Taxistas ameaçam Uber: “já furei dois pneus, arranquei o passageiro de dentro do carro”

"A Uber não paga porcaria de imposto nenhum e nós não vamos aceitar", diz taxista

Paulo Higa
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• Atualizado há 4 meses
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Motoristas do Uber têm sofrido ameaças nas cidades em que operam no Brasil. O serviço de transporte, que não é regulamentado e diminui a demanda de passageiros dos taxistas, está sob pressão para ser proibido nos municípios. No Rio de Janeiro, uma pessoa que se identifica como motorista do Uber publicou um vídeo no YouTube, divulgado pelo Brasil Post, denunciando as reclamações dos taxistas.

Um taxista reclama: “Profissional é o caralho. Profissional somos nós, taxistas, que já somos antigos na praça. O que tem nos táxis aqui é gente muito mal-educada. Abrir porta para os outros? Que abrir porta! Só se abre porta para quem está doente, ou para uma senhora. Vamos abrir porta pra garoto e pra garota? É um idiota. Táxi é para transportar, não é para enfeitar não”, em referência ao UberBlack, modalidade no qual os motoristas são instruídos a abrir a porta para o passageiro.

Ele continua: “A Uber não paga porcaria de imposto nenhum e nós não vamos aceitar. Por enquanto vamos ser pacientes e vamos ser educados. Mas, se isso começar a irritar, vamos começar a tacar fogo nessas porras desses carros, para largar de ser otário“.

Outro, mais revoltado, diz: “Já furei dois pneus, abri a porta, arranquei o passageiro de dentro do carro. Arranquei, esculachei o passageiro. Mostrei pra ele o que é um táxi, amarelo e de placa vermelha, não é um carro preto de placa cinza. Ele: ‘Pô, vou pagar no cartão’. Eu falei: ‘Procura um táxi com cartão, filho, tem um monte de táxi com cartão. Você é maluco’. […] A gente vai virar essa porra de cabeça pra baixo”.

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“O táxi é essa porra mesmo. […] Mas o bagulho é só amarelo, filho. […] Taxista é foda, é um comendo o outro, é um passando por cima do outro, pega por fora, faz fila tripla, agarra no braço, carrega, mas a gente não pode dividir essa porra com os preto, entende isso? Deixa os amarelos do jeito que tá que a gente se entende na porradaria”, diz.

O motorista do Uber, que publicou o vídeo, afirma querer apenas trabalhar. “No Brasil não é proibido a Uber, nós não fazemos nada ilegal. […] Para ser motorista da Uber, você passa por um processo muito rigoroso, você tem que mostrar antecedentes criminais estadual e federal, tem que ter atividade remunerada na carteira de motorista, passa por um treinamento e também tem que ter seguro alto de R$ 50 mil para passageiro, para qualquer tipo de acidente. […] Se tivermos nota baixa podemos ser desativados na mesma hora pelo serviço”.

O Rio de Janeiro não é a única cidade onde os taxistas estão revoltados. Em Belo Horizonte, os táxis protestaram contra o Uber e cercaram um motorista do serviço, que estava dentro de uma Mitsubishi ASX preta:

Mas os protestos contra o Uber também causaram problemas para quem não está ligado ao serviço. Como os carros do Uber não possuem nenhum tipo de identificação por fora, veículos que não fazem parte do serviço são abordados por taxistas contra o Uber. Em Brasília, um funcionário de uma agência de turismo foi agredido por taxistas. Ele aguardava o cantor e a banda de Sérgio Reis.

O Uber causa atritos em praticamente todas as cidades onde se instala, porque concorre com os taxistas, que prestam serviço regulamentado de transporte de passageiros e pagam impostos específicos. Em algumas cidades, como Nova York, Londres e San Francisco, o Uber já opera sem grandes revoltas. Em outras, como Paris, os protestos continuam: na capital francesa, houve bloqueios nas vias e pneus incendiados.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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