Review GoPro Hero 7 Black: muita estabilização sem gimbal

Câmera de ação da GoPro tem boa qualidade de imagem, design muito versátil e estabilização incrível, mas peca nos mesmos pontos

Paulo Higa
• Atualizado há 5 meses
GoPro Hero 7 Black

Todo ano a GoPro renova sua linha de câmeras de ação, com o mesmo design compacto de sempre e várias novidades por dentro. Na sétima geração, a versão mais sofisticada é a Hero 7 Black, equipada com duas telas, um sensor de 12 megapixels que filma em 4K a 60 quadros por segundo e recursos para fazer lives, time-lapses e muito mais, por um preço não muito amigável de R$ 2.599.

A grande novidade é o que a GoPro chama de HyperSmooth: um sistema de estabilização digital para reduzir vibrações na imagem sem a necessidade de utilizar um gimbal. Gimbal que, aliás, a própria empresa ainda vende por 300 dólares no exterior. Será que vale a pena comprar uma câmera de ação da GoPro? Para que serve isso? A imagem é boa mesmo? Senta que eu conto tudo nos próximos minutos.

Em vídeo

GoPro Hero 7 Black

Quase toda a propaganda da Hero 7 Black é para destacar a estabilização de imagem, dizendo que “os vídeos tremidos estão mortos” e que a câmera faz “vídeos em 4K incrivelmente uniformes”. E, sim, a GoPro definitivamente cumpre o que promete. O HyperSmooth não chega a ser uma “estabilização tipo gimbal”, mas a qualidade é muito próxima de um, sem precisar carregar um trambolho.

O Tecnovlog do lançamento do Snapdragon 855 e 8cx no Havaí foi filmado totalmente com a Hero 7 Black na mão, sem nenhum acessório adicional. A qualidade da estabilização não deixou a desejar em comparação com um iPhone XS preso a um DJI Osmo Mobile 2, com a vantagem de ser bem mais portátil (dá para guardar a GoPro no bolso) e mais versátil (eu posso filmar até embaixo da água sem nenhuma preocupação).

GoPro Hero 7 Black

A interface é bastante intuitiva. Existem apenas dois botões físicos: um para iniciar ou parar a gravação; outro para ligar a câmera e alternar entre os modos. A tela monocromática ao lado da lente é útil para acompanhar o tempo de gravação, o espaço restante no cartão de memória e o nível de bateria. Na traseira, o display sensível ao toque permite mexer nas configurações, ver o enquadramento e assistir ao que você acabou de filmar ou fotografar.

GoPro Hero 7 Black

Quanto à qualidade de imagem, o alcance dinâmico é impressionante para uma câmera tão pequena: os detalhes nas sombras ficam visíveis e o céu não estoura com facilidade. O perfil de cor padrão da GoPro realça as cores e o contraste do quadro sem deixar o vídeo com um aspecto artificial. E o nível de detalhes é ótimo em boas condições de iluminação, principalmente ao filmar em 4K.

Os modos da câmera também agradam. Você pode optar pela filmagem tradicional, gravando em 4K a 60 fps, 2,7K a 120 fps ou Full HD a 240 fps, além de aproveitar a lente grande angular para tirar uma foto com enquadramento amplo de 12 megapixels. Mas o mais legal é o TimeWarp: ele é basicamente um modo de time-lapse só que com a estabilização HyperSmooth, o que deixa o vídeo final com um aspecto bem interessante.

GoPro Hero 7 Black

Embora não seja imprescindível, vale uma exploração no ótimo aplicativo da GoPro, que transfere automaticamente as imagens da câmera, permite fazer edições básicas no Quik e transmite imagens ao vivo para o Facebook, o YouTube e qualquer outro serviço compatível com o protocolo RTMP.

Um recurso chamado QuikStories analisa os metadados dos arquivos (como o GPS, o acelerômetro e o giroscópio) para criar automaticamente um vídeo com os melhores momentos, poupando o tempo dos mais indecisos. Ele nem sempre acerta, mas dá para fazer os ajustes finais antes de compartilhar o resultado nas redes sociais.

Antes de finalizar os pontos positivos, não dá para deixar de destacar o ecossistema da GoPro. Por ser a marca mais conhecida no ramo de câmeras de ação, existe uma infinidade de acessórios (originais ou de terceiros), como tripés, gimbals, bastões, adaptadores e suportes para fixar a Hero 7 Black no capacete, no peito, na mão, no cachorro ou em qualquer outro lugar que a sua imaginação mandar.

