Facebook encerra VPN Onavo após polêmica de privacidade

Onavo Protect era um app do Facebook que oferecia VPN, mas coletava dados do usuário

Emerson Alecrim
• Atualizado há 1 ano

Se ainda há alguém usando o software de VPN Onavo Protect, em breve, não vai haver mais. Depois de toda a polêmica sobre quebra de privacidade envolvendo a ferramenta, o Facebook decidiu descontinuá-la de vez: o app foi retirado da Google Play Store e deixará de coletar dados dos usuários atuais.

A polêmica teve início há um ano, quando ficou claro que o Onavo Protect, serviço de VPN que o Facebook adquiriu em 2013 por US$ 200 milhões, coletava informações relacionadas aos hábitos do usuário, como tempo gasto usando outro aplicativos, sites visitados, tipos de dados trafegados e por aí vai.

Para atrair usuários, o Facebook usava um argumento tentador: tenha uma VPN (serviço que camufla o IP do dispositivo usando o endereço de um servidor, fazendo a conexão parecer ter origem em outro lugar) gratuita para manter as suas informações seguras.

Gratuita entre aspas. Os dados provenientes do Onavo Protect teriam indicado, por exemplo, que o WhatsApp trafegava duas vezes mais mensagens que o Facebook Messenger. Resultado? O Facebook comprou o WhatsApp no começo de 2014. Fala-se também que, graças ao Onavo, a companhia percebeu que o Snapchat já não estava crescendo muito e, por isso, decidiu aumentar os investimentos no Instagram Stories.

Em agosto de 2018, quando o Onavo Protect já acumulava 33 milhões de downloads, o Facebook decidiu removê-lo da App Store. Não com boa vontade: na ocasião, a Apple já aplicava diretrizes de privacidade que a permitem banir apps que “coletam informações sobre quais aplicativos estão instalados no dispositivo para fins de análise, publicidade ou marketing”, justamente o que o Onavo fazia.

Só agora, porém, é que o Onavo Protect foi removido da Google Play Store. Provavelmente, o app continuaria disponível por mais tempo se o Facebook não tivesse cometido outro deslize: a companhia usou parte do código no Onavo em uma ferramenta chamada Facebook Research que também coletava dados, tanto de usuários do Android quanto do iPhone, só que em troca de dinheiro.

A Apple não gostou nem um pouco disso e, sob acusação de violação de regras, revogou o certificado corporativo do Facebook, item necessário ao desenvolvimento de aplicativos privados no iOS.

Foi uma punição que durou apenas algumas horas, mas que serviu para alimentar mais uma polêmica envolvendo o Facebook. No que aparenta ser um movimento para evitar outros escândalos, a companhia decidiu botar um fim no Onavo: o app já não está mais disponível na Play Store.

Com relação aos usuários atuais, o aplicativo não coleta mais dados. A função de VPN vai ser mantida apenas por alguns dias para que os usuários tenham tempo de buscar uma ferramenta substituta.

A empresa também deixou de recrutar usuários para o Facebook Research. Isso não significa que dados sobre hábitos deixarão de ser coletados. O Facebook deverá fazê-lo por outros meios, até porque precisa disso para decisões de mercado. O que se espera é que, a partir de agora, a companhia seja mais transparente com essas ações, deixando claro aos usuários quais dados são coletados e no que eles serão usados.

É um “pagar para ver”: considerando o histórico que o Facebook carrega, é difícil acreditar que a empresa mudará mesmo de postura.

Com informações: TechCrunch.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.