Review Moto G7 Power: o smartphone bom de bateria
Moto G7 Power é um intermediário da Motorola que se destaca pela bateria generosa: são 5.000 mAh
Moto G7 Power é um intermediário da Motorola que se destaca pela bateria generosa: são 5.000 mAh
O Moto G7 Power está entre os quatro modelos da nova geração de smartphones intermediários da Motorola. O sobrenome aponta para o principal atrativo do aparelho: uma bateria de 5.000 mAh que promete looooonga duração. Será?
Uma leve desconfiança também recai sobre o desempenho. Isso porque, em vez dos 4 GB com os quais estamos habituados atualmente, o Moto G7 Power traz 3 GB de RAM. A ficha técnica inclui ainda tela HD de 6,2 polegadas, processador Snapdragon 632 e 32 GB de armazenamento.
Eu usei o smartphone por alguns dias e conto, nas próximas linhas, se a bateria é tudo isso mesmo e se o conjunto vale o preço sugerido pela Motorola: R$ 1.399.
A bateria mais generosa fez o Moto G7 Power ter 9,3 mm de espessura. Apesar disso, ele não chega a ser um trambolhão. Na verdade, essa característica até ajuda o aparelho a se encaixar com firmeza nas mãos. Se bem que o mérito da boa pegada é compartilhado com a traseira, feita de um material plástico brilhante que, embora atraia muitas marcas de dedo, não desliza facilmente.
Só é uma pena essa superfície não ser mais rígida. Ela é fina, talvez para aliviar um pouco o peso do dispositivo — são 193 gramas —, causando uma sensação de fragilidade.
Eu tinha uma esperançazinha de que o círculo que envolve a câmera fosse aposentado nos aparelhos 2019 da Motorola, mas ele está lá, em toda a linha G7. Pelo menos o calombo não é pronunciado no Moto G7 Power como o é no Moto G7 Plus. Além disso, ele some quando a capinha que acompanha o aparelho é colocada — estou gostando dessa “moda” de incluir capa na embalagem do produto.
Todas as laterais foram aproveitadas aqui: entrada para fones na parte superior, porta USB-C na inferior, botões de volume e liga / desliga à direita, gaveta de chips à esquerda — nada de bandeja híbrida, você pode colocar dois SIM cards mais um microSD de até 256 GB aqui.
Embora o design não tenha evoluído muito em relação à geração anterior, acho o Moto G7 Power um smartphone bonito. O problema é que, na frente, o espaço que sobra abaixo da tela quebra um pouco a harmonia. Para piorar, a Motorola insiste em colocar a sua marca ali. Desnecessário, não?
Com 6,2 polegadas de tamanho, a tela do Moto G7 Power é um painel IPS LCD de formato 19:9 que agrada por proporcionar vivacidade de cores (a saturação pode ser ajustada), contraste decente (para uma tela LCD), boa visualização sob ângulos diferentes e brilho forte com ajuste automático preciso, apesar de um tanto demorado.
Fiquei um pouco desapontado quando soube que a resolução é de 1520×720 pixels (HD+). Mas, no uso diário, esse detalhe não atrapalhou a experiência: não dá para perceber pixels facilmente ou deficiências na definição.
Enquanto o Moto G7 Plus e o Moto G7 “normal” trazem notch em formato de gota, no modelo Power, o entalhe segue com o formato de franja. Ele abriga os sensores, a câmera frontal e a única saída de som do aparelho que, portanto, é usada tanto para chamadas quanto para áudio externo.
Confesso que não gosto desse tipo de economia. É paranoia minha, mas temo que essa abordagem faça o alto-falante se desgastar mais rapidamente e, assim, prejudicar o áudio nas chamadas. De todo modo, o som é alto e claro (apesar de mono), e pode até distorcer quando o volume está no limite, mas pouco.
O Android 9 Pie marca presença no Moto G7 Power junto de uma interface pouco modificada e alguns recursos já clássicos, mas úteis. O Moto Tela, por exemplo, exibe relógio e prévias de notificações na tela de bloqueio, permitindo até que você interaja com algumas ali mesmo. O Tela Alerta também é interessante: o modo impede que a tela escureça enquanto você estiver olhando para ela.
Mas o meu preferido é o Moto Ações. Ali, você pode habilitar diversas funções de gestos, como a que liga a lanterna quando ao aparelho é agitado duas vezes seguidas e a barra virtual na parte inferior (Navegação em um toque), que substitui os botões do Android — arrastá-la para a esquerda é um gesto que faz as vezes do botão Voltar, só para dar um exemplo.
Na família Moto G7, o Power é o único que traz TV digital. Canais HD são compatíveis e o aplicativo é bem prático, permitindo que você crie uma lista de emissoras favoritas, por exemplo. Também dá para deixar o app ocupando apenas uma pequena janela (modo PiP) ou rodando em segundo plano (neste caso, só o áudio é executado).
