Twitter adota “poison pill” para dificultar compra de Musk; entenda a tática

A novela continua e Twitter anuncia plano defensivo para dificultar aquisição "hostil" de Elon Musk; CEO da Tesla ofereceu US$ 43 bilhões pela plataforma

Bruno Ignacio
• Atualizado há 1 ano e 2 meses

Se pudesse, Elon Musk compraria o mundo. A investida do CEO da Tesla e da SpaceX sobre o Twitter virou uma preocupação para a diretoria da plataforma. Após tentar comprar a companhia por US$ 43 bilhões, o conselho administrativo da empresa anunciou um novo plano para se proteger do bilionário. Tipicamente chamada “poison pill”, a estratégia visa bloquear aquisições “hostis” ao conceder privilégios a certos acionistas.

Logotipo do Twitter
Twitter (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Nesta sexta-feira (15), o conselho administrativo do Twitter emitiu um comunicado anunciando a implementação de um plano temporário de direitos dos acionistas. Como dito acima, trata-se de uma clássica tática no mercado financeiro chamada “poison pill”.

Ao que tudo indica, estamos vendo uma resposta às ações invasivas de Elon Musk dos últimos dias. Primeiro, ele se tornou o maior acionista individual da companhia. Depois, foi convidado para entrar para o conselho administrativo, mas acabou recusando para comprar mais ações.

Mais recentemente, Musk fez uma oferta para adquirir a plataforma por US$ 43 bilhões. No entanto, a diretoria do Twitter ainda não demonstrou nenhuma intenção de deixar o bilionário assumir o controle da plataforma.

O que é a “poison pill” usada pelo Twitter contra Musk?

No mercado financeiro, “poison pill” se refere a uma estratégia defensiva comumente utilizada quando há tentativas de aquisições forçadas através da aquisição de ações.

Em poucas palavras, uma empresa de capital aberto (como o Twitter) permite a determinados acionistas o direito de comprar mais ações com descontos, diminuindo assim a participação e desencorajando o interesse do agente hostil que tenta comprar a companhia.

Na prática, a estratégia não impede Musk, mas dificulta seu plano de dominação da rede social. Em comunicado, o Twitter afirmou:

“O Plano de Direitos reduzirá a probabilidade de que qualquer entidade, pessoa ou grupo obtenha o controle do Twitter por meio da acumulação de mercado aberto sem pagar a todos os acionistas um prêmio de controle apropriado ou sem fornecer ao Conselho tempo suficiente para fazer julgamentos informados e tomar medidas que sejam do melhor interesse dos acionistas.”

Contudo, o “Plano de Direitos” não impede que o conselho administrativo da plataforma “se envolva com partes ou aceite uma proposta de aquisição”, caso os membros acreditarem que é a opção mais benéfica para a companhia e seus acionistas. Por fim, a decisão não foi unânime e é temporária, durando um ano a partir de hoje, até 14 de abril de 2023.

Em nenhum momento o Twitter citou abertamente Elon Musk. Mesmo assim, as entrelinhas claramente apontam para o plano do CEO da Tesla:

“O Conselho adotou o Plano de Direitos após uma proposta não solicitada e não vinculativa para adquirir o Twitter”

Twitter em comunicado sobre implementação de “poison pill”

O CEO do Twitter, Parag Agrawal, havia dito anteriormente aos funcionários que a empresa ainda estava avaliando a oferta. Ontem, Musk afirmou que “seria totalmente indefensável não colocar essa oferta para votação entre os acionistas”. Além disso, o bilionário foi mais agressivo: caso sua proposta de aquisição seja recusada, ele “teria que reconsiderar sua posição como acionista”.

Com informações: The Verge, CNBC

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Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.