Grupo escandinavo vai assumir controle da Nextel por US$ 200 milhões
Endividada até o pescoço, a Nextel Brasil só tem uma saída para a sua história não ter um desfecho trágico: vender as suas operações. Esse processo já começou. Nesta terça-feira (6), a NII Holdings anunciou um acordo no valor de US$ 200 milhões que fará o grupo escandinavo AINMT assumir o controle da operadora.
A NII Holdings é a controladora atual da Nextel. Após o último balanço, divulgado em maio, a companhia alertou acionistas e o mercado sobre o ano difícil que a operadora está enfrentando, de um lado por conta da crise econômica e política do Brasil, do outro, devido ao número cada vez menor de usuários adeptos da iDEN, a rede com tecnologia de rádio digital oferecida pela Nextel.
Na ocasião, a NII Holdings deixou claro que, se não recebesse aportes ou conseguisse renegociar dívidas, a Nextel teria grandes chances de dar calote. Mas, com o recente acordo, a operadora ganha fôlego para tentar reestruturar as operações.
Vai ser assim: a AINMT, que já opera na Dinamarca, Suécia e Noruega com a marca Ice, fará um investimento inicial de US$ 50 milhões e, assim, assumirá uma fatia de 30% da Nextel Holdings, subsidiária da NII Holdings que controla a operadora.
Depois disso, a AINMT terá a opção de investir mais US$ 150 milhões na Nextel. Se fizer isso, a companhia passará a deter 60% de participação na Nextel Holdings, ficando os 40% restantes com a NII Holdings. Note que, com essa proporção, a AINMT terá controle majoritário da Nextel.
O grupo escandinavo tem até 15 de novembro para executar o aporte adicional. Se isso for feito, as partes envolvidas terão que concluir o repasse da participação de 60% até o final de janeiro de 2018.
Não é um negócio simples. A conclusão dependerá de vários fatores, incluindo aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), aval de acionistas e renegociação de dívidas, que não são poucas: a Nextel encerrou 2016 devendo US$ 756 milhões.
Atualmente, a maior base de clientes da operadora está concentrada no eixo Rio-São Paulo. Para as demais partes do Brasil a companhia depende da infraestrutura da Vivo. Com a chegada da AINMT, a Nextel alimenta não só a esperança de tirar a corda do pescoço como também a de atuar com rede própria em outras localidades.
A expectativa de crescimento da Nextel junto com a intenção de marcar presença no Brasil pode explicar o interesse da AINMT pelo negócio. A venda parcial ou total da operadora é esperada há algum tempo, mas havia a crença de que a oferta viria da Claro, TIM ou Vivo. Nesse sentido, a negociação com a AINMT é uma grande surpresa.
Uma surpresa positiva, é verdade, mas só até certo ponto. O buraco em que a Nextel se meteu é tão fundo que os US$ 200 milhões só darão um alívio mesmo. Provavelmente, a companhia precisará de outro aporte generoso no futuro. Isso pode resultar na sua venda total.
Com informações: Valor, Estadão