Operadoras denunciam roubo de 2,3 milhões de metros de cabos no Brasil
Furtos e roubos de cabos de telecomunicações crescem 14,5% em 2021; empresas do setor dizem que usuários são os principais afetados por este tipo de ação
Furtos e roubos de cabos de telecomunicações crescem 14,5% em 2021; empresas do setor dizem que usuários são os principais afetados por este tipo de ação
Operadoras de telecomunicações denunciaram, somente no primeiro semestre de 2021, o roubo de 2,3 milhões de metros de cabos no Brasil — com essa extensão de material, seria possível cobrir a distância entre as cidades do Rio de Janeiro e Buenos Aires. Trata-se de um número 14,5% maior do que o registrado no mesmo período de 2020, o que vem provocando a interrupção de serviços para muitos usuários no país.
Segundo os relatórios fornecidos pelas empresas e divulgados pela Conexis Brasil Digital, só no ano de 2020, mais de 6,6 milhões de clientes foram afetados por este tipo de crime, que acaba resultando na suspensão de serviços até a manutenção da rede ou reposição do material roubado.
O número já representava um aumento de 34% em relação a 2019 — na época, 5 milhões de usuários foram prejudicados por este tipo de ação.
Além de comprometer o uso destes serviços para tarefas do dia a dia, dentro da casa de clientes ou em escritórios, o roubo de cabos pode impactar até mesmo funções essenciais para a sociedade, atingindo estabelecimentos de operações da polícia, bombeiros e serviços de emergência médica. Para as teles, os prejuízos são milionários:
“A interrupção desses serviços acaba provocando uma dupla penalidade. Primeiro é a penalidade da ação criminosa em si, de recolocar os cabos roubados, e, por questões regulatórias, somos penalizados pelo órgão regulatório, que aplica multa por serviço não prestado independentemente do motivo”.
Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis
No mês de julho, a TIM anunciou que estava antecipando a mudança na sua rede de banda larga fixa no Rio de Janeiro devido a, principalmente, as quadrilhas especializadas no roubo de cabos de cobre.
A empresa trocou a rede FTTC, que usa cabos de cobre do armário da operadora até as casas, pela FTTH, que usa fibra óptica — material que não é visado por criminosos como o metal — até o poste próximo à casa do cliente.
A TIM não é a única que prevê corte de custos em operações com a migração para a Fibra: a Oi, que afirma ter gastos anuais de R$ 200 milhões com roubo de equipamentos e cabos, é outro exemplo de operadora que inclui em seu planejamento financeiro o corte de custos derivado de mudanças em suas tecnologias de rede.
Diante deste cenário, a Federação Nacional de Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra) é a favor de penas mais rigorosas para roubos de cabos no Brasil. Segundo a entidade, em 2020 este tipo de ação criminosa resultou em prejuízo de R$ 1 bilhão para o setor.
Há dois projetos de lei que contemplam o assunto aguardando aprovação: são os PL 5.845/2016 e PL 5.846/2016. O primeiro sugere a alteração do Código Penal para que a pena para subtração de fios ou cabos de energia elétrica ou telecomunicações seja de 3 a 8 anos. Já o PL 5.846/2016 quer criar sanção penal para atividades exercidas por meio de equipamentos obtidos por meio criminoso.
Atualmente, a luta dos atores envolvidos no mercado de telecomunicações é para a aprovação rápida dos textos e implementação dos projetos, criados em 2016.
Com informações: Teletime, Telesíntese.