Status online do WhatsApp é alvo de aplicativos para stalkers

Apps monitoram quando um usuário fica online no WhatsApp e são para praticar stalking, cruzando informações em uma base de dados

Ana Marques
• Atualizado há 11 meses

Usuários do WhatsApp podem ser vítimas de stalking devido a uma brecha no mecanismo que exibe o status no mensageiro – isto é, aquele recurso incômodo que avisa quando você está online. Existem aplicativos disponíveis na Play Store que são capazes de monitorar esse recurso, permitindo que terceiros consigam ter uma ideia exata sobre em quais momentos você utilizou o app utilizando apenas o seu número de telefone.

esconder digitando no whatsapp
WhatsApp Messenger (Imagem: Saiyed Irfan/Pixabay)

Segundo Matt Boddy, CTO da empresa responsável pelo app de privacidade e segurança Traced, vários desses aplicativos e sites que prometem rastrear o status de usuários do WhatsApp fornecem data e hora exatas de acesso.

Para conseguir realizar o monitoramento, basta que o indivíduo forneça o número da vítima – o software faz todo o resto: formula relatórios, realiza o cruzamento de dados e envia notificações para avisar quando a pessoa está online e quando ela se desconecta.

Rastreador de status online do WhatsApp (Imagem: Reprodução)
Rastreador de status online do WhatsApp (Imagem: Reprodução)

Até o momento, não há nenhuma configuração que você possa fazer no aplicativo para impedir esse tipo de monitoramento (e nem há como saber se alguém está usando essa brecha para monitorar você).

Nos testes do Tecnoblog, mesmo configurando o mensageiro para exibir o “visto por último” para “ninguém”, o status “online” ou “offline” continua sendo público.

Google proíbe apps para rastrear cônjuges e afins

A política da Play Store deixa algumas brechas sobre a presença deste tipo de app espião em sua plataforma. O Google afirma que:

“Formas aceitáveis ​​desses aplicativos podem ser usadas pelos pais para rastrear seus filhos. No entanto, esses aplicativos não podem ser usados ​​para rastrear uma pessoa (um cônjuge, por exemplo) sem seu conhecimento ou permissão, a menos que uma notificação persistente seja exibida enquanto os dados estão sendo transmitidos”.

A questão é a linha tênue entre um app que pode ser usado para controle parental e para stalking. O que, de fato, garante que o mesmo software não possa ser aproveitado nas duas situações? Em todo caso, o Google proíbe o marketing voltado ao uso criminoso (para perseguição de pessoas) – o que não parece ter tanto efeito, na prática.

Um dos aplicativos descobertos pelo CTO da Traced traz os seguintes dizeres na descrição em seu site oficial:

“Se você suspeita de um cônjuge, namorado ou namorada traidor, por exemplo, o rastreador de ‘visto por último no WhatsApp’ do [nome do app] pode ajudá-lo a confirmar se suas suspeitas são verdadeiras ou não.”

Ainda que a Play Store elimine esse tipo de app, há outras ferramentas semelhantes que são sites, e não precisam estar de acordo com as regras da loja do Google. Algumas contam com mecanismos ainda mais complexos, levando o stalking a outro patamar.

Uma delas permite cruzar os dados de status de dois usuários para saber se os indivíduos poderiam estar trocando mensagens no WhatsApp.

Site monitora status online no WhatsApp (Imagem: Reprodução)
Site monitora status online no WhatsApp (Imagem: Reprodução)

Stalking é crime no Brasil

Cabe lembrar que a prática de perseguir alguém (stalking), por qualquer meio, é crime no Brasil quando a ação ameaça a integridade física ou psicológica do indivíduo, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.

A lei foi sancionada no dia 31 de março de 2021, e a pena é de reclusão, de seis meses a dois anos, e multa, com possibilidade de agravamento quando praticada contra crianças, adolescentes ou idosos, e contra mulheres por razões da condição do sexo feminino. A extensão da punição também pode ocorrer caso haja a participação de duas ou mais pessoas e o emprego de armas.

Com informações: Traced

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Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.