Project Voldemort: Snapchat monta dossiê com acusações graves contra Facebook
Snap acusa Facebook de usar táticas desleais para acabar com o Snapchat
Snap acusa Facebook de usar táticas desleais para acabar com o Snapchat
Não é novidade para ninguém que o Snapchat perdeu bastante mercado após a ascensão do Instagram. O que ninguém esperava é que a Snap fosse montar um dossiê que, no entendimento da empresa, reúne todas as táticas desleais adotadas pelo Facebook para acabar com o serviço. Não por acaso, o documento recebeu o nome de um conhecido vilão: Project Voldemort.
A revelação sobre o dossiê vem do Wall Street Journal. De acordo com o veículo, o departamento jurídico da Snap (você sabe, a empresa responsável pelo Snapchat) passou os últimos anos documentando as várias abordagens que o Facebook teria executado com o intuito de quebrantar o Snapchat.
O assunto veio à tona agora porque a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês) vem promovendo uma investigação antimonopólio contra o Facebook (e outras gigantes da tecnologia) e, como parte desses esforços, tem conversado com rivais da companhia.
Vários executivos de empresas de tecnologia já foram ouvidos, mas é provável que nenhum deles tenha entregado um documento tão extenso quanto o Project Voldemort da Snap.
No dossiê, a companhia afirma que Mark Zuckerberg deu uma espécie de ultimato a líderes de várias startups, incluindo Evan Spiegel, CEO da Snap, e Dennis Crowley, cofundador da Foursquare: ou aceitem vender suas operações ou verão o Facebook copiar seus serviços e “dificultar o funcionamento” deles.
Ambos os executivos recusaram as “propostas”. No caso do Snapchat, fala-se que o Facebook tentou comprar a plataforma em 2013 por US$ 3 bilhões e feito outra oferta de aquisição em 2016.
Diante das recusas, a companhia teria colocado as supostas ameaças de Zuckerberg em execução: o Instagram passou a permitir publicação de conteúdo efêmero — as tão populares stories — em agosto de 2016 e, posteriormente, levou o recurso a outros serviços, como o próprio Facebook.
As consequências são aquelas que já conhecemos: o Snapchat começou a perder usuários e, simultaneamente, o tempo gasto por aqueles que se mantiveram na plataforma despencou. O Snapchat ainda tem uma base importante de contas ativas, mas nada se compara ao período entre 2011 e 2016, quando o serviço experimentou o seu auge.
Mas não parou por aí. No dossiê, a Snap também diz que o Facebook teria ameaçado revogar o selo de perfil verificado de grandes influenciadores que fizessem algum tipo de menção ao Snapchat. Além disso, o Instagram teria bloqueado termos de pesquisa relacionados ao serviço rival.
Ainda de acordo com o Wall Street Journal, a FTC também tenta descobrir se o Onavo Project beneficiou o Facebook de modo desleal. O serviço foi comprado pelo Facebook em 2013, promovido como uma ferramenta gratuita de VPN e descontinuado em fevereiro de 2019 por conta de um escândalo de privacidade.
A suspeita é a de que o Facebook teria analisado o tráfego de dados do Onavo para identificar quando e quais recursos do Snapchat os usuários da ferramenta estariam usando.
O Facebook se defendeu dizendo que “construir e iterar” recursos com base em serviços rivais ajudou a aumentar a concorrência e que a tecnologia do Onavo era similar às funcionalidades de outras ferramentas do tipo. Resta saber se os reguladores americanos irão engolir esses argumentos.
Com informações: Ars Technica, Engadget.
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