TV 3.0 é a evolução da TV digital no Brasil, e ela exigirá “novos equipamentos”
Novo padrão de TV digital exigirá do telespectador brasileiro TVs mais potentes, capazes de se conectar à internet e com navegação por aplicativo
O Ministério das Comunicações prepara uma nova etapa da TV digital no Brasil: o TV 3.0. A evolução do padrão vai funcionar como uma melhoria na qualidade técnica da transmissão de canais da televisão aberta, trazendo melhorias na definição e no processamento da imagem, além do áudio. Entretanto, de acordo com o Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), a tecnologia vai exigir a troca de aparelho.
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O coordenador do Fórum SBTVD, Luiz Fausto, disse ao TeleSíntese que o TV 3.0 vai exigir que usuários migrem para novos aparelhos de “transmissão e recepção”. O estudo para o novo padrão de TV digital teve início em 2021, quando o Ministério das Comunicações pediu que empresas desenvolvedoras de tecnologias no setor enviassem pareceres técnicos.
Após a conclusão dessa primeira etapa, o projeto do TV 3.0 entrou na chamada Fase 2. Nessa parte, o Fórum do SBTVD consolidou as recomendações e divulgou um relatório no dia 19 de janeiro com as especificações técnicas sugeridas para migrar para o novo padrão de TV digital, inaugurando a Fase 3.
De acordo com as sugestões feitas pelo Fórum, o novo sistema de TV deve vir com suporte às resoluções 4K e 8K, e também ao HDR10 — já presente nos televisores HDR.
Foi sugerido em testes que o TV 3.0 tenha suporte opcional ao HDR10+, SL-HDR2 e, por fim, ao Dolby Vision — considerado o modo mais avançado de processamento de cores e brilho das smart TVs — para a distribuição over-the-air e pela internet. Já para transmissão de conteúdo exclusivamente em rede, foi recomendado a continuidade do suporte ao HLG e ao SL-HDR1.
Quando se trata de evoluir para o áudio imersivo, o SBTVD recomenda a adoção do padrão MPEG-H, para a distribuição over-the-air e pela internet. Mas o Fórum ressalta que é possível manter os formatos de áudio já presentes na TV 2.5 para distribuição em rede, incluindo suporte opcional ao Dolby AC-4.
Também foram realizados testes da Camada Física e da Camada de Transporte, que provocam adesão da TV às plataformas de streaming via internet banda larga, além da transmissão padrão por broadcast.
Brasileiros precisam trocar de aparelho para TV 3.0
Os brasileiros vão precisar trocar de aparelho para terem a experiência da nova TV digital. Luiz Fausto assegurou que, para não deixar consumidores para trás, a mudança de padrão será gradativa. Ele completou em entrevista:
“O novo sistema vai se expandir aos poucos, primeiramente, pelas capitais, depois para outras localidades. O ciclo da TV é mais lento, porque os investimentos são altos quando comparados aos de algumas tecnologias. Uma das razões é que a cobertura é muito maior e a estrutura é mais robusta.”
Por enquanto, não há uma lista de obrigações técnicas do TV 3.0 definidas pelo Fórum SBTVD. Mas a navegação por aplicativos — como em uma smart TV — e o transporte de conteúdo baseado em IP são dois critérios para tecnologias candidatas.
Fausto confirmou ainda que a primeira transmissão do TV 3.0 está marcada para 2024. Apesar da mudança, o novo modelo vai manter as atuais frequências de transmissão. Isso significa que usuários poderão operar com uma programação diferente, mesmo sobre frequência e localização iguais. Vale acrescentar que o padrão afeta apenas os canais abertos, e não a TV paga.
Conforme o Ministério das Comunicações, o TV 3.0 trará mais segmentação geográfica para os telespectadores brasileiros. Um dos critérios adotados pelo SBTVD nesse sentido é de que emissoras devem reutilizar o mesmo canal de TV para transmitirem conteúdos distintos a áreas geográficas adjacentes.
A distribuição de sinal aberta terá uma cobertura mais regional, o que dará a oportunidade para que negócios locais tenham mais audiência, afirma Fausto.
Para o coordenador do Fórum SBTVD, isso significa a viabilização de novos modelos de negócio, uma vez que a segmentação geográfica pode levar a mais oportunidades de publicidade e outros modelos de comercialização.
“A TV aberta vai continuar tendo uma plataforma de distribuição competitiva em termos de qualidade e experiência do usuário”, comentou Fausto. Ele afirma que o TV 3.0 vai beneficiar o mercado de radiodifusão como um todo.