Claro compra Nextel por R$ 3,47 bilhões

Claro e Nextel têm 26% do mercado; aquisição está sujeita à aprovação dos órgãos reguladores, incluindo Anatel e Cade

Lucas Braga
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• Atualizado há 8 meses
Loja Nextel

A compra da Nextel já era especulada há muito tempo, e finalmente aconteceu: o grupo mexicano América Móvil, controlador da operadora Claro no Brasil, fechou a aquisição por US$ 905 milhões, equivalente a R$ 3,47 bilhões. O negócio está sujeito à aprovação dos órgãos reguladores, incluindo a Anatel e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A dona da Claro terá 100% de participação na empresa e será a única controladora da Nextel, que antes era dividida em 70% pertencentes à NII Holdings e 30% à AI Brazil Holdings. Os termos do contrato de compra foram aprovados com unanimidade pelo conselho de administração.

O valor de R$ 3,47 bilhões exclui a dívida líquida e está sujeito a alguns ajustes no fechamento, incluindo reembolso em relação aos investimentos em ativos fixos e capital de giro de 1º de março até o fechamento da operação.

Claro chega a 26% de participação com Nextel

Considerando dados de dezembro de 2018, a Nextel possui 3,3 milhões de linhas ativas, o que representa 1,44% do mercado. Somando aos 56,4 milhões de clientes da Claro, a operadora do grupo mexicano consolida sua posição na vice-liderança de clientes com 26,05% de participação. O movimento deixa a TIM um pouco mais distante do segundo lugar, com 24,4% de market share. A líder é a Vivo, que segue isolada com 73 milhões de clientes e 31,9% do mercado de telefonia móvel.

Apesar de ter alguns clientes isolados em outras regiões, a Nextel opera comercialmente apenas nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. A América Móvil obtém maior vantagem no Rio de Janeiro, onde os 6,9% de market share se somam aos 32,7% da Claro, que já era líder de mercado. A diferença para a vice-líder Vivo chega a mais de 11 pontos percentuais. Em São Paulo, a Claro possui 25,2% de participação e a Nextel possui 3,09%, o que mantém o grupo mexicano no segundo lugar em número de clientes.

Outro aspecto interessante dessa compra é a quantidade de espectro adicional que a Claro passaria a ter. A Nextel possui uma licença nacional na frequência de 2.100 MHz, além de 1.800 MHz em algumas localidades. A Claro possui licenças nacionais de 700 MHz, 1.800 MHz e 2.100 MHz, além de 850 MHz em alguns estados.

Com a integração entre as duas operadoras, os clientes da Nextel se beneficiarão de uma maior cobertura, sobretudo em nível nacional. A Claro mantém presença em 4.219 municípios, sendo 3.822 com tecnologia 2G, 3.863 com tecnologia 3G e 2.201 com tecnologia 4G. A Nextel mantinha cobertura em 410 cidades, sendo apenas 40 municípios com 4G, e contava com um acordo de roaming com a Vivo para entregar serviço nos locais onde não atuava.

Nextel tem prejuízo há anos

Adicionalmente, a Nextel divulgou o balanço de 2018. Sua receita operacional consolidada foi de US$ 621 milhões, com adição líquida de 99,3 mil clientes apenas no quarto trimestre.

O ARPU (receita média por assinante) foi de US$ 14 (aproximadamente R$ 53), que é um valor relativamente alto comparado com a maioria das empresas brasileiras. Isso se justifica porque a Nextel se concentra em planos controle e pós-pago puro, apesar de oferecer opções no pré-pago (Happy).

Ainda assim, a operadora fechou o ano com prejuízo operacional de US$ 42 milhões. Ela também teve prejuízo em 2017, 2016 e 2015.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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