Asus Zenfone 5: familiar no nome, diferente no resto

Zenfone 5, que carrega o nome do smartphone de estreia da Asus no Brasil, tem conjunto equilibrado e software bem resolvido

Paulo Higa
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• Atualizado há 10 meses
Asus Zenfone 5

Quase quatro anos depois, a Asus voltou a lançar um smartphone chamado Zenfone 5. Só que as coisas estão bem diferentes. Em vez de um aparelho básico, temos um produto que quer competir em um segmento mais premium. No lugar da tela de 5 polegadas, que deu o nome ao celular de 2014, entrou um painel de 6,2 polegadas com o polêmico notch. Sem contar que o hardware é bem mais potente.

Será que a Asus fez um bom trabalho no novo Zenfone 5? O software mudou bastante, mas será que para melhor? Como é a qualidade das fotos na câmera traseira dupla? E esse processador, dá conta do recado? Eu utilizei o lançamento da Asus como meu smartphone principal nas últimas semanas e conto todas as minhas impressões nos próximos parágrafos.

Em vídeo

Design e tela

Asus Zenfone 5

O design do Zenfone 5 é bastante familiar, especialmente pelos chifres na tela, que se tornaram um padrão no mercado de smartphones nos últimos meses. Alguns elementos visuais da Asus, como as bordas chanfradas e as linhas concêntricas que refletem a luz na traseira, continuam presentes na nova geração.

No entanto, ele é bem diferente do Zenfone 4, que ainda nem completou um ano de lançamento no Brasil, mas tem um design que envelheceu muito rápido, como eu já havia comentado naquela época. O Zenfone 5 segue as tendências, com uma tela de proporção 18,7:9 e bordas reduzidas em volta do display, além de finalmente dispensar os botões físicos na parte frontal.

Zenfone 5 (à esquerda) e Zenfone 4 (à direita)
Zenfone 5 (à esquerda) e Zenfone 4 (à direita)

Com uma moldura menor, o leitor de impressões digitais foi parar na traseira. Aqui, a Asus cometeu o mesmo erro da Samsung no Galaxy S8 e no Galaxy Note 8: o sensor biométrico fica posicionado em um local muito alto, difícil de alcançar com o dedo indicador. Felizmente, o recurso de reconhecimento facial é rápido e funcionou mesmo quando a iluminação não era a melhor possível.

A câmera traseira tem um pequeno calombo, que acaba passando batido depois que você coloca a capa inclusa na embalagem do produto. O que não passa batido é a falta de proteção contra água. Alguns concorrentes no mesmo segmento, como o Galaxy A8, já trazem essa característica, que pode evitar um infarto quando alguém derrubar um copo de suco em cima do seu celular.

Na frente, o design é dominado pela tela IPS LCD de 6,2 polegadas com resolução de 2246×1080 pixels (na verdade um pouco menos, já que os cantos são arredondados e existe uma câmera e um alto-falante ocupando parte da área do painel). Infelizmente, há uma borda na parte inferior que passa uma sensação estranha de assimetria — nesse sentido, a Apple conseguiu apresentar um visual mais harmônico no iPhone X.

A tela é de boa qualidade, se destacando pelo brilho forte, que possibilita a visualização mesmo com bastante luz; e pela profundidade de preto, que disfarça bem o notch quando você ativa a opção de ocultar o recorte do display. As cores são muito vibrantes por padrão, mas não chegam a estourar os tons. De qualquer forma, a Asus continua permitindo ajustar a temperatura e a saturação ao gosto do freguês.

Software

Se a Apple é a inspiração da Asus no design do Zenfone 5, a Samsung é a referência no software. Vários detalhes são bem parecidos com a interface dos smartphones Galaxy, como o menu de configurações, o esquema de cores, os atalhos na central de notificações e a ferramenta de captura de tela, que permite tirar um print rolando a página.

ZenUI (à esquerda) e Samsung Experience (à direita)
ZenUI (à esquerda) e Samsung Experience (à direita)

É um software que evoluiu bastante nos últimos anos. A Asus removeu os aplicativos inúteis que vinham instalados de fábrica, refinou a interface, trazendo um visual que combina com o design do produto, e corrigiu a maioria daqueles erros terríveis de tradução; alguns continuam gritando nos olhos, como um “selos de íncone do aplicativo” e um “extenda”, mas não estão mais em todos os lugares.

Atualização: o erro de escrita em “íncone”, bem como alguns outros, foram corrigidos em uma versão de software liberada pela Asus em 16 de agosto, data de início das vendas do Zenfone 5 no Brasil.

A Asus enfiou o termo da moda “inteligência artificial” no maior número possível de funções: a câmera tem IA porque detecta alguns tipos de cenas; o carregamento da bateria tem IA porque ajusta a corrente com base no seu comportamento; a tela tem IA porque fica ligada enquanto você olha para ela. A verdade é que esses recursos existem há anos em outros produtos e só agora estão sendo “vendidos” como IA.

Asus Zenfone 5

Mas o Zenfone 5 tem várias funcionalidades que são uma bola dentro da Asus: o gerenciador de arquivos nativo continua sendo um dos melhores do mercado; o Twin Apps, que permite ter duas contas no WhatsApp, Telegram, Messenger e outros aplicativos de mensagens, já deveria ser padrão do Android; e eu continuo me perguntando por que as outras fabricantes ainda não incluíram um gravador de chamadas.

