Instagram tenta explicar por que IGTV ainda não deu certo

É fácil ignorar o IGTV, e formato vertical é pouco usado em vídeos longos; CEO do Instagram diz que "temos que esperar"

Felipe Ventura
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• Atualizado há 2 anos e 10 meses
IGTV

Você se lembra do IGTV? Essa é a investida do Instagram para concorrer com o YouTube, oferecendo vídeos verticais de até uma hora. Ele foi lançado há dois meses, mas não decolou da mesma forma que os Stories. O que aconteceu? O CEO Kevin Systrom tenta explicar.

São basicamente três problemas: o formato vertical é pouco usado para conteúdo longo; o Instagram não ensinou suas estrelas a gerar esse tipo de vídeo; e o IGTV pode ser facilmente ignorado na interface.

Em entrevista ao TechCrunch, o CEO do Instagram diz: “este é um novo formato. É diferente. Temos que esperar que as pessoas o adotem e isso leva tempo”. Systrom compara o IGTV a uma nova startup: “é como o Instagram era nos primeiros dias”.

O IGTV foi lançado em junho com um grande evento; a empresa não fazia isso desde 2013. Ela anunciou parceria com diversos criadores, que haviam recebido acesso antecipado à plataforma de vídeos verticais.

No entanto, seis desses criadores “early adopters” conseguem 6,8 vezes mais visualizações no feed, em média, que no IGTV. Por exemplo, a dançarina de k-pop Susie Shu publicou momentos diferentes de uma apresentação nos dois lugares: ela obteve 273 mil visualizações no feed, e só 27 mil no IGTV.

IGTV rende poucas visualizações

“É bastante difícil simplesmente pegar vídeos que já existem e simplesmente repostá-los. Isso não é verdade no feed. Isso basicamente força todos a criarem coisas novas”, diz Systrom.

O problema é que, rendendo poucas visualizações, não há muito incentivo para criar conteúdo no IGTV. Além disso, o Instagram não ensinou os canais a criar conteúdo longo na vertical. É fácil entreter seguidores durante stories de dez segundos; e quanto a vídeos de dez minutos?

Tem mais: é muito fácil ignorar o IGTV. Sua presença na interface se resume a um botão laranja na barra superior. Aparece uma barra de notificação quando há um vídeo de contas que você segue, mas só.

Há um aplicativo separado para o IGTV, que acumula 2,5 milhões de downloads no iOS e Android. No entanto, o número de instalações por semana despencou 94% desde seu lançamento, segundo o Sensor Tower. Só na App Store americana, ele caiu da posição 25 para 1.497 nesse período.

Conteúdo do IGTV é muito aleatório

Eu praticamente nunca entrei no IGTV. Dei uma olhada agora, e o conteúdo não me interessou: trecho de debate dos candidatos à presidência (originalmente na horizontal); várias dicas da OnePlus (meu celular é da Motorola); desodorante caseiro da Bela Gil; a cantora Kelly Clarkson se preparando para jogar tênis etc.

“O IGTV parece muito aleatório, com virais inúteis e vídeos mal cortados para caberem na vertical aparecendo na seção Popular, ao lado de alguns criadores que tentam produzir talk shows e tutoriais de culinária feitos para o IGTV”, escreve o TechCrunch.

Ainda é cedo para declará-lo um fracasso, mas está longe do sucesso imediato que foi o Instagram Stories — ele já tinha 100 milhões de usuários em dois meses. (Foi mais fácil porque eles copiaram o Snapchat, mas ainda assim.) Quanto ao IGTV, a empresa não revela números. Será que ele vai, um dia, realmente competir com o YouTube?

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Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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