Como funcionam os cabos submarinos [Mapas e Tubarões]

É preciso redes de cabos submarinos de fibra óptica para nos comunicarmos com velocidade usando a Internet

Melissa Cruz Cossetti
• Atualizado há 1 ano e 9 meses

Cabos submarinos são conexões submersas nos oceanos — entre estações terrestres de rede — usadas para transmitir sinais de telecomunicações. E sim, a internet não é possível sem eles. Não como a conhecemos. São milhares de quilômetros de cabos e repetidores atravessando mares e conectando o planeta. A esses marujos, o mar reservou toda sorte de infortúnios: dos dentes de tubarões aos barcos e suas âncoras.

Os primeiros cabos submarinos surgiram na década de 1850 (entre América do Norte e a Europa), poucos anos após a invenção do telégrafo, na década de 1830. Desde então, usamos redes de cabos para telegrafia, telefonia e, por consequência, para a internet. De lá para cá, a tecnologia foi refinada, mas a aparência de um deles ainda é similar.

Foto por Global Marine Photos/Flickr

Quantos cabos submarinos existem no mundo?

De acordo com o site TeleGeography.com, no início de 2018, eram aproximadamente 448 cabos submarinos em serviço em todo o mundo. Mas o total de cabos está em constante mudança conforme novos operadores entram e os cabos mais antigos são desativados por questões como aposentadoria, rompimento e outros acidentes.

O total em quilômetros de cabos em serviço já ultrapassa 1,2 milhão globalmente. Alguns são bastante curtos, como o cabo CeltixConnect de 131 quilômetros — entre a Irlanda e o Reino Unido. Outros são enormes, como o Asia America Gateway, de 20 mil.

Mapa interativo de cabos submarinos

O grupo mantém um mapa interativo atualizado com a rota dos cabos submarinos, mas avisa que o traçado é adaptado e não reflete o caminho real percorrido pela conexão.

Mapa de Cabos Submarinos de Internet

Isso é feito para facilitar a visualização de diferentes cabos e identificar suas estações de conexão terrestres. Na vida real, os cabos que cruzam uma mesma área de um oceano tomam caminhos semelhantes que poderiam se sobrepor no desenho. Essas rotas são escolhidas após pesquisas marítimas para evitar condições perigosas e danos.

Como os cabos submarinos são por dentro?

Os cabos submarinos modernos usam tecnologia de fibra óptica. Lasers de uma extremidade disparam dados a velocidades extremamente rápidas em fibras de vidro muito finas para receptores na outra extremidade do cabo. Essas fibras de vidro são envoltas em muitas camadas de plástico e metais para sobreviver ao fundo do mar.

Isso não quer dizer que cabos de fibra sejam espessos como tronco de árvores. Um cabo costuma ser tão largo quanto uma mangueira de jardim. Os filamentos dentro dele é que são extremamente finos — com aproximadamente o diâmetro de um fio de cabelo humano. Quando mais perto da costa, ganham camadas extras de proteção nas extremidades.

Partindo um cabo submarino ao meio

O canal “Whats Inside” do YouTube conseguiu um pedaço de cabo com uma turma do Google, do canal Nat and Friends, cortaram ao meio e mostraram como são por dentro.

Nat e uma amiga (Lo) toparam ajudar. Elas haviam visitado uma fábrica e um navio que estava sendo carregado com um novo cabo submarino que ligaria os Estados Unidos (Flórida) ao Brasil (duas cidades) no novo sistema de cabos submarinos (Monet).

Os vídeos são ótimos (!)

Os cabos precisam ir “até o fim”, mergulhados até o fundo. É por isso que você não vê o cabo saindo na areia da praia. Perto da costa, eles também estão bem enterrados.

Sistemas de cabos submarinos custam caro

Um projeto de um único cabo costuma custar centenas de milhões de dólares e são feitos por meio de parcerias entre gigantes. O sistema mostrado no vídeo envolveu empresas como a Antel, a Algar Telecom, a Angola Cables e também o Google.

