido: “não converse comigo sobre quaisquer atividades ilegais ou crimes. Eu não pretendo fazer nada ilegal em um futuro próximo”.