Elon Musk compra o Twitter e precisará entender a sociedade e a rede social

Compra foi finalizada por US$ 44 bilhões; UE afirma que Twitter seguirá leis do bloco

Felipe Freitas
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• Atualizado há 6 meses
Elon Musk no SNL
Elon Musk (Imagem: Reprodução)

E finalmente chegou ao fim a “novela” Avenida Twitter. Elon Musk finalizou a compra da rede social e já marcou a presença demitindo o CEO e CFO — agora Musk é, oficialmente, o chefão do Twitter. Anunciando na sua conta que o “pássaro está livre”, o bilionário já vê a reação dos stakeholders, no sentido extremamente amplo da palavra, abrangendo todos os envolvidos com o negócio e com a rede social — consumidores, anunciantes, governos, acionistas, etc.

Musk há tempos afirma que a rede social está chata e com uma política “mais à esquerda”, mas promete que isso mudará a partir de agora. Na “praça digital” que é o Twitter, o novo dono defende que a plataforma será uma espaço para todos expressarem as suas ideias, seguindo as leis dos seus respectivos países. Ele garante que a rede social não se tornará uma terra de ninguém — resta saber o que é terra de ninguém para ele.

UE diz que “pássaro terá que voar sob regras”

Entre as primeiras reações de órgãos governamentais está a de Thierry Breton, comissário de mercado interno da União Europeia (UE). Respondendo o tweet em que Elon Musk falou que o pássaro estava livre, Breton disse “Na Europa, o pássaro terá que voar sob nossas regras”, usando a hashtag DSA, sigla para a Lei de Serviços Digitais do bloco.

Ao complementar a sua publicação, o comissário retuitou um vídeo em que ele aparece com Musk comentando sobre a DSA. No vídeo, Elon Musk afirma que a Lei está de acordo com o que ele acredita.

A DSA foi criada com o objetivo de criar um ambiente saudável na internet. Para isso, as plataformas digitais precisam, entre outras coisas, proteger o usuário de conteúdos ilegais e sensíveis; proteger direitos básicos e banir perfis que divulguem dados pessoais; combater a desinformação e comunicar assertivamente aos usuários o motivo de suspensões e remoções de conteúdos.

O anúncio oficial da compra será divulgado às 10h30, horário de Brasília, momento de abertura das bolsas de valores americanas. Antes disso, Elon Musk fará um pronunciamento para seus novos funcionários. E, segundo o The Guardian, funcionários da Tesla já estão na sede do Twitter — o motivo pode ser tanto um primeiro benchmarking ou tomar o lugar dos atuais funcionários.

Musk publicou carta para anunciantes — e usuários

Na quinta-feira (27), Musk divulgou no Twitter (óbvio) uma carta aberta para tranquilizar os anunciantes e, indiretamente, os usuários. No texto, ele explica que não quer que a sociedade se divida em redes sociais de esquerda e direita, o que aumentaria a polarização no mundo — “eu fiz isso (comprar o Twitter) para ajudar a humanidade, algo que eu amo”. 

O motivo apresentado é nobre, louvável e correto, mas ignora que há anos as redes sociais falham em combater discursos de ódio, desinformação e fake news — estes dois últimos, para alguns autores, possuem diferenças —, independente do viés político (acreditem, pesquisei sobre isso para um processo seletivo de mestrado). O Twitter ainda é a rede social com o maior número de usuários que se informam pela plataforma. Se ama a humanidade, Musk precisará entender que a polarização resultado de anos de conteúdo sem moderação.

Twitter
Twitter (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Musk também afirma na carta que quer transformar os anúncios em publicações úteis para o usuário. “Anúncios de baixa relevância são spams, mas anúncios com alta relevância são conteúdos”, destacou o novo chefe do Twitter. 

A publicação direcionada aos anunciantes não é apenas uma maneira de acalmá-los, mas também o reflexo de um dos eixos de monetização do novo dono do Twitter. US$ 44 bilhões de dólares (mais R$ 235 bilhões) não dão em árvores. Elon Musk, mesmo sendo o homem mais rico do planeta (trilionário em Reais), precisou de um empréstimo bancário. No contrato, o Twitter será o garantidor do pagamento, logo, a empresa terá que lucrar como nunca fez antes.

Com informações: Reuters, Mashable, Al Jazeera e The Guardian

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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