O cuidado com um projeto milionário é enorme, a rota precisa evitar falhas geológicas, zonas de pescas e ancoragem, suportar profundidade em água salgada de alta pressão e estar pronto para mudanças geológicas.

Quem são os donos dos cabos submarinos?

Tradicionalmente, cabos submarinos são propriedade de operadoras de telecom que formam um consórcio de partes interessadas em usar o cabo. Mas, no final dos anos 90, empresas empreendedoras construíram muitos “cabos privados”.

Provedores de conteúdo como Google, Facebook, Microsoft e Amazon atualmente são os grandes investidores. Diante da perspectiva do crescimento da demanda em largura de banda, cabos submarinos proprietários fazem sentido para essas empresas.

Qual a capacidade de um cabo submarino?

As capacidades desses cabos submarinos variam muito. Normalmente, os cabos mais novos são capazes de transportar mais dados do que cabos de 15 ou 20 anos. Os recentes são capazes de transportar totais de 160 a 200 Tbps (terabits por segundo).

Esse número representa a capacidade total que seria possível se o proprietário do cabo instalasse todos os equipamentos possíveis. O mais comum é que os responsáveis pela conexão atualizem os seus cabos gradualmente, conforme a demanda do cliente exigir.

Veja algumas das últimas notícia sobre cabos submarinos:

Os vilões do fundo do mar

Até tubarões já tentaram “mastigar a internet”. Evidências de que os animais tentaram morder cabos no fundo do mar começaram a surgir em 1987. Há vídeos no YouTube que mostram cenas inexplicáveis de tubarões tentando lanchar a sua conexão. Mas há cabos com proteção contra “shark attacks” e esse é o motivo menos corriqueiro.

A mordida de peixes (categoria que inclui tubarões) foi responsável por um total de zero falhas em cabos entre 2007 e 2014 — a mordida não resultou em nada. A maioria dos danos vem da atividade humana, principalmente pesca e ancoragem, não de tubarões.

Acidentes com cabos são comuns. Em média, mais de 100 por ano. Barcos de pesca e navios arrastando âncoras enormes são responsáveis por dois terços dos problemas. Fatores ambientais como terremotos também contribuem. Menos comum ainda é algum componente submerso falhar. A sabotagem deliberada é muito rara.

Os cabos submarinos tem vida útil de 25 anos, mas geralmente são aposentados mais cedo porque estão economicamente obsoletos. Não podem fornecer tanta capacidade quanto os mais novos a um custo comparável e se tornam caros para serem mantidos.

Por que as empresas não usam satélites?

De acordo com o Tele Geography, os satélites são ótimos para determinadas aplicações e fazem um trabalho maravilhoso ao alcançar áreas que ainda não estão conectadas com fibras. Eles também são úteis para distribuir conteúdo de uma fonte para vários locais. No entanto, os cabos podem transportar mais dados a custo muito menor.

Estatísticas da U.S. Federal Communications Commission indicam que os satélites representam apenas 0,37% de toda a capacidade internacional norte americana.

Drones, balões, satélites e redes wireless

É verdade que Facebook e Google estão investindo em projetos como o Aquila e Athena ou Loon, principalmente como uma maneira de levar o acesso para partes em que mal há internet. Mas, de forma alguma, estão procurando usar satélites de qualquer tipo como forma de substituir o uso de cabos submarinos neste momento. Ainda não.

Facebook Aquila

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Melissa Cruz Cossetti

Melissa Cruz Cossetti

Ex-editora

Melissa Cruz Cossetti é jornalista formada pela UERJ, professora de marketing digital e especialista em SEO. Em 2016 recebeu o prêmio de Segurança da Informação da ESET, em 2017 foi vencedora do prêmio Comunique-se de Tecnologia. No Tecnoblog, foi editora do TB Responde entre 2018 e 2021, orientando a produção de conteúdo e coordenando a equipe de analistas, autores e colaboradores.