PCs para minerar criptomoeda estão servindo de aquecedor no inverno

Computadores pessoais estão minerando criptomoedas enquanto servem de aquecedores durante o inverno do hemisfério norte

Bruno Ignacio
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• Atualizado há 2 anos e 10 meses
Mineração de criptomoedas (Imagem: WorldSpectrum/Pixabay)
Mineração de criptomoedas com GPUs aquece casas no inverno (Imagem: WorldSpectrum/Pixabay)

O rigoroso inverno no hemisfério norte não parece ser um problema para mineradores de criptomoedas. Ao invés de aquecedores, computadores estão fornecendo calor a residências como a do engenheiro francês Dan Van der Ster, entrevistado pelo The Wall Street Journal. O processo de mineração de ativos digitais é pesado e naturalmente esquenta as máquinas, o que veio a ser benéfico durante o inverno.

Mineradores economizam em aquecedores

Dan Van der Ster, de 40 anos, mora na França, na fronteira com a Suíça. A região registra facilmente temperaturas abaixo de zero durante o mês de fevereiro. Com a pandemia de COVID-19 ainda obrigando pessoas de todo o mundo a ficarem em casa, o pai de uma família de cinco pessoas afirmou ao WSJ que temia a conta de gás para aquecimento no final do mês.

Ele observou que inevitavelmente as despesas com eletricidade dispararam ao longo de 2020, uma vez que a família toda está sempre em casa. Porém, para sua surpresa, não houve gasto extra com aquecimento. Um novo computador, inicialmente comprado para seu filho jogar jogos pesados, agora é utilizado também para minerar criptomoedas (e aquecer continuamente a casa).

Ele não especifica qual moeda passou a minerar e tampouco detalha os ganhos que obteve até agora com o processo. Mas ao menos constatou que ao menos uma despesa foi reduzida durante esse período frio.

Estufa aquecida pela mineração

Outro entrevistado, o fotógrafo californiano Thomas Smith, encontrou uma forma ainda mais inusitada de aproveitar o aquecimento de seu potente computador que utiliza para minerar ativos digitais. Ele canalizou o calor emitido através de uma tubulação que leva até uma estufa que montou eu sua garagem. Lá ele cultiva manjericão, tomates e cerejas.

Ao longo dos meses de pandemia, ele expandiu sua ideia. Montou uma pequena estrutura em seu quintal e comprou duas galinhas. Desta vez ele deixou o gabinete de seu computador dentro do galinheiro para o aquecimento ser mais efetivo. Smith, na realidade, se preocupa se o calor é excessivo para os animais, “não quero superaquecê-las”.

Gamers também se beneficiam

Rebecca Ratchford, mora em Cary, na Carolina do Norte, e ela contou ao WSJ que durante todo esse inverno não utilizou seu termostato nem uma vez sequer. Ela trabalha remotamente desde o início da pandemia e utiliza seu computador gamer para jogar “Destiny 2” em seu tempo livre.

Ratchford afirmou que o gabinete personalizado de seu computador emite bastante ar quente, o suficiente para aquecer os três cômodos de sua casa ao longo de um dia de uso. “Quando uma invasão está acontecendo dentro do jogo, meu PC frita”, contou a jovem.

Mineração com GPUs cresce durante a quarentena

As criptomoedas tomaram os noticiários do mundo todo durante os últimos meses. Em combinação com a pandemia de COVID-19, período que o uso de computadores pessoais se intensificou, a mineração de ativos digitais também se tornou cada vez mais conhecida.

O bitcoin (BTC), por exemplo, não permite mais a mineração através de placas de vídeo, mas outras fortes criptomoedas sim. O ether (ETH), por exemplo, é a principal moeda digital minerada através de GPUs da Nvidia.

A fabricante de placas de vídeo anunciou recentemente que existe um problema de escassez do modelo GeForce RTX 3060, que caiu no gosto de mineradores de ether. Para diminuir o impacto disso ao público gamer, a empresa passará a reduzir o desempenho de mineração de ETH da GPU.

Enquanto isso, a Nvidia também revelou que retomará a produção das chamadas CMPs, ou Cryptocurrency Mining Processor, placas dedicadas exclusivamente à mineração de criptomoedas, sem saídas gráficas e que custarão menos.

Com informações: The Wall Street Journal

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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