Mineração de ether com antivírus Norton cobra taxa absurda

Antivírus Norton 360 integra mineração de ether, mas cobra 15% em taxas administrativas e apresenta lucratividade baixa

Bruno Ignacio
• Atualizado há 2 anos e 10 meses
Mineração de criptomoedas (Imagem: WorldSpectrum/Pixabay)
Antivírus Norton 360 implementa mineração de criptomoeda (Imagem: WorldSpectrum/Pixabay)

Na semana passada, a empresa NortonLifelock revelou que seu antivírus Norton 360 traria uma nova ferramenta, até então inédita para esse tipo de programa: a mineração de criptomoedas. Inicialmente compatível somente com o ether (ETH), a função foi liberada para usuários inscritos no programa de testes. Vendo seu funcionamento, se destacou a enorme taxa de 15% sobre todos os ganhos do minerador.

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Chamada de “Norton Crypto”, a ferramenta integrada no programa antivírus permite que usuários utilizem a GPU de seus computadores em seu tempo ocioso para minerar ether. A empresa promete uma experiência mais segura, uma vez que a maioria dos softwares de mineração exigem que o computador fique desprotegido durante a atividade.

O site especializado em segurança digital BleepingComputer teve acesso ao recurso antecipadamente e testou o Norton Crypto, revelando pontos positivos e negativos da nova funcionalidade do antivírus.

Norton Crypto usa 100% da GPU

O principal lado positivo destacado foi a facilidade de se usar e entender o programa de mineração dentro do Norton 360. Atualmente, somente membros do Early Adopter Program (EAP) do antivírus podem acessar o recurso. Há outras exigências, como pertencer a um país de língua inglesa, ter um computador com uma GPU de no mínimo 3 GB de memória gráfica e Windows como sistema operacional.

Assim que o usuário começa a mineração de ether dentro do antivírus, o Norton Crypto acessará 100% de sua GPU para extrair a criptomoeda. Esse é um dos lados negativos destacados, uma vez que a atividade pode diminuir a vida útil da placa gráfica do computador e até mesmo causar superaquecimento, já que não há qualquer configuração que permita controlar a intensidade da atividade.

O BleepingComputer também alertou usuários que o programa, teoricamente, deveria minerar somente quando o computador está ocioso. Mas foi registrado durante os testes que o Norton Crypto continuou indicando estar ativo mesmo durante jogos pesados, ainda que não pareça ter afetado sua performance. Ou seja, pode ser que o sistema de notificações esteja com bugs.

Lucratividade baixa

Mineração com Norton Crypto apresenta baixa lucratividade (Imagem: Reprodução/BleepingComputer)

Mineração com Norton Crypto apresenta baixa lucratividade (Imagem: Reprodução/BleepingComputer)

Como o antivírus cria uma pool de mineração com base na quantidade de usuários minerando ether, os ganhos são divididos proporcionalmente à participação no processamento de dados. Dessa maneira, a mineração tende a ser muito lenta. O BleepingComputer não registrou nenhum ganho em 36 horas contínuas com o Norton Crypto.

Esse problema poderia ser parcialmente resolvido se a pool de usuários ativos aumentar, melhorando as chances de se conseguir processar um bloco de dados da Ethereum. Mesmo com mais computadores se juntando ao grupo minerador, ainda é difícil para o Norton Crypto competir com outras grandes pools de mineração de ether. Tendo em vista o alto consumo de energia, o BleepingComputer sugeriu que a atividade não é muito lucrativa. A taxa de hash atingida no teste foi de 33,5 MH/s.

Taxas administrativas absurdas

Tradicionalmente, a maioria das pools de mineração de ether cobram entre 2% e 3% de taxas administrativas sobre os ganhos dos usuários. Algumas das maiores, como Spark Pool e EtherMine, cobram apenas 1% sobre os pagamentos das criptomoedas extraídas.

Dito isso, o Norton Crypto surpreendeu ao cobrar 15% em taxas sobre os ganhos dos mineradores. “Recompensas em criptomoedas geradas pelo pool, se houver, são direcionadas a você com base em sua participação, no número de ações que você recebe através de suas contribuições, e em quanto ether é gerado como resultado”, explica a empresa nos termos do serviço.

“Transferiremos periodicamente sua parcela em criptomoedas, se houver, para uma carteira digital que criamos para você. Cada uma dessas transferências (comumente conhecidas como ‘pagamentos’) está sujeita à nossa taxa pelo fornecimento do software de mineração Norton Crypto”, concluiu a Norton.

Com informações: Bleeping Computer

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.