Intel adia lançamento de chips com 10 nanômetros. Lei de Moore chegando ao fim?

Emerson Alecrim
• Atualizado há 6 meses
Processador - ilustração

A Intel revelou nesta quinta-feira (16) que está trabalhando em sua terceira geração de processadores com tecnologia de fabricação de 14 nanômetros. O anúncio seria apenas mais um entre tantos se não fosse por um detalhe: o foco nesses chips sugere que a chamada Lei de Moore está mesmo chegando ao limite.

Fica mais fácil entender se você analisar a estratégia “tick-tock” da Intel. Funciona assim: primeiro a companhia implementa uma nova tecnologia de miniaturização (tick); a geração seguinte, por sua vez, combina esse processo de fabricação com uma nova arquitetura (tock).

Os atuais processadores Broadwell são os primeiros da Intel com tecnologia de 14 nanômetros, portanto, são “tick”. No final do ano, a companhia deve lançar a família de chips Skylake, que continuará tendo 14 nanômetros, mas se baseará em uma arquitetura renovada. Essas unidades serão “tock”.

Seguindo essa estratégia, a geração subsequente teria que ser “tick”, isto é, deveria manter como base a arquitetura implementada nos chips Skylake, mas ter nova tecnologia de fabricação — de 10 nanômetros. Porém, segundo o anúncio de hoje, essas unidades, batizadas como Kaby Lake, continuarão tendo processo de 14 nanômetros.

De acordo com a Intel, processadores com 10 nanômetros (codinome Cannonlake) aparecerão, mas somente no segundo semestre de 2017. É praticamente o fim da estratégia “tick-tock” e, com efeito, uma aproximação dos limites da Lei de Moore.

Intel - tick-tock

Em 1965, Gordon Earl Moore, um dos fundadores da Intel, publicou um artigo que dizia que a quantidade de transistores que podem ser colocados nos chips aumentaria 100% a cada período de 18 a 24 meses. Isso é possível com a miniaturização, processo que permite que mais transistores ocupem espaço no chip sem aumentar as dimensões físicas deste.

Com uma variação ou outra, a previsão de Gordon Earl Moore tem funcionando até hoje, daí a criação da expressão “Lei de Moore”. Mas há um limite: chegará um momento em que será fisicamente inviável – quando não impossível – miniaturizar os componentes dos processadores.

A migração para a tecnologia de 14 nanômetros foi mais desafiadora do que os engenheiros da Intel esperavam. A transição anterior, para chips com 22 nanômetros, também deu muito trabalho. Não é diferente no cenário atual: o principal fator para o adiamento dos processadores de 10 nanômetros é justamente a complexidade técnica relacionada.

Chip de 22 nanômetros (à esquerda) versus chip de 14 nanômetros
Chip de 22 nanômetros (à esquerda) versus chip de 14 nanômetros

Pode ser que a Lei de Moore esteja realmente chegando ao fim da linha, mas isso não quer dizer que não há mais espaço para avanços. Na semana passada, a IBM anunciou protótipos de chips com 7 nanômetros. A companhia espera que essa tecnologia esteja disponível comercialmente a partir de 2018.

Na Intel, também há planos para chips com esse grau de miniaturização, mas a companhia ainda não fala em prazos. Pudera: tamanha sofisticação exige esforços em várias frentes. É necessário, por exemplo, que haja maquinário específico para a produção de chips em cada nível de litografia. Normalmente, esses equipamentos não têm fabricação própria. Seu fornecimento é feito por companhias (como a ASML) que também precisam de tempo para se adaptar às novas demandas.

Com informações: Ars Technica

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.