Operadoras denunciam roubo de 4 milhões de metros de cabos de internet
Roubo de cabos deixou mais de 6 milhões de pessoas sem internet em 2021; entidade pede ação coordenada de segurança pública para combate ao furto de fios
Roubo de cabos deixou mais de 6 milhões de pessoas sem internet em 2021; entidade pede ação coordenada de segurança pública para combate ao furto de fios
As operadoras de internet enfrentam dificuldades para oferecer serviços de qualidade, e um dos fatores é o crescente furto ou roubo de cabeamentos que conectam equipamentos de telecomunicações. A Conexis, entidade que representa operadoras como Claro, Oi, TIM e Vivo, apurou que 4,12 milhões de metros de cabos foram subtraídos ao longo de 2021.
A associação diz que as ações criminosas deixaram mais de 6 milhões de clientes desconectados, e que o furto de cabo também prejudica e desconecta serviços de emergência como polícia, bombeiros e emergências médicas.
Em dezembro de 2021, a Conexis apresentou uma carta aberta em conjunto com outras associações de provedores de internet pedindo ação coordenada de segurança pública pelo combater ao furto de cabos. A Anatel já reconhece o problema, e também lida com outras ações criminosas como sequestro de torres de telefonia móvel e cobrança de pedágio para equipes de manutenção.
A Conexis divulgou mais estatísticas: o estado de São Paulo foi o mais prejudicado pelo furto e roubo de cabos, com 1,081 milhão de metros apropriados indevidamente. O Paraná aparece na segunda posição, com 608,5 mil metros, seguido pelo Rio de Janeiro, com 504,1 mil metros.
Em comparação com o ano anterior, os roubos de cabo diminuíram 11% — em 2020, a entidade havia registrado 4,6 milhões de metros subtraídos, o que deixou 6,7 milhões de clientes desconectados. A entidade diz que a diminuição do roubo de cabos foi reflexo do diálogo intensificado com autoridades federais, estaduais e municipais pelo combate às ações de furto e vandalismo de fios e equipamentos.
No entanto, o panorama pode ser diferente, dependendo da região. O Rio Grande do Sul, por exemplo, teve aumento de 75% na quantidade de metros furtados ao longo de 2021.
Existem alguns tipos de ações criminosas que motivam o roubo de cabos de telecomunicações:
Venda
Criminosos furtam cabos para vender em ferro-velho, empresas de reciclagem e sucata. Muitos dos fios utilizam cobre, material com alto valor de mercado.
Interrupção do serviço
Operadoras vandalizam o cabeamento de empresas concorrentes, com objetivo de manchar a reputação de um provedor e conquistar os clientes que ficaram desconectados.
Apropriação para utilização
Provedores clandestinos aproveitam o material furtado para construir sua rede e vender internet para novos clientes com o material apropriado de forma indevida.
Alguns desses problemas acontecem principalmente em cidades do interior, comunidades e bairros periféricos. No Rio de Janeiro, grandes operadoras enfrentam dificuldades para vender serviços em algumas localidades dominadas por criminosos, que passam a ter monopólio de internet banda larga com qualidade precária.
O problema vai além do roubo de cabos: em 2021, a Oi identificou 105 áreas no estado do Rio de Janeiro em que os técnicos da operadora são barrados por milícia ou grupo de tráfico. Esse tipo de restrição impede a expansão do serviço Oi Fibra, bem como a manutenção dos clientes existentes conectados por cabos de cobre.