Review Asus Zenfone 5Z: desempenho de sobra
Asus Zenfone 5Z é um topo de linha bastante parecido com o Zenfone 5, mas traz processador Snapdragon 845 e versões com mais memória RAM
Asus Zenfone 5Z é um topo de linha bastante parecido com o Zenfone 5, mas traz processador Snapdragon 845 e versões com mais memória RAM
O mercado de smartphones no Brasil ficou um pouco mais acirrado em agosto, quando a Asus lançou a versão 2018 do Zenfone 5 por aqui. Mas esse modelo não veio sozinho: a companhia também trouxe para o país as versões Selfie da linha e, com grande destaque, o topo de linha Zenfone 5Z.
A semelhança dos nomes não é um acaso. Além de repetir o design, o Zenfone 5Z vem com tela, bateria e câmeras praticamente iguais às do Zenfone 5. O grande diferencial do modelo é o Snapdragon 845, atualmente, o chip mais poderoso da Qualcomm.
Qual é o desempenho do Zenfone 5Z com esse processador? Será que a bateria tem boa autonomia? As câmeras são melhores em relação ao Zenfone 5? E o software, avançou? Eu usei o smartphone por duas semanas para encontrar essas respostas. Confira nas próximas linhas as minhas impressões sobre ele.
O Zenfone 5Z transmite sensação de produto sofisticado já no primeiro contato. Isso é consequência de uma combinação que dificilmente dá errado: metal e vidro. O corpo e as laterais são de alumínio. Já a traseira vem com um vidro incrementado com um material que gera um efeito bastante interessante de linhas concêntricas saindo do leitor de impressões digitais.
É verdade que essa superfície fica manchada de dedos muito facilmente. Por outro lado, ela tem boa aderência à mão, o que significa que o dispositivo não escapa facilmente dos seus dedos. Bom, pelo menos comigo foi assim. De todo modo, a pegada fica mais segura se você usar a capinha transparente que acompanha o Zenfone 5Z.
Sim, a embalagem do aparelho traz uma capa. Além de ajudar na pegada, ela evita que o “calombo” que abriga as câmeras traseiras entre em contato direto com uma superfície, o que poderia resultar em arranhões sobre as lentes, imagino.
A capinha também é importante para reduzir as chances de danos mais sérios: o vidro na traseira é bonito, mas não é inquebrável. Desconfio que a menor das quedas pode acabar em desastre.
Os controles de volume e o botão de liga / desliga ficam na lateral direita, em boa altura: tenha você mãos grandes ou pequenas, vai conseguir alcançá-los sem esforço. Já a gaveta fica na lateral esquerda. Ela permite que você insira dois SIM cards no smartphone ou um SIM card mais um microSD. Não é possível usar os três chips ao mesmo tempo.
Por sua vez, a parte inferior abriga a porta USB-C, o alto-falante e um componente que está ficando cada vez mais raro: o tradicional conector para fones de ouvidos.
Só é uma pena o Zenfone 5Z não ter certificação para proteção contra água e poeira. É um atributo importante, ainda mais se levarmos em conta que a tendência atual é a de que smartphones high-end recebam esse tipo de cuidado.
Temos aqui um painel de 6,2 polegadas com resolução de 2246×1080 pixels e proporção 19:9. É uma tela bastante generosa no tamanho, mas esse detalhe não torna o celular excessivamente grande. O truque está no bom trabalho de aproveitamento do espaço frontal, que chega a 90% — essa porcentagem só não é maior porque a borda inferior é um tanto mais grossa do que as demais.
Um detalhe que não passa despercebido é o notch. Controverso ou não, ele existe no Zenfone 5Z para abrigar a câmera frontal, o alto-falante de chamadas, além de sensores para proximidade e luz. Não é uma característica que me incomoda. Mas, para quem não curte esse entalhe, é possível “desativá-lo” nas configurações do sistema. Ao fazer isso, as áreas ao lado do notch ficarão pretas. Apesar disso, o sistema operacional ainda irá exibir horas e ícones nesses espaços.
Mais importante é a qualidade da tela. Com relação a esse quesito, preciso dizer que fazia tempo que um painel LCD não me agradava tanto: as cores são vívidas, mas sem exceção na saturação, o preto é bastante profundo (para um painel LCD), há pouca perda de tonalidades na visualização sob ângulos variados e o brilho máximo é bastante forte, com o ajuste automático funcionando bem — não tive nenhuma dificuldade para enxergar o conteúdo do visor em lugares com bastante luz do Sol.
