Há algumas semanas, a organização do Festival de Cannes anunciou que a próxima edição do evento não aceitará filmes que não estrearam nos cinemas franceses. Para muitos, a decisão foi um sinal claro de que serviços de streaming – em especial, a Netflix – não são bem-vindos na premiação.
Por conta da medida, a empresa resolveu desistir de qualquer participação no festival. O evento havia permitido que as produções fossem exibidas contanto que não concorressem à Palma de Ouro, mas a oferta não foi aceita.
O diretor de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos, disse à Variety que a empresa deseja estar em condição de igualdade com outras produtoras. Segundo ele, haveria o risco dos filmes serem tratados de forma desrespeitosa por terem sido produzidos por um serviço de streaming.
Na última edição do evento, a Netflix concorreu com dois filmes: Okja e The Meyerowitz. A participação da empresa causou a revolta de proprietários de cinemas na França, e fez o diretor do Festival de Cannes, Thierry Frémaux, anunciar a proibição.
Antes, a Netflix teria se comprometido a levar, por um curto período, alguns de seus filmes aos cinemas do país. Mas uma lei francesa exige um intervalo de 36 meses a partir da estreia para que eles sejam levados a serviços de streaming; a regra comprometeria sua atuação no país.
Ainda assim, os filmes foram selecionados pelo festival. Ao Hollywood Reporter, Frémaux criticou a posição da empresa. “No último ano, quando selecionamos esses dois filmes, pensei que eu poderia convencer a Netflix a lançá-los nos cinemas. Eu fui presunçoso, eles recusaram”, disse.
Em sua entrevista, Sarandos disse que espera uma modernização do festival. O executivo lembrou de uma declaração em que Frémaux diz que a história da internet e de Cannes são duas coisas diferentes.
“É claro que são coisas diferentes. Mas estamos escolhendo ser sobre o futuro do cinema. Se Cannes está escolhendo ficar presa na história do cinema, tudo bem”, disse.