Justiça libera mototáxi em São Paulo; empresas de ônibus reclamam
Tribunal de Justiça de São Paulo considera proibição de mototáxi inconstitucional
Tribunal de Justiça de São Paulo considera proibição de mototáxi inconstitucional
Serviços de mototáxi são proibidos na capital paulista, até agora: o Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu que a lei municipal que impõe a proibição é inconstitucional, portanto, há boas chances de que a modalidade seja explorada na cidade em breve, inclusive via aplicativo.
De autoria dos vereadores Adilson Amadeu (PTB) e Antonio Donato (PT), a lei foi sancionada em junho de 2018 pelo prefeito Bruno Covas (PSDB). A proibição teve como base o argumento de que mototáxis são uma modalidade perigosa de transporte de passageiro e, consequentemente, podem aumentar o número de acidentes de trânsito na capital.
Mas, para o Ministério Público Estadual (MPE-SP), a cidade de São Paulo viola a Constituição Federal, pois é da competência da União legislar sobre o trânsito e transporte em todo o país.
Por unanimidade, o Órgão Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo julgou a ação procedente por considerar que a proibição viola sobretudo uma lei federal em vigor desde julho de 2009 que regulamenta a profissão de mototáxi junto com a de motoboy.
Para o Tribunal de Justiça, a Prefeitura de São Paulo pode definir regras e fiscalizar o serviço de mototáxi, mas não impedir que a profissão seja exercida no município por já existir uma lei federal que autoriza a atividade.
Em nota e nas redes sociais, o serviço de mototáxi por aplicativo Picap celebrou a decisão. “Sempre tivemos a convicção da legalidade do serviço de transporte individual com o uso de motocicletas de acordo com a regulamentação de âmbito federal”, disse a empresa ao G1.
De origem colombiana e presente no Brasil desde julho, o Picap havia sido considerado um serviço “clandestino” pela Prefeitura de São Paulo.
A Prefeitura de São Paulo ainda não se pronunciou sobre o assunto, mas o SPUrbanuss já se manifestou: para Francisco Christovam, presidente da entidade que representa as principais companhias de ônibus da cidade, os mototáxis podem bagunçar ainda mais a rede de transportes da cidade.
Em entrevista ao Diário do Transporte, Christovam disse que os serviços de mototáxi devem aumentar a quantidade de acidentes de trânsito em São Paulo e defendeu que o transporte coletivo seja priorizado:
“Nós temos o transporte público, coletivo, esse sim precisa ser incentivado, estimulado. É de responsabilidade da Prefeitura e do Estado oferecer sistemas coletivos de transporte e não individual”, declarou.
Convém relembrar que, no ano passado, o SPUrbanuss se posicionou contra o Uber Juntos por entender que a modalidade oferece “concorrência predatória” no transporte público.
Já para o Sedersp (Sindicato das Empresas de Entregas Rápidas do Estado de SP), a derrubada da lei “será uma catástrofe em relação à segurança do motociclista, seu garupa e da sociedade de um modo geral, uma vez que o setor de duas rodas ainda é muito carente de políticas públicas, exemplo disso, os aplicativos de entregas rápidas que muitas vezes atuam em desconformidade da lei (12.009/09), sem prestar assistência total aos seus colaboradores”.
Atualizado às 17:45 para inclusão do posicionamento do Sedersp.