O que é DAO?
Entenda o que é uma organização autônoma descentralizada (DAO), para que serve, como funciona, e todos seus diferenciais

Entenda o que é uma organização autônoma descentralizada (DAO), para que serve, como funciona, e todos seus diferenciais
Você consegue imaginar uma maneira eficiente de organizar um grupo de pessoas de diferentes partes do mundo e que não se conhecem? E, além disso, ainda estabelecer regras e tomar decisões de forma autônoma, todas codificadas em uma rede blockchain? Uma DAO (organização autônoma descentralizada) faz tudo isso e muito mais. Parece difícil de entender, mas fique tranquilo, neste texto vou explicar direitinho o que é DAO.
Por uma definição simplificada, DAO é uma organização representada por regras codificadas, como um programa de computador transparente. Ela é controlada por seus membros e não influenciada por um governo central. Como as regras são incorporadas ao código, não há necessidade de gerentes, eliminando assim qualquer burocracia ou obstáculos hierárquicos.
DAOs são baseadas principalmente em contratos inteligentes, um mecanismo de blockchain que automatiza processos. Segundo a própria rede Ethereum, a mais importante do universo descentralizado, “o contrato define as regras da organização e é responsável pela tesouraria do grupo.”
“Uma vez que o contrato inteligente esteja ativo na Ethereum, ninguém pode alterar as regras, exceto por um votação entre os membros da DAO. Se alguém tentar fazer algo que não esteja coberto pelas regras e pela lógica do código, a ação será bloqueada. E como o financeiro também é definido pelo contrato inteligente, isso significa que ninguém pode gastar o dinheiro do grupo sem a aprovação da maioria.”
Blockchain Ethereum em postagem em seu site oficial
Por isso, DAOs não precisam de uma autoridade central. Em vez disso, o grupo toma decisões coletivamente e os pagamentos são autorizados automaticamente quando os votos são aprovados.
Isso tudo só é possível porque os contratos inteligentes são blindados e não permitem mais adulterações quando são lançados na Ethereum. Um usuário não pode simplesmente editar o código (as regras da DAO) sem que as pessoas percebam. Afinal, tudo é público e transparente no blockchain.
Até agora, trouxe alguns importantes aspectos técnicos das organizações autônomas descentralizadas, mas afinal, para que elas servem na prática? De maneira geral, o uso das DAOs está muito vinculada ao universo das finanças digitais e a outros projetos que envolvem a tecnologia blockchain.
Começar uma organização com alguém desconhecido e envolvendo financiamento e dinheiro requer muita confiança entre as pessoas envolvidas. Porém, isso acaba se tornando algo muito mais complicado quando você só interage com seus parceiros online.
Na realidade, os membros das organizações descentralizadas tendem a nunca se conhecer pessoalmente. Muitas vezes, nem sequer videochamadas fazem parte da rotina, segundo a Ethereum.
Bom, para lidar com esse problema, uma DAO permite que você trabalhe com alguém sem necessariamente precisar confiar nela. Toda a confiança é depositada na tecnologia e nos códigos que definem a organização. Na prática, isso abre uma infinidade de novas oportunidades para a colaboração e coordenação de projetos globais.
Para deixar as coisas um pouco mais claras, vamos comparar um pouco o funcionamento de uma DAO com o de uma organização mais tradicional.
Tudo fica ainda mais claro se exemplificarmos alguns tipos de DAOs existentes e seus objetivos. Esses grupos autônomos já são utilizados como instituições de caridade, por exemplo. Assim, o membro pode aceitar associações e doações de qualquer pessoa no mundo enquanto o grupo pode decidir coletivamente como deseja gastar as contribuições.
Existem também redes de profissionais autônomos. Nesse tipo de DAO, as pessoas podem criar redes de contratados que reúnem seus fundos para montar um espaço físico, como um escritório, ou ainda compartilhar assinaturas de software.
Há casos voltados a empreendimentos também. Com uma organização descentralizadas, os membros podem criar um fundo que reúne capital de investimento e assim votarem em projetos para apoiar. O dinheiro resultante do retorno do empreendimento pode ser reembolsado mais tarde e redistribuído entre os membros da DAO.
Um dos maiores exemplos de organizações autônomas descentralizadas é a MakerDAO, um grupo cujo projeto central é uma criptomoeda chamada Dai, que promete estabilidade de preços. Para participar dessa DAO, basta comprar o chamado “token de governança” Maker, amplamente disponível em exchanges globais. Assim, possuir o ativo lhe dá direito de voto nas decisões sobre o projeto da moeda digital.
Outro exemplo famoso é a MolochDAO, que foca em financiamento de projetos dentro da rede Ethereum. Para entrar, o grupo exige que interessados gerem propostas para a associação para que o grupo possa avaliar se você possui a experiência e o capital necessário para fazer julgamentos informados. Nesse caso, você não pode simplesmente comprar acesso à DAO.
Segundo a especialista em metaverso e tecnologia de realidade virtual Cathy Hackl, parte da internet está ansiosa para iniciar organizações sociais, buscando uma resposta para: “como podemos trocar valores em um ambiente confiável online?”
Em uma publicação na Forbes, Hackl afirma que o blockchain permite transações seguras e automatizadas para trocas de valor. Por isso, essas redes também apresentam a solução para os que querem se organizar de uma “maneira confiável e eficaz” de trabalhar com pessoas que compartilham os mesmos interesses ao redor do mundo.
As DAOs se tornaram mais populares com o boom das Finanças Descentralizadas (DeFi) durante 2020, o que levou a um aumento na demanda pela criação de organizações descentralizadas para os mais diversos projetos.