Instagram volta atrás e remove tag de fake news em post de Carlos Bolsonaro
Rede social havia marcado dois posts de Carlos Bolsonaro sobre o ex-presidente Lula com tag de "informação falsa", mas voltou atrás
Rede social havia marcado dois posts de Carlos Bolsonaro sobre o ex-presidente Lula com tag de "informação falsa", mas voltou atrás
Depois de marcar duas postagens quase idênticas de Carlos Bolsonaro (Republicanos), vereador carioca e filho do presidente Jair Bolsonaro, como “informações falsas”, o Instagram resolveu voltar atrás e retirou a tag de fake news das publicações do político. Ambas traziam trechos da fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a venda de refinarias da Petrobras na Bolívia.
O Instagram colocou a tag de informação falsa no domingo (7) e voltou atrás na decisão na tarde desta segunda-feira (8). A princípio, as publicações estavam classificadas com a marca de “informação falsa”.
Os posts de Carlos Bolsonaro citavam uma fala de Lula feita em palestra no instituto do ex-presidente, em 2015. Nelas, o vereador relacionava a alta no gás de cozinha — que subiu 7,2% em outubro — à nacionalização de refinarias da Petrobras na Bolívia, durante o governo de Evo Morales, em 2007.
A marca de “informação falsa” estava baseada em uma verificação do Aos Fatos, veículo especializado em verificações de desinformação. A matéria apontava que Lula não tinha simplesmente dado as refinarias ao governo boliviano, e sim as vendido por US$ 112 milhões. Não há ligação comprovada entre a nacionalização das instalações da Petrobras e o aumento do gás de cozinha.
Como apurou a reportagem do Tecnoblog, houve um equívoco na marcação das postagens de Carlos Bolsonaro. O Instagram, assim como o Facebook, usa um sistema de inteligência artificial para auxiliar na moderação de conteúdo nas redes. A plataforma considera checagens feitas por veículos como o Aos Fatos, ou a Agência Lupa.
No caso do vídeo publicado pelo filho do presidente, a IA armazenou o vídeo de Lula para usá-lo como uma referência para apanhar “variantes” da fake news.
Acontece que o vídeo original tinha a legenda: “Acredite se quiser. Lula confessa que deu refinaria da Petrobras para a Bolívia”. A versão publicada por Carlos Bolsonaro não continha a mesma afirmação, portanto não poderia ser taxada como fake news por ser “discurso político” — o Instagram não modera esse tipo de fala na rede social.
Carlos Bolsonaro comemorou a suspensão da marca de “informação falsa” de seus posts no Instagram. Em sua conta na própria rede social, o vereador conta que a plataforma vai restabelecer todas as publicações “equivocadamente” rotuladas como falsas.
“O post simplesmente não viola regras do Instagram”, disseram pessoas familiares com o assunto. Um caso semelhante já ocorreu com outro filho do presidente: Eduardo Bolsonaro.
O deputado foi banido do Facebook por “engano” segundo fontes internas. Ele republicou imagens com frases do ditador nazista Adolf Hitler. Mais tarde, no mesmo dia em que foi suspenso, o deputado federal teve seu perfil restaurado pela rede social.
Em seu perfil no Twitter, a fundadora da Agência Lupa, Cristina Tardáguila mencionou que a IA utilizada para moderar conteúdos de políticos — aos quais os checadores não tem autorização para verificar — é “bem capenga, sobretudo em português”.
Tardáguila afirmou que melhorar a IA é fundamental para o Instagram:
“Melhorar a inteligência artificial é um passo indiscutível. Acabar com a proteção de políticos, outro. O que não pode é ficar no meio do caminho porque isso dá origem a um tsunami de ódio contra os #factcheckers. Quem decide sobre marcar ou não os políticos está nos EUA.”
O Tecnoblog procurou o Instagram para comentar sobre a suspensão das marcações no post de Carlos Bolsonaro. A empresa disse à reportagem:
Cada post pode ter milhares de cópias no Facebook e Instagram, que podem ter pequenas diferenças, como um recorte de foto diferente.
Usamos tecnologia de aprendizado de máquina para detectar essas cópias para que os verificadores de fatos possam se concentrar em novas informações.No caso específico, o vídeo postado era uma versão diferente daquele marcado como falso pelas agências checadoras de fato parceiras do Instagram e do Facebook em julho e, portanto, a marcação foi removida.