TIM recorre ao Cade e pede restrições para Claro após compra da Nextel
TIM diz que compra da Nextel pela Claro pode gerar dominância do mercado por acúmulo de espectro
TIM diz que compra da Nextel pela Claro pode gerar dominância do mercado por acúmulo de espectro
A compra da Nextel pela Claro já foi liberada pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), mas a TIM pediu ao órgão que reconsidere a aprovação sem restrições. A operadora italiana alega que o negócio trará concentração de espectro e causará desequilíbrio no mercado brasileiro.
A aquisição traz vantagens importantes para a Claro: isso inclui a carteira de clientes, que é maioria absoluta do serviço pós-pago, bem como as frequências licenciadas. A Nextel atua comercialmente apenas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mas dispõe de espectro nacional em frequências de 1,8 GHz e 2,1 GHz.
Em documento entregue ao Cade, a TIM diz que a concentração do espectro garante à Claro uma “posição privilegiada de titularidade de insumo essencial”, o que geraria uma dominância no mercado.
O parecer técnico do Cade reconhece que “em um primeiro momento a aquisição do espectro da Nextel possa conferir vantagem competitiva à Claro”, mas que as concorrentes possuem alternativas técnicas para ampliar a capacidade, principalmente no leilão de 5G que será realizado em 2020.
A TIM discorda, dizendo que essas alternativas não resolvem a questão e poderiam agravar a concentração. Ela finaliza afirmando que é necessário adotar medidas para “limitar, ainda que de forma temporária, a vantagem competitiva que a Claro deterá após a operação”.
Por isso, a operadora sugere que parte das frequências da Nextel seja destinada a uso exclusivo das concorrentes, desde que tenham diferença de 45% ou mais de recursos espectrais se comparadas com a Claro.
A Anatel estabelece um limite máximo de 35 MHz de espectro abaixo de 1 GHz concentrado por uma única operadora, o que totaliza 71,4 MHz de capacidade.
Isso significa que, após a aquisição da Nextel, a Claro vai estourar o limite em São Paulo (DDDs 11 e 12), Rio de Janeiro (DDD 21), Rio Grande do Sul (DDD 51), Distrito Federal (DDD 61), Tocantins (DDD 63), Pará (DDD 91), Amazonas (DDD 92) e Maranhão (DDD 98).
A licença da Nextel abaixo de 1 GHz é na frequência de 800 MHz, antes utilizada com a tecnologia iDEN (rádio). A faixa poderia ser utilizada na banda 26 do 4G, mas a maioria dos aparelhos disponíveis não é compatível. No mundo, essa banda é usada apenas no Japão e nos Estados Unidos (e apenas pela operadora Sprint, recentemente comprada pela T-Mobile).
Já nas faixas acima de 1 GHz, o limite máximo por prestadora é de 172 MHz. Com as regras atuais, a Claro não precisaria readequar suas licenças: a operadora teria entre 110 MHz e 150 MHz disponíveis para uso. Confira na tabela abaixo:
Região | Claro | Nextel | Claro + Nextel |
SP (capital) | 80 MHz | 50 MHz | 130 MHz |
SP (interior) | 90 MHz | 20 MHz | 110 MHz |
RJ e ES | 90 MHz | 40 MHz | 130 MHz |
MG | 110 MHz | 40 MHz | 150 MHz |
PR e SC | 110 MHz | 20 MHz | 130 MHz |
RS | 90 MHz | 20 MHz | 110 MHz |
Centro Oeste, RO, AC e TO | 90 MHz | 20 MHz | 110 MHz |
Norte e MA | 95 MHz | 40 MHz | 135 MHz |
BA e SE | 105 MHz | 40 MHz | 145 MHz |
Outros Estados do Nordeste | 80 MHz | 40 MHz | 120 MHz |
Com informações: Convergência Digital, Teleco.