Mercado Livre vai ao Cade e questiona Magazine Luiza por comprar startup
Magazine Luiza anunciou compra da fintech Hub Prepaid, que armazenou dados sobre operações do Mercado Livre
Magazine Luiza anunciou compra da fintech Hub Prepaid, que armazenou dados sobre operações do Mercado Livre
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) deve anunciar nos próximos dias a sua decisão sobre um negócio realizado pelo Magazine Luiza. O órgão analisa a compra da fintech Hub Prepaid em dezembro de 2020. O acordo está sendo avaliado após intervenção do Mercado Livre, que apontou o risco de ser prejudicado.
O Mercado Livre recorreu ao Cade em janeiro de 2021 com a alegação de que foi cliente do serviço de processamento de dados da Hub Prepaid. Na intervenção, a empresa indicou que a fintech teve acesso a dados individualizados e a detalhes de operações financeiras realizadas pelo Mercado Pago.
Entre as informações, estão nome, CPF e data de nascimento de clientes; nome, categoria e endereço de estabelecimentos; valor e número de parcelas de compras. O Mercado Livre acredita que o negócio terá efeitos negativos caso o Magazine Luiza tenha acesso a tais dados, visto que as duas empresas são concorrentes no mercado de marketplace.
A aquisição da Hub Prepaid pelo Magazine Luiza foi anunciada depois de acordo de R$ 290 milhões, segundo o UOL. A fintech tem 4 milhões de contas e cartões pré-pagos ativos e movimentou cerca de R$ 7 bilhões em 12 meses.
Ao Cade, as empresas alegam que o acordo ocorreu para oferecer plataforma de serviços financeiros aos clientes da Magalu Pagamentos. A ideia é permitir compras, depósitos, transferências, pagamentos, saques e recargas de celular e vale-transporte, além de oferecer cartão pré-pago para compras em lojas físicas.
Em março, após a intervenção do Mercado Pago, o Cade autorizou o negócio. Na ocasião, o órgão apresentou vários motivos para indicar que o acordo havia sido aprovado sem restrições. O principal deles aponta que a Hub Prepaid não armazena dados concorrencialmente sensíveis.
A fintech alega que não tem informações como produtos comprados pelos clientes, o que poderia oferecer uma vantagem ao seu comprador. A startup também apontou que não tem acordo vigente com o Mercado Pago e que o uso de dados de operações antigas não amplia o poder de mercado do Magazine Luiza.
O Cade aprovou o negócio, mas um recurso do Mercado Pago fez o processo voltar a ser analisado. Agora, um conselheiro indicará se o recurso será aceito ou não. Se isso ocorrer, o caso será avaliado mais uma vez e levado para julgamento no tribunal do Cade. Se o recurso for negado, a decisão de março será mantida e a compra da Hub Prepaid pelo Magazine Luiza será oficializada.