Twitter reativa conta de Luciano Hang, da Havan; post antivacina é apagado

Conta de Luciano Hang, dono da Havan, é reativada pelo Twitter após vídeo com fake news sobre vacinação infantil ser deletado do perfil

Pedro Knoth
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O Twitter reativou a conta de Luciano Hang, empresário e dono da redes de lojas Havan. Hang, um dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, teve sua conta recuperada pela rede social no sábado (15), três dias após sua suspensão da plataforma. O dono da Havan apagou de seu perfil na plataforma um post no qual pregava que a imunização infantil era perigosa, e que crianças possuem uma “imunidade natural” contra a COVID-19.

Luciano Hang comemora volta ao Twitter

“Estou de volta ao Twitter”, comemorou Luciano Hung ao ter sua conta reativada no sábado. O empresário bolsonarista foi suspenso da plataforma ao violar as regras previstas nos termos de uso (TOS) da rede social.

Antes, a conta havia sido retida pelo Twitter para cumprir uma decisão judicial de junho 2020, despachada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Naquele ano, o ministro determinou a suspensão de Luciano Hang do Instagram, Facebook e Twitter. O dono da Havan é investigado no inquérito das fake news.

Contudo, após ser suspenso nas três plataformas, o dono da Havan criou contas secundárias para contornar a decisão de Moraes e se manter ativo nas redes. O Twitter foi a única plataforma que baniu o empresário pela segunda vez.

Entretanto, a assessoria do Twitter contou ao Estadão que é possível que usuários banidos da plataforma peçam uma revisão dos processos que levaram à sua suspensão. “Está prevista nas regras a possibilidade de que, após o processo de recurso, se conquiste o direito de voltar a operar contas anteriormente suspensas na plataforma”, comentou a plataforma de posts com 280 caracteres.

Vídeo sobre vacinação infantil causou suspensão

Em nota, a assessoria de Luciano Hang confirmou que a publicação de um vídeo que criticava a vacinação infantil foi a causa da suspensão no Twitter.

No conteúdo, um médico alega que a vacina da Pfizer contém uma proteína tóxica e que pode levar crianças a “desenvolver câncer e problemas cardiológicos”. Segundo ele, crianças têm uma proteção natural de 90% contra a COVID-19.

O imunizante da Pfizer não possui proteínas que causam câncer em crianças. Na verdade, a vacina funciona a partir da tecnologia de mRNA (RNA mensageiro), uma fita com informações que entra no ribossomo das células e desencadeia a produção da proteína S, responsável por combater o vírus da COVID-19. A vacina, portanto, não altera o DNA, o que causaria o câncer.

A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) cita que, enquanto pode haver risco de miocardite ou pericardite (inflamação do músculo ou estrutura do coração) provocado pelas vacinas de mRNA, esse tipo de ocorrência é rara entre pacientes vacinados. O quadro de inflamação cardíaca se faz mais presente em quem contraiu a COVID-19, de acordo com a (SBIM).

O vídeo com ataques à vacinação infantil foi deletado da conta de Luciano Hang, após ela ter sido reativada no Twitter. Não há postagens recentes com os termos “COVID-19”, “vacina”, “vacinação” ou “vacinação infantil” — é provável que elas tenham sido apagadas para liberação do perfil. Luciano Hang escreveu em nota:

“Estamos vivendo momentos estranhos na sociedade, onde você não pode ter liberdade de pensamento e expressão. Um absurdo!”

Em um caso relacionado, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, foi obrigado pelo Twitter a apagar 11 postagens com informações falsas sobre a vacinação para crianças, além de impedido de publicar novos posts por 24 horas. O YouTube também tomou ação contra o líder religioso, e removeu um vídeo em que Malafaia chama a vacinação infantil de “infanticídio”.

Com informações: Época Negócios

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.

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