Senacon notifica WhatsApp e Facebook por regras de privacidade
Senacon quer que Facebook explique mudanças polêmicas nas políticas de privacidade do WhatsApp
Senacon quer que Facebook explique mudanças polêmicas nas políticas de privacidade do WhatsApp
A nova política de privacidade do WhatsApp fez a procura por mensageiros como Telegram e Signal disparar. Apesar disso, a grande maioria dos usuários continua com o WhatsApp. Por essa razão, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), entidade ligada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, irá notificar o WhatsApp e o Facebook para questionar as mudanças.
As novas regras de privacidade do WhatsApp começaram a ser exibidas para os usuários no começo do ano e trazem alguns pontos polêmicos. Um deles é a remoção da política que permitia ao usuário determinar que seus dados não sejam compartilhados com outros serviços do Facebook.
Basicamente, a Senacon quer descobrir quais dados são compartilhados com base nessas regras e quais medidas serão adotadas para impedir que as informações compartilhadas coloquem o usuário sob risco de sofrer algum golpe.
“O que nos preocupa é o nível de transparência e de informação ao consumidor dessa atualização, da necessidade de consentimento e do compartilhamento de informações do WhatsApp para o Facebook”, explica Pedro Aurélio Silva, secretário interino da Senacon, ao TeleSíntese.
Os questionamentos sobre segurança têm como base a ampla quantidade de usuários que o WhatsApp mantém e, sobretudo, os casos de golpes que frequentemente envolvem o serviço, a despeito da existência de recursos de proteção, como criptografia ponta a ponta.
Por mais que exista essa criptografia, toda semana nós temos notícia de alguém que foi clonado, que tem alguém ali falando no WhatsApp que não é o proprietário do celular, pedindo dinheiro. Então nós temos casos frequentes que comprovam que não tem tanta segurança assim.
Pedro Aurélio Silva
Outros aspectos também serão abordados. A Senacon quer que o Facebook explique, por exemplo, o porquê de a política de compartilhamento de dados não ter sido adotada para usuários da Europa — certamente, o GDPR tem relação com isso, mas Silva destaca que essa condição não existe nem para o Reino Unido, que não faz mais parte da União Europeia.
A notificação será enviada até o início da próxima semana. A Senacon também irá analisar qual o seu limite de atuação no caso. Como o assunto envolve proteção de dados e aspectos antitruste, o órgão entende que entidades como Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) também devem atuar no caso.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) pode ir mais longe que a Senacon. A organização estuda tomar medidas judiciais e administrativas para garantir que os usuários que não concordarem com a nova política de privacidade do WhatsApp possam continuar utilizando o serviço normalmente.
Para o Idec, é problemático que a mudança não dê ao usuário a opção de restringir o compartilhamento de dados no Brasil. A entidade relembra que, na União Europeia e no Reino Unido, essa imposição não entrou em vigor.
Com informações: TeleSíntese, Folha de S.Paulo.