Review Vibe C2: o smartphone mais barato da Lenovo

Por 699 reais, Lenovo entrega 16 GB de espaço, tela HD de 5 polegadas e bateria boa, mas o desempenho...

Paulo Higa
• Atualizado há 5 meses
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Faz tempo que o Brasil carece de smartphones bons e baratos. Desde que o dólar aumentou e os incentivos fiscais acabaram, as fabricantes têm se concentrado em aparelhos mais caros, acima dos mil reais. O lançamento mais recente da Lenovo tenta fugir à regra para atender a um público maior: o Vibe C2 é um celular básico, com preço sugerido de 699 reais.

Para chegar a esse preço, a Lenovo fez concessões. Uma tela de 5 polegadas com resolução HD, uma bateria com boa capacidade de 2.750 mAh e até um armazenamento decente de 16 GB foram mantidos, mas os chineses oferecem apenas 1 GB de RAM. Será que vale a pena? Eu conto neste breve review.

Review em vídeo

Design e tela

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Não tem como fazer milagre: em seu aparelho mais básico, a Lenovo deixou de lado o acabamento mais elegante do Vibe K5 e trouxe uma carcaça de plástico, com bordas cromadas e uma tampa traseira com textura simples, por sinal muito bem encaixada ao resto do corpo. É um smartphone confortável de segurar e, apesar de lembrar o escorregadio Moto G4, as dimensões menores contam a favor do Vibe C2 na aderência.

O calombo da câmera me chamou a atenção: o aro em volta da lente é um pouquinho afiado, pode arranhar a superfície de uma mesa e acumula alguma sujeira que estiver por perto. Eu não sei por quanto tempo ele ficará bonito e sem marcas de desgaste.

Ainda na traseira, há a saída do alto-falante, que emite som alto, mas com distorções em volumes mais altos e ausência de graves. A Lenovo ressalta a tecnologia Waves MaxxAudio, uma espécie de concorrente do Dolby Atmos, que promete melhorar a qualidade do áudio, mas ela só faz diferença nos fones de ouvido — e em fones bons, não os simplórios que acompanham o aparelho na caixa.

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Se o design não foge do padrão, a tela é surpreendentemente boa para um aparelho dessa faixa de preço. Ela não oferece um brilho de cegar os olhos ou contraste impressionante, mas traz cores equilibradas (com tons mais frios por padrão, mas isso é configurável ao seu gosto), boa definição e brilho suficiente para enxergar bem o conteúdo mesmo sob a luz do sol.

Software

Quem leu o review do Vibe K5 vai notar boas diferenças no Vibe C2. Ele traz Android 6.0 com algumas modificações na interface — ícones com cantos arredondados, pequenas alterações visuais nos aplicativos nativos, como Relógio, Mensagens e Calculadora, além de mudanças apenas estéticas nos menus de configuração. Em geral, quem conhece o Android dos Moto, Xperia e Nexus vai se sentir em casa.

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É um Android mais “puro” em relação ao que a Lenovo já apresentou nos dois primeiros aparelhos vendidos no Brasil, que traziam degradês de gosto duvidoso e modificações mais profundas. Outra diferença relevante é o que o Vibe C2 não traz mais o launcher da Lenovo, que é mais utilizado no mercado chinês e elimina o menu de aplicativos. A única opção disponível de fábrica é o Google Now Launcher. Sinceramente? Não fez nenhuma falta. Obrigado, Motorola Brasil.

Câmera

A câmera de 8 megapixels do Vibe C2 me deu uma boa impressão. As deficiências normalmente encontradas em smartphones mais baratos estão ali, mas em graus aceitáveis. As fotos são melhores que as de alguns concorrentes na mesma faixa de preço, como o Galaxy J3 (2016). Elas possuem cores vibrantes (às vezes até demais, mas não chega a ser um problema) e nível de definição muito bom.

Mesmo em ambientes internos, apenas com luz artificial, o Vibe C2 faz um bom trabalho em entregar fotos com pouco ruído e definição boa, com uma pequena ajuda do pós-processamento, que aplica um efeito de sharpening visível, mas não muito agressivo, para melhorar a nitidez. O foco fica mais lento devido a ausência de um mecanismo auxiliar, como um laser ou detecção de fase, mas não chega a ser incômodo.

