Para ministra Damares, TikTok está por trás da… gravidez infantil

Damares Alves, ministra de Bolsonaro, alega que TikTok é lugar onde crianças e adolescentes “vendem o corpo”, e culpa app por “erotização precoce”

Pedro Knoth

Segundo Damares Alves, ministra da Família, Mulher e Direitos Humanos, o TikTok é usado por adolescentes e crianças para “venderem seus corpos”. Em discurso de abertura da Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, Damares associou a gravidez infantil ao popular aplicativo de vídeos. “Uma coisa está muito atrelada a outra”, disse a executiva do governo Bolsonaro.

Damares diz que meninas “vendem” corpo no TikTok

Damares soltou a fala enquanto participava da abertura do evento, realizado pelo ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, na terça-feira (1º). Em discurso inaugural da Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, a ministra lançou o Plano Nacional de Prevenção Primária do Risco Sexual Precoce e Gravidez de Adolescentes.

Mas Damares foi além. Ela atacou o TikTok e associou o aplicativo à gravidez na infância:

“Não vem papai e mamãe jogar no colo do Ministério da Saúde: ‘resolva, minha filha engravidou’, depois que deixou sua filha de oito anos ir pro TikTok vender seu corpo. Uma coisa está muito atrelada com a outra.”

De acordo com ela, o TikTok estaria dentro de um tema maior associado à gravidez precoce, que ela mesma chamou de “erotização precoce”. Segundo a ministra, o governo de Bolsonaro tem “coragem” de abordar esse tema pelo “compromisso com a infância”.

A ministra também disse que recebeu críticas por ser fanática e de que iria proibir sexo entre adultos e criança no Brasil. “De crianças vamos. Adolescente, vamos conversar muito com eles. Adulto faz o que quiser dentro do quarto”, pontuou Damares.

Em caso de gravidez na adolescência, a ministra do governo Bolsonaro defendeu que “vida é vida”, e disse que é contrária ao aborto. “Nós não estamos aqui em uma guerra religiosa ou de costume não. Gravidez precoce é pauta de saúde pública, e quando desce para 14 anos é crime”.

O Tecnoblog entrou em contato com o TikTok para que o aplicativo pudesse rebater as acusações da ministra, mas a empresa não retornou o e-mail enviado pela reportagem.

TikTok e Instagram limitaram contas de menores de 18

A preocupação de Damares Alves com a “erotização precoce” provocada pela exposição de menores no TikTok não é baseada em nenhum fato concreto. A plataforma da ByteDance, na verdade, tenta coibir um comportamento predatório a menores dentro do app.

O TikTok colocou limites em contas de usuários menores de 18 anos no início de 2021. Em comunicado, a rede social disse que a mudança visava proteger a privacidade e segurança de adolescentes. A atualização tornava contas de usuários entre 13 e 15 anos privada por padrão e, com isso, apenas quem recebesse uma aprovação poderia ver os vídeos do perfil.

Perfil oficial do TikTok (Imagem: Pexels)
Perfil oficial do TikTok (Imagem: Pexels)

Para usuários entre 16 e 17 anos, o TikTok deu ainda o controle sobre quem pode comentar ou fazer dueto usando os vídeos originais das contas. Os comentários poderiam ser feitos por “Amigos” (aqueles que estão adicionados pelo perfil) ou “Ninguém”.

Após o update do TikTok em janeiro, o Instagram resolveu seguir os passos da rede social rival e adicionou um sistema de proteção para contas de menores de 18 anos, com ainda mais recursos de privacidade para perfis de menores de 16 anos.

Leia | Como usar as ferramentas da “Sincronização Familiar” do TikTok

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.