Claro é processada pelo governo por uso enganoso de “5G” em propagandas
Operadora pode ser multada em até R$ 11 milhões por divulgar 5G DSS como se fosse 5G; Senacon também investiga TIM, Vivo e Oi
Operadora pode ser multada em até R$ 11 milhões por divulgar 5G DSS como se fosse 5G; Senacon também investiga TIM, Vivo e Oi
O leilão do 5G ainda não aconteceu, mas as operadoras se adiantaram e lançaram uma “degustação” da tecnologia com compartilhamento das frequências de gerações anteriores (5G DSS). A medida não agradou órgão do Governo Federal, e um processo administrativo foi instaurado contra a Claro com alegação de propaganda enganosa.
O processo contra a Claro foi aberto pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão ligado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Trata-se da mesma entidade que apura se há uso indevido do termo 5G por parte das operadoras de telefonia no Brasil e que solicitou esclarecimentos para a TIM.
A operadora deverá apresentar uma defesa em um prazo de dez dias, e, caso condenada, poderá ser multada em até R$ 11 milhões. Em nota ao Telesíntese, a Claro informa que segue as nomenclaturas definidas em nível internacional pelo 3GPP, órgão encarregado de padronizar as redes móveis, e que o serviço foi lançado no Brasil em 2020 após aprovação da Anatel.
A tecnologia atual da Claro é o 5G DSS, que utiliza o compartilhamento dinâmico do espectro com outras tecnologias. Isso permite que a operadora atue com a nova tecnologia antes do leilão, aproveitando as licenças anteriores. O problema é que o desempenho desse formato é significativamente inferior ao 5G “puro”, que tem frequências exclusivas e que só será realidade após a licitação da Anatel.
A Senacon defende que o consumidor não tem ônus de pesquisar, comparar e diferenciar as funcionalidades técnicas de cada uma das tecnologias de rede já implementadas ou que serão futuramente implementadas. O órgão defende que é direito básico do cliente obtenr informações adequadas, claras e inequívocas sobre os produtos e serviços.
Vivo e TIM também adotaram o 5G DSS, mas divulgam a tecnologia de forma mais discreta. Já a Claro faz diversas campanhas publicitárias na TV exaltando o novo padrão, mas coloca nas letras miúdas que se trata da quinta geração com compartilhamento de espectro, com capacidade inferior ao 5G dedicado.
As campanhas com 5G têm incomodado membros do Governo Federal. Em maio de 2021, Fábio Faria, ministro das Comunicações, enviou um oficio para a Anatel e as operadoras de telefonia pedindo que removessem o ícone de 5G dos smartphones conectados com 5G DSS.
O chefe da pasta de telecomunicações afirma que o usuário atual de telefonia celular “não tem acesso a essa qualidade proporcionada pela tecnologia 5G prevista no edital, mas tem sido surpreendido, na tela de seu telefone ou celular ou tablet, com a indicação de que está conectado a uma rede do tipo 5G”.
Faria solicitou que as teles reservassem a expressão 5G para se referir exclusivamente aos serviços prestados no padrão nº 16 do 3GPP, para evitar que a população brasileira seja induzida a concluir que a quinta geração já foi plenamente implementada no Brasil.
Por outro lado, a GSMA, entidade global como que padroniza tecnologias móveis, defende o 5G DSS. O grupo alega que o o 5G DSS foi definido nas versões 15 e 16 do 3GPP, e pode ser considerado como um “primeiro passo” para a implementação da quinta geração com frequências exclusivas.
Vale lembrar que o 5G DSS não existe apenas no Brasil, e também foi adotado por diversas operadoras em países das Américas, Europa e Ásia.
Com informações: Valor
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