Uma característica que pode incomodar os mais detalhistas é a curvatura acentuada dos cantos da tela. Em Real Racing 3, por exemplo, ela chega a cortar parte do ícone de mudança de câmera do jogo, que fica no canto direito superior. Não é um detalhe que prejudica a experiência de uso, porém.
O Zenfone 5Z roda o Android 8.0 Oreo com uma interface (a ZenUI) que, finalmente, não tem os erros de tradução das gerações anteriores. Ou quase: como mostra a imagem abaixo, eu encontrei um “aplicatvos” quando abri o app de câmera pela primeira vez e um “Génio de Jogos” nas configurações. Mas são probleminhas que devem ser corrigidos nas atualizações de software (assim espero).
Os menus seguem um padrão visual que remete à interface atual da linha Samsung Galaxy. Coincidência ou não, o fato é que os menus são organizados. Isso é o que mais importa.
Mas o detalhe que mais chama atenção é que o Zenfone 5Z traz uma quantidade considerável de aplicativos pré-instalados. Mas não tem trial de games ou antivírus duvidosos: a Asus pôs aqui alguns apps realmente úteis, como um gerenciador de arquivos prático e um gravador de voz.
Há mais funcionalidades interessantes, como gravador de chamadas, o modo Twin Apps (permite que você use duas contas do WhatsApp ou outro mensageiro no aparelho), uma ferramenta de captura de tela acessível no menu de notificações e até um modo de gestos que substitui a barra de navegação do Android.
Em outro extremo, me incomoda um pouco a estratégia aparentemente exagerada da Asus (e outras fabricantes) de promover alguns recursos da ZenUI ou de aplicativos como sendo dotados de inteligência artificial, como o AI Ringtone (ajusta o volume das chamadas conforme o ruído do ambiente) e o AI Boost (otimiza o desempenho para jogos e apps exigentes).
São funcionalidades com algum nível de sofisticação, mas tenho minhas dúvidas se a inteligência artificial é realmente aplicada aqui. Ou, olhando de outro ângulo: essas funções realmente dependem de inteligência artificial para funcionar?
Seja lá como for, a interface da Asus evoluiu bastante e já não causa aquela sensação de trabalho feito às pressas. Definitivamente, o software não é um ponto fraco do Zenfone 5Z.
Assim como o Zenfone 5, o Zenfone 5Z vem com duas câmeras na traseira, uma com 12 megapixels e abertura f/1,8, outra de 8 megapixels e lente grande angular de 120 graus com abertura f/2,0. A Asus diz que o aparelho conta com um sistema de inteligência artificial que analisa rapidamente o objeto e aciona o modo de cena mais adequado entre os 16 disponíveis para gerar a foto.
Frequentemente, essas análises automáticas resultam em fotos com exceção de saturação, mas não foi o caso aqui. Em ambientes abertos e claros, a câmera de 12 megapixels do Zenfone 5Z consegue registrar imagens com cores vívidas, mas sem exageros, pouco ruído e definição decente.
Tampouco há exagero na saturação quando o HDR é usado. Na verdade, esse modo é notavelmente equilibrado, conseguindo manter um alcance dinâmico (basicamente, a capacidade de deixar visível detalhes tanto em áreas claras quanto escuras na mesma imagem) que o torna bastante útil para fotos em dias nublados, por exemplo.
Eu acredito que a ideia de colocar uma lente grande angular na câmera secundária é uma boa sacada porque permite que você crie fotos diferentes ou faça uma área maior caber na imagem. Para ter noção, observe o comparativo abaixo. Eu fiz as duas fotos a partir do mesmo ponto:
E aí vem o balde de água fria: a câmera secundária é útil, mas ela não tem a mesma qualidade da principal. Não é difícil encontrar pontos com perda de definição, mesmo em fotos feitas em boas condições de iluminação. Como se não bastasse, os ruídos aparecem com mais intensidade e, em algumas imagens, dá para nota problemas de aberração cromática, não importa se com ou sem HDR:
Em condições de pouca luz, os ruídos e a perda de definição são mais presentes na câmera principal. Porém, não parece ser um problema tão pronunciado quanto no Zenfone 5, que tem o mesmo conjunto de câmeras. De qualquer forma, é possível ajustar a claridade da imagem dando um toque na tela antes do disparo para amenizar as imperfeições:
Mas, de novo, os problemas são mais intensos na câmera grande angular:
Na frente, o Zenfone 5Z disponibiliza uma câmera de 8 megapixels com abertura f/2,0 que faz selfies com níveis convincentes de nitidez e coloração. Tem modo retrato para quem curte selfies com fundo desfocado, mas ele pode falhar, desfocando pontos que deveriam ficar em evidência, por exemplo.