A Motorola colocou no Moto G7 Power apenas uma câmera de 12 megapixels e abertura f/2,0 na traseira. As fotos podem até não impressionar, mas ruins elas não são, não em sua maioria. Os ruídos são baixos e a definição é decente em condições favoráveis de iluminação. As cores também agradam, embora a saturação possa passar um pouquinho do ponto, principalmente com o modo HDR ativado.
Nas cenas noturnas, a situação complica um pouco. Talvez você tenha que tentar duas ou três vezes para fazer uma foto com o mínimo de qualidade, pois os ruídos aparecem com força e é muito fácil o resultado sair tremido.
Existe um modo retrato para a câmera traseira, porém, como ela não conta com dois sensores, o desfoque de fundo é feito via software. Sabe o que isso significa, né? Detalhes como orelha e cabelo podem ficar desfocados com relativa facilidade, o que te obriga a experimentar ângulos ou distâncias diferentes até a foto sair sem erros.
Com 8 megapixels e abertura f/2,2, a câmera frontal registra selfies interessantes, com boa nitidez e cores vívidas. O modo retrato também funciona aqui, mas, de novo, com o ajuste sendo feito por software. Consequentemente, erros não são raros. Dá só uma olhada em como ficou a minha linda orelha esquerda:
Ah, a câmera frontal também pode ser usada para desbloqueio via reconhecimento facial. O procedimento funciona até em ambientes com luz reduzida, mas é meio demorado.
5.000 mAh. Diz a Motorola que, tendo essa capacidade, a bateria do Moto G7 Power pode durar até 55 horas com uma carga completa em “uso misto”. Olha, se ela não aguenta até 55 horas, ao menos chega perto: os testes que eu fiz indicam que dá para passar dois dias com o celular longe da tomada.
Ao longo de um dia, executei o seguinte para avaliar a autonomia: filme de duas horas na Netflix com brilho máximo na tela, 40 minutos de YouTube, cerca de 20 minutos de Asphalt 9: Legends, outros 20 minutos de Unkilled, uma hora de Chrome e redes sociais, uma hora de Spotify via alto-falante, quase meia hora de Waze e uma chamada de dez minutos.
Por volta das 22:00, a bateria ainda tinha quase 60% de carga (comecei com 100%). Isso significa que, a não ser que você passe horas jogando ou maratonando séries, O Moto G7 Power só vai precisar de uma nova carga no final do segundo dia.
Só que a recarga completa de uma bateria de 5.000 mAh demora um pouquinho. O smartphone vem com um carregador rápido que precisou de quase duas horas e meia para fazer a bateria ir de 3% para 100%. Com 20 minutos de tomada, o aparelho já consegue uns 15% de carga.
Mas, e quanto ao desempenho geral? Vamos lá: o Moto G7 Power possui processador octa-core Snapdragon 632 com GPU Adreno 506 e 3 GB de RAM, além de 32 GB para armazenamento de dados. É uma configuração intermediária, mas que não joga a toalha facilmente.
Notei uma leve demora no tempo de resposta, mas só de vez em quando. É verdade que, para os padrões atuais, o ideal seria o smartphone contar com 4 GB de RAM, mas o gigabyte a menos não prejudicou o multitarefa ou causou outro tipo de problema.
Cheguei a deixar TV digital e Spotify rodando em segundo plano várias vezes e alternei entre apps abertos com certa frequência, sem notar engasgos nessas ações. Temo, porém, que o gigabyte a menos comece a fazer falta depois de alguns meses de uso.
Jogos pesados? Testei Asphalt 9: Legends e Unkilled. Ambos rodaram numa boa, mas seguindo aquela regrinha de deixar as configurações gráficas em automático ou padrão. Na configuração máxima, a taxa de frames fica muito irregular.
Como smartphone intermediário, o Moto G7 Power não faz feio: a tela é uma painel IPS de boa qualidade, as câmeras são consistentes nas fotos (com ressalvas para o modo retrato), o software é bem trabalhado e, ainda que possa haver uma limitação ou outra, o hardware tem desempenho suficiente para dar conta das tarefas mais cotidianas.
No entanto, o aparelho não é um primor em nenhum desses quesitos. O que o torna atraente, de fato, é a proposta da bateria de alta capacidade: os 5.000 mAh podem mesmo permitir que o smartphone aguente dois dias sem recarga (desde que com uso moderado, relembrando).
Imagino que essa característica faz o Moto G7 Power particularmente interessante para motoristas de aplicativos (como Uber e Cabify) ou pessoas que passam o dia na rua, por exemplo.
Mas, independentemente das suas razões, convém esperar os preços do Moto G7 Power caírem no varejo, se possível: para variar, o valor sugerido de R$ 1.399 é exagerado. Por esse montante, era para o dispositivo vir com pelo menos mais um 1 GB de RAM e 64 GB de armazenamento interno.
Por uns R$ 1.000, eu já pensaria em fazer negócio.