Bateria nunca foi um ponto forte da GoPro, mas parece ter piorado com o passar do tempo. Mesmo com a inclusão de novos recursos e mais possibilidades de filmagem, a pequena câmera de ação continua com uma bateria de 1.220 mAh, que mostra sinais de cansaço com pouco tempo de gravação.

Na resolução máxima, em 4K a 60 quadros por segundo, eu não consegui mais de 45 minutos de filmagem contínua, com a tela desligada e todas as conexões desativadas. Diminuindo a resolução para Full HD e mantendo a taxa de quadros, dá para chegar a 1h30min. Se você fizer múltiplas tomadas, quiser deixar a tela ligada para acompanhar o enquadramento ou sincronizar tudo com o celular, a autonomia cai ainda mais.

GoPro Hero 7 Black

Não é o fim do mundo, mas poderia ser bem melhor. A boa notícia é que, como a bateria da Hero 7 Black é removível, você pode comprar uma reserva e trocá-la rapidamente quando a carga acabar, em vez de ter que esperar duas ou três horas por uma carga completa.

Outro problema é o seguinte: gravar em 4K exige uma grande capacidade de processamento; processamento gera calor; e um dispositivo extremamente compacto tem menos espaço para dissipar esse calor. No verão paulistano, de 32 a 35º C, eu não consegui gravar mais de 10 minutos de forma contínua: a câmera desligava por superaquecimento, e era necessário esperar alguns minutos para retomar a filmagem, o que pode ser bem chato se você estiver de viagem para um lugar muito quente.

Além disso, a tela sensível ao toque de 2 polegadas, embora funcione bem na maioria das ocasiões e tenha uma ótima definição, é… pequena. Não tem como colocar um display maior com o design atual da câmera, mas a GoPro poderia melhorar a interface e a responsividade do painel: ele não entende os gestos de deslizar para o lado ou para baixo com certa frequência, e eu já apertei botões por engano várias vezes.

E, por fim, a qualidade de imagem é boa quando a iluminação é boa. Mas, depois do pôr do sol, fica claro que a lente poderia ter uma abertura maior do que f/2,8 para lidar com situações mais complicadas. O ruído nos vídeos aumenta consideravelmente e a Hero 7 Black não consegue mais capturar detalhes que até um smartphone intermediário veria com facilidade.

Vale a pena?

GoPro Hero 7 Black

Uma câmera de ação tem o grande potencial de ficar esquecida no fundo da gaveta porque, com exceção do pessoal mais aventureiro, o celular já dá conta do recado na maioria das situações. E, no Brasil, o preço sugerido de R$ 2.599 da Hero 7 Black complica ainda mais a decisão de compra porque esse é o valor de um smartphone topo de linha. Será que vale a pena gastar tanto dinheiro para um produto que “só” filma?

Se você ainda está procurando uma utilidade para uma GoPro, a resposta provavelmente é não. Mas a Hero 7 Black é um ótimo upgrade para quem já usa esse tipo de câmera: a estabilização é excelente, a qualidade de imagem é ótima em comparação com os concorrentes e a versatilidade de uma caixinha de 116 gramas à prova d’água não precisa de mais adjetivos. Para quem ainda tem uma Hero 4 ou uma mais antiga, a possibilidade de mergulhar a câmera na água sem nenhuma proteção extra é um belo chamariz.

É um sentimento parecido com o dos drones: você vai gastar bastante dinheiro em algo para usar só em situações bem específicas. Mas, se você conseguir bancar esse luxo, pode fazer imagens inesquecíveis por aí.

Leia | Estabilização óptica, digital ou no sensor: qual é melhor para cada situação?

Especificações técnicas

  • Bateria: 1.220 mAh (removível)
  • Conectividade: USB-C 3.0, HDMI (Micro-HDMI), Wi-Fi, GPS, Bluetooth
  • Dimensões: 62,3×44,9×33 mm
  • Estabilização: digital (HyperSmooth)
  • Lente: grande angular com campo de visão de 170 graus e abertura f/2,8
  • Memória externa: suporte para cartões microSD de até 256 GB
  • Peso: 116 gramas
  • Resistência à água: até 10 metros (sem case)
  • Resolução de foto: 12 megapixels
  • Resolução de vídeo: 4K 60 fps, 2,7K 120 fps, 1440p 120 fps, 1080p 240 fps, 960p 240 fps, 720p 240 fps (H.264/H.265)
  • Sensor de imagem: CMOS 1/2,3 polegada
  • Tela: LCD sensível ao toque de 2 polegadas com resolução de 320×480 pixels; display frontal monocromático com tempo de gravação, resolução de foto/vídeo, nível de bateria e espaço restante no cartão de memória

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.