Você pode lamber esta TV para sentir o gosto do que está na tela

Willy Wonka, é você? TV com gosto lembra uma criação da Fábrica de Chocolate, mas pode te aproximar do menu de restaurantes do outro lado

Pedro Knoth

Uma TV para sentir o gosto das imagens que aparecem na tela. Essa é uma invenção que poderia ter perfeitamente saído de Charlie e a Fábrica de Chocolate, direto da cabeça do magnata Willy Wonka. Mas, na verdade, ela foi desenvolvida em um dos lugares que mais se aproximam da ficção de Roald Dahl, em termos de inovação: o Japão. O aparelho usa latas de spray com diversos sabores, para que o usuário lamba o filme “higiênico” da televisão e sinta o gosto.

TV com gosto coloca menu do restaurante na sua casa

O professor japonês Homei Miyashita, da Universidade de Meiji, é o criador da TV com gosto. Ele apelidou a própria invenção de Taste-the-TV (Prove a TV, em tradução livre). O produto, segundo o pesquisador, pode ajudar a treinar sommeliers ou cozinheiros remotamente.

É impossível olhar para a Taste-the-TV e não lembrar de uma das várias invenções de Willy Wonka: o papel de parede com gosto de frutas. Nos livros e no filme de 1971, magnata da Fábrica de Chocolate apresenta a criação às crianças que ganharam o Ticket Dourado, e elas lambem e sentem o gosto dos alimentos impressos no pôster, como uva, maçã e morango.

A TV de Miyashita funciona de forma parecida — mesmo que seja real e não parte de uma ficção. Quando um vídeo de um hambúrguer aparece na tela, por exemplo, dez latas de spray “imprimem” o sabor da imagem no filme higiênico do aparelho. A pessoa então lambe e sente o gosto do alimento.

Uma estudante encarregada de mostrar o produto aos jornalistas ligou a Taste-the-TV, que então passou a imagem de um chocolate. Ela, então, lambeu a tela. “É um gosto de chocolate ao leite” disse.

O criador estima que a Taste-the-TV custaria US$ 875, caso fosse lançada no mercado. Miyashita disse à Reuters:

“O objetivo é fazer com que seja possível ter a experiência de comer em um restaurante que está do outro lado do mundo, mesmo sem sair de casa.”

Isso abre um mundo de infinitas possibilidades. Imagine provar pratos típicos de cada país sem sair de casa. Viajar para comer a melhor comida do Japão? Não precisaria, porque a Taste-the-TV imprime o sabor daquele lámen, udon ou miso, direto de Tokyo. Ou o inverso: gringos não precisam nem pisar no Brasil para comer picanha, maminha, ou uma feijoada.

Mas como o homem de negócios que é — mesmo meio Willy Wonka — Miyashita já conversa com empresas para comercializar a tecnologia do spray de sabores. Uma das ideias é adicionar esse recurso a torradas. Imagina uma torradeira que transforma o sabor insosso de uma torrada em… chocolate?

O professor também imagina uma onda de “conteúdo de sabores”. Como se fossem criadas contas no Instagram ou canais no YouTube dedicados a experimentar pratos usando a TV com gosto.

Em tempos de COVID-19, a TV com gosto é suspeita

Como dá para ver, não parece ser muito higiênico ter uma TV com gosto em uma casa com várias pessoas (Imagem: Global News)

Mas vale lembrar — como se o mundo não lembrasse o suficiente — de que a pandemia de COVID-19 não acabou. Portanto, o timing da novidade é um tanto quanto estranho: uma TV que obriga as pessoas a lamberem uma tela para sentir gosto não é uma coisa muito higiênica. “Fui experimentar um macarrão feito na Itália e peguei coronavírus!”, dá para sentir que vai dar errado.

No Twitter, usuários tiraram sarro da infelicidade no lançamento. “No meio de uma pandemia?” digitou um perfil. “As chances de isso ser uma revolução em tempos de coronavírus são altas :)”, ironizou outro.

Mas o criador mantém-se otimista sobre sua TV com sabor, e afirmou que ela pode ajudar as pessoas a se conectarem ainda mais com o mundo. Miyashita também é autor de outras invenções que envolvem o paladar, como um garfo que ajuda a intensificar o gosto de uma comida.

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.