Câmera

Como já virou padrão na Asus, o Zenfone 5 tem duas câmeras na traseira: a principal é uma de 12 megapixels com lente de abertura f/1,8, enquanto a secundária é uma de 8 megapixels com lente grande angular de abertura f/2,2.

Asus Zenfone 5

A câmera traseira principal entrega ótimos resultados quando a iluminação é boa. As cores são vibrantes, mas não em excesso; o foco é rápido; o nível de detalhes é ótimo; e o HDR faz um excelente trabalho em manter um bom alcance dinâmico, sem estourar o céu, nem esconder áreas de sombra. O ruído aparece com vontade à noite e em ambientes internos, mas a definição é aceitável para um smartphone intermediário.

Já a grande angular é interessante para brincar com novos enquadramentos, mas não para tirar fotos com boa qualidade. O alcance dinâmico é bem mais limitado; as fotos saem com um efeito aquarela, sem detalhes, como se a lente estivesse suja; e as aberrações cromáticas são bastante visíveis em regiões de alto contraste.

A câmera frontal suporta o ZeniMoji, uma versão bem piorada dos Animojis da Apple, mas faz um trabalho bacana na hora de tirar selfies. Mesmo com bastante sol, as fotos não estouram com facilidade; a definição é excelente, sem o filtro de embelezamento que remove detalhes do rosto; e as cores agradam. Só o recurso de desfoque de fundo, que depende do software, não é muito bom e erra com frequência.

Hardware e bateria

A versão que eu testei nas últimas semanas tem processador octa-core Snapdragon 636 e 4 GB de RAM, em linha com o que encontramos nessa categoria, mas se destaca pelos 128 GB de armazenamento, que dispensam a necessidade de um cartão de memória para quase todo mundo.

O desempenho é ok, mas eu presenciei alguns engasgos ao alternar entre aplicativos que não são normais em um hardware desse porte. Parece ser um problema de otimização de software que será resolvido no futuro: nos primeiros dias, por exemplo, a câmera ficava travando para alternar entre as duas lentes, mas uma atualização corrigiu o defeito.

Na prática, o Zenfone 5 oferece o que você espera de um intermediário: um poder de processamento que dá conta das tarefas do dia a dia e que aguenta bem quase todos os jogos da Play Store (só não vai rodar tudo com os gráficos no máximo).

Um recurso chamado AI Boost promete aumentar o desempenho do processador e, de fato, melhorou as pontuações nos benchmarks sintéticos, mas não fez diferença na minha rotina. A não ser que você esteja executando uma tarefa muito pesada, é melhor deixar a função desativada e aproveitar a eficiência do Snapdragon 636.

Eficiência mesmo: a bateria de 3.300 mAh do Zenfone 5 aguentou bem nos meus testes, ficando sempre com carga entre 35% e 45% depois de um dia inteiro de uso, com 2h de streaming de música no 4G com fone de ouvido Bluetooth; e entre 1h30min e 2h de navegação na web e em redes sociais, também no 4G, sempre com brilho no automático.

Conclusão

Asus Zenfone 5

O Zenfone 5 mostra como a Asus evoluiu como fabricante de smartphones. Ele não é um produto perfeito, mas oferece uma experiência de uso muito boa. A tela possui ótima qualidade para quem não se importa com o notch na parte superior; a câmera é bem decente para a categoria de aparelhos intermediários; e o software, que era um terror nas gerações passadas, amadureceu bastante.

Os concorrentes diretos seriam o Galaxy A8+ e o Moto Z3 Play. O aparelho da Samsung tem um design que me agrada mais (inclusive com certificação IP68), um processador mais potente e uma tela melhor, mas a câmera fica um pouco atrás em alcance dinâmico. Já o intermediário da Motorola fica mais ou menos no mesmo nível do Zenfone 5, mas pode atrair quem gosta de um software mais limpo e dos Moto Snaps.

E, claro, o Zenfone 5 fica naquela faixa de preço ingrata em que você começa a pensar se não vale mais a pena comprar um topo de linha do ano passado, como um Galaxy S8, que despencou de preço no varejo. Nesse momento, eu escolheria essa opção em vez de qualquer intermediário recém-lançado; mas se você estiver lendo este review no futuro, saiba que a Asus conseguiu entregar um conjunto bem equilibrado.

Especificações técnicas

  • Bateria: 3.300 mAh;
  • Câmera: 12 + 8 megapixels (traseira) e 8 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, Bluetooth 5.0, USB-C, NFC, rádio FM;
  • Dimensões: 153×75,65×7,7 mm;
  • GPU: Adreno 509;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 2 TB;
  • Memória interna: 128 GB;
  • Memória RAM: 4 GB;
  • Peso: 165 gramas;
  • Plataforma: Android 8.0 Oreo;
  • Processador: octa-core Snapdragon 636 de 1,8 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade, giroscópio, bússola, impressões digitais;
  • Tela: IPS LCD de 6,2 polegadas com resolução de 2246×1080 pixels e proteção Gorilla Glass.

Asus Zenfone 5

Prós

  • Bateria com excelente autonomia
  • Design elegante, apesar do polêmico notch
  • Tela grande de alta qualidade

Contras

  • Câmera inconsistente com baixa iluminação
  • Posicionamento ruim do leitor de impressões digitais
Nota Final 8.4
Bateria
9
Câmera
8
Conectividade
9
Desempenho
8
Design
8
Software
8
Som
8
Tela
9

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.

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