HyperloopTT prevê economia de R$ 2 bi e 10 mil empregos no Sul do Brasil
Estudo de viabilidade do sistema de transporte ultrarrápido em cápsulas foi realizado em parceria com o Governo do RS e a UFRGS
Estudo de viabilidade do sistema de transporte ultrarrápido em cápsulas foi realizado em parceria com o Governo do RS e a UFRGS
A HyperloopTT concluiu o primeiro estudo de viabilidade do seu modal de transporte ultrarrápido por cápsulas, que pretende conectar Porto Alegre à Serra Gaúcha em menos de 20 minutos. O projeto feito em parceria com o Governo do RS e a UFRGS prevê uma economia de R$ 2 bilhões no Sul do Brasil, além da abertura de 10 mil vagas de emprego anualmente na região.
De acordo com as informações da HyperloopTT, devido à economia gerada, o operador da rota deve conseguir retorno financeiro em um tempo recorde de 14 anos. O estudo, anunciado em fevereiro, considerou um período de cinco anos para a implementação do sistema, que terá trajeto de 135 km. Atualmente, a rota feita de carro demora cerca de duas horas — a expectativa é de que esse tempo caia para 19 minutos e 45 segundos na velocidade máxima de 835 km/h.
Os benefícios prometem ser enormes não somente para quem mora na região, mas também para o turismo.
“Imagina trabalhar em Caxias do Sul, poder ir almoçar em Porto Alegre e conseguir voltar a tempo para o trabalho? Ou conhecer os principais pontos turísticos de Porto Alegre e Gramado no mesmo dia? Essas são só algumas das inúmeras possibilidades que o hyperloop pode levar para a região.”
Ricardo Penzin, diretor da HyperloopTT para a América Latina
O custo total para a implementação somado aos custos de operação e os impostos nos próximos 30 anos é de US$ 7,71 bilhões. Entretanto, o estudo revela que o investimento pode ser compensado nos primeiros cinco anos, em maior parte pela receita proveniente de passageiros (52%).
Outras fontes de receita são de empreendimentos (35%), aluguéis de lojas nas estações (2%), publicidade (2%) e transporte de carga (1%). O projeto não exige subsídios governamentais, e a empresa interessada em realizá-lo deve lucrar em 14 anos, com retorno completo.
“É uma das tecnologias de potencial impacto disruptivo no setor de transportes e que necessita capacitação de pessoas, uma cadeia de fornecedores especializados e constante evolução tecnológica. Não é apenas a implantação de uma linha de transporte moderna que pode levar a melhorias na logística e transporte, é muito além disso. A análise de viabilidade dos pesquisadores gaúchos mostra que potenciais econômicos podem ser desenvolvidos a partir desse sistema, levando em conta o avanço do conhecimento, a sustentabilidade e as demandas da sociedade gaúcha.”
Luís Lamb, secretário de Estado de Inovação, Ciência e Tecnologia
Somente no período de obras, o sistema deve proporcionar a criação de 50 mil empregos diretos no setor de construção. Além disso, são previstos 9.243 empregos diretos e indiretos e 2.077 oportunidades no setor de Energia Solar anualmente, por ao menos 30 anos. O estudo conclui que os ganhos serão 31% superiores aos custos do projeto.
O setor imobiliário da região também poderá obter benefícios, já que os terrenos no entorno de estações do sistema de transporte ultrarrápido devem valorizar R$ 27,4 bilhões após seis anos de funcionamento.
Devido à natureza do sistema, que transporta pessoas e carga em cápsulas movimentadas em um ambiente de alta pressão, sem atrito, é esperado que cerca de 2 mil acidentes de trânsito sejam evitados em 30 anos, 67 com mortes, 1.203 com feridos e 6.551 com danos apenas materiais.
Segundo a proposta da HyperloopTT, o modal teria alimentação por energia renovável — painéis fotovoltaicos seriam instalados em 80% do percurso entre Porto Alegre e a Serra Gaúcha, já considerando trechos cujos problemas técnicos e geográficos possam impedir a instalação dos equipamentos.
Com potencial de produção anual de energia de 339 GWh e consumo de 73 GWh, o sistema poderia produzir quase quatro vezes mais energia, sendo autossuficiente nesse quesito.
O estudo estima que aproximadamente 95 mil toneladas de CO2 deixarão de atingir a atmosfera. Além disso, de acordo com a empresa, a rota prevista reduz a necessidade de obras complexas para mitigar o impacto ambiental.
“O grande diferencial desse projeto é a dimensão ambiental e a pegada ecológica com a utilização de energia limpa e renovável. (…) Essa é uma iniciativa global que vai alterar de forma definitiva os padrões de mobilidade no mundo e a Universidade se sente completamente satisfeita em contribuir com esse passo histórico que está sendo buscado.”
PhD. Luiz Afonso Senna, coordenador do projeto pelo Laboratório de Sistemas de Transportes da UFRGS.