Rumor de iPhone 13 com “conexão via satélite” pode não ser o que você imagina
Ming-Chi Kuo, fonte confiável sobre Apple, diz que iPhone 13 terá suporte a conexão via satélites em órbita baixa; tecnologia é usada pela Starlink, de Elon Musk
Ming-Chi Kuo, fonte confiável sobre Apple, diz que iPhone 13 terá suporte a conexão via satélites em órbita baixa; tecnologia é usada pela Starlink, de Elon Musk
O analista Ming-Chi Kuo costuma ser bastante confiável em se tratando de rumores sobre a Apple, e ele afirma em uma nota a investidores que o iPhone 13 terá suporte a conexão via satélites em órbita terrestre baixa (LEO na sigla em inglês). Este seria o primeiro smartphone voltado ao público em geral a trazer esse recurso… mas há bons indícios de que isso não deve acontecer – tudo parece ser uma confusão envolvendo a Globalstar.
Segundo o Apple Insider, Kuo alega que o iPhone 13 terá hardware capaz de se conectar a satélites de órbita baixa, sendo capaz de realizar chamadas e enviar mensagens sem a necessidade de conexão 2G, 3G, 4G ou 5G. Isso seria possível graças a um modem Qualcomm X60 personalizado para dar suporte às bandas 53 e n53 utilizadas pela Globalstar, provedora de comunicações por satélite.
Para Kuo, o “cenário mais simples” seria a Globalstar fazer parcerias com operadoras locais para que o usuário consiga acessar o serviço de comunicação por satélite no iPhone 13.
O rumor fica mais interessante quando você lembra que uma das empresas que fornece conectividade via satélites em órbita baixa é a SpaceX, de Elon Musk, com sua internet Starlink. Ela tem 1.500 satélites no espaço e 100 mil clientes.
A Amazon, por sua vez, tem o Project Kuiper, cujos primeiros satélites de internet devem ser lançados este ano. A Hughesnet e a OneWeb se uniram para lançar um concorrente para a Starlink; e a Immarsat promete uma rede espacial que se combina ao 5G terrestre.
No entanto, para se comunicar através do espectro Ka/Ku com os satélites de órbita baixa, é necessário usar antenas de alta potência – é algo que vale tanto para a Starlink como para outras empresas. Por isso esse tipo de serviço é aplicado principalmente na banda larga fixa, não em um aparelho móvel como o iPhone.
A maioria dos celulares via satélite tem uma antena visível. A Apple deixaria isso ser embutido no iPhone? Ela teria uma capinha exclusivamente para ajudar a retransmitir o sinal? Também fica essa dúvida.
Além disso, o rumor sobre o iPhone 13 e a Globalstar pode não ter nada a ver com satélites.
Sascha Segan, analista de telecomunicações da PCMag, explica no Twitter que a Globalstar é uma empresa de satélites, mas também possui uma faixa de espectro terrestre na zona de 2,4 GHz – são as bandas 53 e n53 que mencionamos antes.
Esse espectro da Globalstar pode ser usado somente em comunicações terrestres, não com satélites: por exemplo, em novembro de 2020, a empresa conseguiu autorização para agregar as frequências b53 e n53 ao 4G e 5G do Brasil, Canadá e Quênia; cabe às operadoras adotarem isso ou não.
A Globalstar vem tentando emplacar as bandas b53/n53 há cerca de uma década. Inicialmente, a ideia não era usá-las em conexões celulares, e sim no Wi-Fi. A tecnologia, chamada TLPS (serviço terrestre de baixa potência, na sigla em inglês), fica na faixa dos 2,4 GHz. Para convencer a indústria a adotar esse padrão, a empresa chegou a criticar o Wi-Fi de 5 GHz, que acabou vencendo a disputa.
Em 2017, a Globalstar conseguiu autorização da FCC – equivalente à Anatel nos EUA – a usar a banda 53 nas redes celulares. Ela ganhou uma versão para o 5G, chamada n53, que faz parte do padrão oficial. Agora o trabalho da empresa é convencer as operadoras a utilizarem essas frequências; para isso, as fabricantes de celular também precisam adotar modems compatíveis.
O modem Qualcomm X60 padrão não possui suporte a b53 nem n53, mas Kuo afirma que o iPhone 13 terá uma versão personalizada que se conecta a essas frequências. O Qualcomm X65, previsto para 2022, deve ter suporte nativo às duas bandas. No entanto, nada disso tem a ver com conectividade via satélite, como o rumor dá a entender.