Hardware e bateria

1 GB de RAM é suficiente? Faz tempo que eu não mexo diariamente com um Android que tenha essa capacidade de memória — o Moto E de 2ª geração foi um dos últimos, e na época ele oferecia um desempenho aceitável, apenas “ok” (e até decente para a categoria). Com o Vibe C2, eu tive uma impressão bem diferente. Talvez o software da Lenovo não esteja tão bem otimizado, talvez tudo realmente esteja muito mais pesado, mas eu fiquei bastante incomodado com os engasgos.

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O gargalo do Vibe C2 é claramente a RAM
O gargalo do Vibe C2 é claramente a RAM

O Vibe C2 constantemente trava ao alternar entre aplicativos. Quando o Chrome entra em ação, é quase certo que você vai lidar com engasgos ao carregar uma página ou abrir outro aplicativo. As animações das interfaces não são fluidas, e o smartphone sofre bastante quando há algo sendo processado em plano de fundo. Foram incontáveis as vezes que eu abri uma página no Chrome, alternei para outro aplicativo (como o Facebook) e, ao voltar para o navegador alguns segundos depois, a página teve que ser recarregada, o que é bem frustrante.

Dosando bastante o uso, e lembrando da categoria em que o Vibe C2 está inserido, eu acredito que o desempenho está no mínimo aceitável. Para quem faz uso básico, apenas utilizando aplicativos de mensagens e abrindo uma rede social ou outra, ele não deve decepcionar tanto. Para todo o resto, eu recomendaria um modelo um nível acima, como o Moto G4 Play, que custa 200 reais a mais.

A bateria de 2.750 mAh, como você poderia esperar, é suficiente para um dia inteiro de uso no Vibe C2. Comigo, ela chegou até o final de quase todos os dias com algo em torno de 35% e 45% de carga, com brilho no automático, 1h30min de navegação no 4G (entre redes sociais, emails e páginas da web) e 2h de streaming de músicas no Spotify, também pelo 4G. Você provavelmente não vai precisar de uma bateria externa ou se preocupar em ficar levando seu carregador.

Conclusão

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A conclusão do Vibe C2 é a mais morna possível: se você tem boa dose de paciência e não costuma rodar aplicativos pesados, então ele é uma opção a se considerar caso o dinheiro esteja realmente curto. Embora o desempenho não impressione, a Lenovo conseguiu entregar uma câmera bacana, uma tela muito boa e uma bateria que dura o dia todo por um preço acessível. Ponto para os chineses.

Agora, se existe a possibilidade, eu recomendaria subir um pouco o limite de gasto. Por 899 reais, o Moto G4 Play já entrega uma experiência bastante superior com relação ao desempenho. Ele traz basicamente o mesmo hardware do Moto G de 3ª geração com 2 GB de RAM, que ainda dá um bom caldo — e não te deixa preocupado em ter que gerenciar os aplicativos que estão rodando ou ficar esperando o aparelho pensar para abrir um navegador.

Até que ponto o sacrifício vale a pena? Cada um sabe quanto pode gastar com um celular. No entanto, pelo que vimos até agora, não é possível conseguir uma experiência de uso realmente boa com 699 reais no mercado brasileiro.

Especificações técnicas

  • Bateria: 2.750 mAh;
  • Câmera: 8 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
  • Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11n, GPS, Bluetooth 4.0, USB 2.0, rádio FM;
  • Dimensões: 143 x 71,4 x 8,6 mm;
  • GPU: Mali-T720MP2;
  • Memória externa: suporte a cartão microSD de até 32 GB;
  • Memória interna: 16 GB;
  • Memória RAM: 1 GB;
  • Peso: 135 gramas;
  • Plataforma: Android 6.0 (Marshmallow);
  • Processador: quad-core MediaTek MT6735P de 1,0 GHz;
  • Sensores: acelerômetro, proximidade;
  • Tela: IPS LCD de 5 polegadas com resolução de 1280×720 pixels.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.