HyperloopTT tenta convencer Brasil a instalar trem de 1.000 km/h
Conceito do Hyperloop foi desenvolvido por Elon Musk e promete trens de velocidades altíssimas
Conceito do Hyperloop foi desenvolvido por Elon Musk e promete trens de velocidades altíssimas
A Hyperloop Transportation Technologies está na corrida para lançar sistemas comerciais de trens que viajam a velocidades altíssimas por levitação magnética, baseados em um conceito desenvolvido por Elon Musk. A empresa tem um projeto em andamento nos Emirados Árabes Unidos, e seus planos para o futuro envolvem o Brasil, incluindo uma possível linha que faria a rota São Paulo – Rio de Janeiro em 25 minutos.
“O Brasil deve figurar na segunda leva de investimentos, prevista para daqui a cinco anos”, estima Dirk Ahlborn, fundador e CEO da HyperloopTT, à Exame. Ele vem conversando com a iniciativa privada, especialmente empresas de infraestrutura e concessionárias de rodovias, para viabilizar um projeto no país.
No entanto, as conversas com o poder público não vão para a frente. Em 2018, a HyperloopTT anunciou que teria um centro de pesquisa em Contagem (MG) por meio de uma parceria público-privada. No ano seguinte, o projeto foi cancelado porque o governo mineiro não liberou uma verba de R$ 13 milhões, equivalente a metade do custo total.
Na época, circulavam rumores de que o centro de P&D seria instalado em São Paulo, mas o CEO da HyperloopTT menciona dificuldades em negociar com o governo paulista. A empresa também tenta convencer Curitiba, dizendo que a capital paranaense “tem vocação para este tipo de inovação”.
O Hyperloop é composto por tubos despressurizados pelos quais viajam vagões chamados “pods” através de levitação magnética, atingindo velocidades de até 1.200 km/h. Os pods, que comportam de 20 a 30 passageiros, são feitos com uma estrutura de fibra de carbono chamada de “vibranium”.
Ricardo Penzin, diretor da HyperloopTT na América Latina, afirma que uma viagem do Rio a São Paulo seria feita em até 25 minutos, já levando em conta as irregularidades do terreno. Enquanto isso, a rota São Paulo – Campinas levaria seis minutos; esse trajeto mais curto seria mais fácil de sair do papel.
Ainda assim, um Hyperloop no país é um sonho distante. Ahlborn disse ao Valor no ano passado que falta no Brasil o básico para a construção desse sistema de transporte, como um conjunto definido de regras e regulamentações.
Outra questão é que a HyperloopTT ainda não finalizou seus projetos em outros países. Ela está construindo um sistema de transporte nos Emirados Árabes Unidos que conectará Abu Dhabi, Al-Ain e Dubai, levando os passageiros a uma velocidade máxima de 1.000 km/h. A viagem de uma extremidade à outra promete durar apenas 15 minutos; a distância percorrida é de 150 km.
O projeto custará US$ 40 milhões por quilômetro, totalizando US$ 6 bilhões. As primeiras viagens de teste devem ser realizadas ainda este ano, a tempo da Expo 2020, enquanto a operação comercial só teria início em 2023.
A HyperloopTT anunciou em 2018 um acordo com a cidade chinesa de Tongren para construir um sistema de transporte, mas não divulgou novidades desde então. O governo da China levantou dúvidas, lembrando que o projeto não seria compatível com os trens de alta velocidade já instalados no país.
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