Kanye West, que acusa Meta e Twitter de “censura”, compra rede social Parler

Rapper americano e plataforma divulgaram acordo; proposta de compra surge dias após tweet antissemita de West

Felipe Freitas
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Parler (Imagem: Bruno Gall De Blasi/Tecnoblog)

O rapper Kanye West, cujo nome legal é Ye, anunciou nesta segunda-feira (17) a compra da rede social Parler, microblogue “incensurável”. Sem revelar o valor do negócio, o comunicado da transação destaca que Ye usará seu talento e alcance para liderar a luta por um espaço “verdadeiramente” livre da cultura do cancelamento.

Nas últimas semanas, West vem acusando a Meta e o Twitter de censura. As acusações surgiram após as redes sociais removerem conteúdos antissemitas da conta do rapper. A compra do Parler pode ser vista como um contra-ataque de Ye em sua “cruzada” contra a cultura do cancelamento e Big Tech.

Parler: de bilionário para bilionário

A Parler, fundada nos Estados Unidos, se vende como uma rede social sem viés político, que enfrenta as big techs, censura, cultura do cancelamento e o “grande governo” — mesmo que entre 2017 e 2021 o presidente americano fosse do mesmo partido de uma das suas fundadoras. 

Com o anúncio da compra, que deve ser finalizada ainda neste trimestre, um novo dá as caras na Parler. Rebekah Mercer, herdeira do bilionário Robert Mercer, ex-proprietário do Breitbart News, é uma das co-fundadoras da rede social. Mercer também é doadora do Partido Republicano. Já Kanye tem uma fortuna avaliada em mais de 1 bilhão de dólares, segundo a Forbes.

Ao contrário das redes sociais mais populares (Twitter, Instagram, Facebook), a Parler não possuía moderação de conteúdo, defendendo também que era um espaço para a liberdade de expressão irrestrita, o que fez com que a plataforma ficasse muito popular entre a extrema-direita americana, incluindo integrantes do movimento QAnon — boa parte da comunicação para organizar a Invasão ao Capitólio foi realizada na rede social.

Apoiadores de Donald Trump dentro do Capitólio dos EUA (Imagem: Saul Loeb/AFP)
Apoiadores de Donald Trump dentro do Capitólio dos EUA (Imagem: Saul Loeb/AFP)

Contudo, a Parler foi removida da App Store e Play Store enquanto não atendesse à exigência de uma moderação de conteúdo. No iOS, o seu retorno veio em maio de 2021, já no Android foi em setembro deste ano.

Com a compra da Parler por Kanye West, esta se torna a segunda rede social de propriedade de um ex-presidenciável. Neste ano, Donald Trump lançou a Truth Social, sua plataforma de microblogue para competir com o Twitter. Não se assuste se o próximo integrante da lista for Elon Musk.

Kanye West e suas polêmicas

Nos últimos anos, Ye aparece na mídia não apenas pelo seu trabalho na música e moda, mas também por polêmicas. 

O tweet antissemita do rapper foi publicado pouco depois do Instagram apagar algumas de suas publicações. West escreveu “Estou sonolento hoje, mas após acordar eu acionarei o DEFCON3 [nível de estado de alerta militar] em pessoas judias”. Em sua defesa, o rapper afirmou que não poderia ser acusado de antissemita porque pessoas pretas são judias.

Diagnosticado com transtorno bipolar em 2016, o “artista anteriormente conhecido como Kanye West” teve crises de paranoias em shows e no Twitter, além de ser banido temporariamente do Instagram por publicações nas quais ameaçava Pete Davidson, na época namorado de sua ex-esposa Kim Kardashian. Na semana passada, West divulgou o endereço da escola de seus filhos com a socialite — o que a levou a aumentar a segurança da família.

Com informações: TechCrunch e The Guardian

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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