Piauí quer investir em fogão solar contra alta do preço do gás de cozinha
Parceria entre Águas de Teresina, Suparc e Uespi visa investir em fogão solar como alternativa ao gás de cozinha e à lenha para famílias de baixa renda
A concessionária Águas de Teresina, a Superintendência de Parcerias e Concessões do Piauí (Suparc) e a Universidade Estadual do Piauí (Uespi) vão investir em fogões que funcionam com energia solar. O projeto, nascido na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), visa ajudar famílias de baixa renda que sofrem com os altos preços do gás de cozinha e da energia elétrica.
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A Águas de Teresina, empresa responsável pelo abastecimento de água e coleta de esgoto no Estado desde 2017, decidiu entrar no projeto como forma de investimento em programas sociais e na conscientização ambiental — ao contrário de equipamentos a gás, a lenha ou elétricos, o fogão solar não gera poluição.
Em julho, a Uespi e a Suparc firmaram outra parceria para promover a extensão, a pesquisa e o ensino visando desenvolver projetos na área de energias limpas.
Projeto de fogão solar usando sucata nasceu na UFRN
Se ao ler “fogão solar” você pensou em um fogão elétrico que usa energia gerada por um painel fotovoltaico, saiba que não é nada disso. O projeto é mais simples: usando espelhos dispostos em forma de parábola, o aparelho reflete os raios solares para um ponto focal, onde é colocada a panela.
A tecnologia vem sendo estudada pelo professor Luiz Guilherme Meira de Souza, que coordena o laboratório de máquinas hidráulicas da UFRN e pesquisa energia solar há mais de 40 anos. Em entrevista à BBC Brasil em 2018, ele diz que não inventou o aparelho, mas trabalha para aperfeiçoá-lo e torná-lo viável com materiais mais baratos.
O projeto de fogão solar usa pedaços de espelhos dispostos em uma lente côncava. Esses pedaços podem ser obtidos a partir de sucata. Já a base pode ser feita de resina, fibra de vidro ou outros materiais. O custo é de R$ 700, mas a produção em larga escala poderia barateá-lo
Os alunos de Souza também desenvolveram um forno solar usando pneus, espelhos e uma tampa transparente para criar o efeito estufa e aquecer o interior do equipamento. Em um outro projeto de forno, feito usando MDF, foi possível assar nove bolos em uma hora e meia.
Obviamente, equipamentos desse tipo precisam ficar na parte de fora das casas para aproveitar melhor a luz solar, de preferência entre 9h e 14h, e não funcionam em dias nublados ou de chuva. Além disso, é necessário usar óculos escuros para evitar danos aos olhos.
Alternativa à lenha e opção para acampamentos
A ideia de usar a luz do Sol para cozinhar elementos também vem sendo estudada há algumas décadas e é defendida por algumas iniciativas ao redor do mundo. A Solar Cookers International, organização sem fins lucrativos com sede na Califórnia (EUA), propõe que equipamentos desse tipo sejam adotados para substituir a lenha, ainda muito usada em regiões pobres do planeta.
Segundo Alan Bigelow, diretor científico da instituição, três bilhões de pessoas em todo o planeta ainda dependem da queima de madeira para cozinhar. A troca evitaria acidentes, queimaduras e riscos à saúde, além de diminuir a poluição e o desmatamento.
Produtos desse tipo também são comercializados no varejo em outros países. A GoSun, marca de aparelhos de energia solar, tem uma linha de fornos solares que funcionam seguindo o mesmo princípio. Eles são voltados para acampamentos, piqueniques e churrascos.
Os equipamentos têm espelhos para convergir os raios solares em direção a um tubo fechado, onde o alimento é assado. A família de aparelhos custa a partir de US$ 100 e tem boas avaliações na Amazon.
Com informações: Governo do Piauí, BBC Brasil, UOL, The New Yorker