A câmera frontal também é usada para desbloqueio via reconhecimento facial. Funciona bem, inclusive com pouca luz, e é quase tão rápida quanto o leitor de impressões digitais nessa tarefa.
O primeiro celular com chip Snapdragon 845 (e a GPU Adreno 630) que eu testei foi o Xperia XZ2 Compact, que me deixou com ótimas impressões sobre o desempenho. Aqui não foi diferente: o Zenfone 5Z tem o mesmo processador e se saiu muito bem nos testes.
As especificações incluem 6 GB de RAM e 128 GB de armazenamento interno. Neste ponto, eu preciso enfatizar que a Asus também comercializa o Zenfone 5Z no Brasil nas versões com 4 GB de RAM e 64 GB de armazenamento, e 8 GB de RAM mais 128 GB de armazenamento.
Todos os aplicativos abriram rapidamente e foram executados com fluidez. Não notei travamentos, instabilidade no multitarefa ou qualquer outro tipo de problema relacionado à performance.
Em jogos exigentes, como Real Racing 3 e Unkilled, não houve queda perceptível na taxa de frames por segundo ou congelamentos, mesmo com gráficos no nível mais alto. O máximo que pode acontecer é de o aparelho ficar um pouco quente quando exigido demais, mas não é nada fora da normalidade.
No começo, eu tinha uma leve desconfiança com relação à bateria. Eu esperava mais do que os 3.300 mAh que ela possui. Mas a autonomia não me decepcionou. No dia de testes, rodei três horas de vídeo com brilho máximo na tela, joguei Unkilled e Real Racing 3 por 50 minutos, usei apps de redes sociais e Chrome durante uma hora e meia, ouvi música via Spotify por uma hora e fiz uma chamada de 10 minutos.
Esses testes foram feitos ao longo de um dia, com intervalos de horas entre eles. À noite, por volta das 22:00, a bateria estava com carga de 40% (os testes começaram com 100%). Não é um resultado ruim, não.
Na recarga, precisei de 1h15min para fazer a bateria ir de 13% para 100% com o carregador rápido que acompanha o smartphone.
Como você já sabe, o alto-falante externo fica na parte inferior do Zenfone 5Z. Avaliei o componente enquanto ouvia música para o teste de bateria. O volume é bem alto e o som é claro, mas ele pode ficar distorcido no nível máximo. É melhor deixar o volume mais baixo ou recorrer a fones de ouvido mesmo.
O Brasil tem uma oferta reduzida de smartphones topo de linha, razão pela qual a comparação com modelos como Galaxy S9 e LG G7 ThinQ (para mencionar apenas aparelhos Android) acaba sendo inevitável. Fico satisfeito em perceber que o Zenfone 5Z consegue brigar com eles.
Não testei o modelo da LG, mas já pude avaliar o Galaxy S9 e acho que ele ganha do aparelho da Asus na qualidade das fotos e na tela. Mas isso não quer dizer que esses componentes são ruins no Zenfone 5Z: as câmeras do modelo têm lá suas limitações, mas geram fotos interessantes na maioria das situações; já a tela é um painel LCD surpreendentemente bom — provavelmente, ela só vai incomodar quem não gosta de notch.
Nos quesitos desempenho geral e autonomia de bateria, o aparelho da Asus faz bonito, não devendo nada aos concorrentes. Mas o pulo do gato está no custo-benefício: o Zenfone 5Z foi lançado no Brasil custando a partir de R$ 2.499.
O preço inicial estava mais alto na data de publicação deste review, mas continua interessante, até porque não é difícil encontrar descontos no pagamento à vista ou promoções do varejo:
São valores chamativos para um topo de linha no Brasil, especialmente se levarmos em conta o atual cenário de dólar alto.
Eu não sei se esses esforços farão a Asus ampliar a sua participação no mercado local de smartphones, mas é bom ver que a companhia está disposta a partir para a briga: na minha opinião, o Zenfone 5Z é, de longe, o melhor celular que a companhia já fez.